CAUSO - A Onça do Palácio Rio Madeira - Por Paulo Andreoli
Foto: Divulgação
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O represamento do rio Madeira para enchimento do lago da Usina de Santo Antônio trouxe a tona dezenas de historias de animais silvestres que sofreram com a ação danosa ao meio ambiente.Veja vídeo
Um destes causos mistura realidade com ficção e dá conta do aparecimento de duas onças pintadas em Porto Velho. Ambas fugidas da mata que da "noite pro dia" se transformou em lago. E buscando refugio em terra alta, aportaram na capital de Rondônia.
Segundo narram testemunhas, os animais vieram das bandas da BR 319 e após subirem o barranco, tomaram direções opostas em desabalada carreira.
Um dos felinos, pulando cercas e muros, fugiu em direção a Zona Leste. Relatos do animal ter sido visto perto da UPA da avenida Mamoré.no bairro Tancredo Neves.
A outra fera teria seguido pela avenida Farquar. A última vez que foi vista, estava nas proximidades do CPA (Palácio Rio Madeira). Pois bem.
CAPTURAS
A primeira Onça ficou apenas dois dias ‘escondida’ na região leste de Porto Velho, até ser acuada por moradores indignados pelo desaparecimento de galinhas, gatos e cachorros magros.
O animal foi resgatado por policiais ambientais em operação conjunta com o Ibama. Os cabeludos do “Chico Bio’ também foram chamados lá no distante bairro Ulisses Guimarães para fiscalizar a captura. Um helicóptero do GOA fez acompanhamento aéreo na OPEC, pois a Onça apresentava sinais de fraqueza, provocada pela desidratação e fome. Estava paupérrima a situação do animal, que por azar se refugiou em bairro humilde.
Mais sorte teve a segunda Onça.
O animal capturado já estava gordo, com sobrepeso mórbido. Também parecia ter aprendido a Miar segundo relatório do agente "Ace Ventura".. Bem diferente da outra ‘´predadora’ capturada na periferia da capital.
REENCONTRO
A Onça palaciana foi 'apreendida' e levada para o cativeiro lá nos fundos do IBAMA, perto do Hospital de Base, onde sua amiga de fuga das "Zuzinas do Madeira" se encontrava em quarentena. E foi na jaula que o dialogo seguinte teria ocorrido.
OBS - Vocês que leram até aqui, sabem que Onças falam né? Pois bem.
A Onça da periferia contou sua triste sina. Correu por ruas esburacadas e enlameadas. Dentro de um terreno baldio com mato alto, se homiziou. Dali saía para caçar uns animais. Mas tudo bicho magro e ‘pirento’. Só bebia água em poça de lama..Não passou nem 48 horas na região e a população a cercou com paus e pedras.
Segundo B.O., vale destacar o destemor da Guarnição da viatura da PM que chegou primeiro para atender solicitação do CIOP. O conhecido sargento Gusmão, teria se atracado com o 'bicho brabo'. O Azulão manteve a Onça imobilizada com um 'mata-Leão' até a chegada da força tarefa dos Ambientais.
Relembra a felina - Assim, quase linchada pela população, que já queria fazer churrasco e casaco com meu couro, fui salva pelos Bombeiros e depois de medicada numa ONG, acabei aqui na ‘delegacia’.
A outra Onça, a que se escondeu no Palacio Rio Madeira, estava com pelagem muito vistosa e quase não conseguia caminhar de tão gorda. E gaba-se para sua amiga da periferia.
- Amiga, pense num lugar com muita comida. Todo santo dia, descia do forro e comia um funcionário comissionado. E ninguem sentia falta. Um mais gostoso que o outro. Uns comia de terno e gravata, mas confesso que não gostava do tecido sintético. Também comi umas femeas humanas da espécie. Comia do jeito que vinha mesmo, com saltos altos e saias curtas. Só estragava o sabor, que sempre tinha aroma de perfume importado ‘.
-Mas nossa amiga, você estava passando bem mesmo. Pensei que estava grávida e não gorda como uma porca, Alfineta a magrela. E segue o papo.
- Que abundancia! Assim como peixe, sabe que a melhor a parte de comer do ser humano é a cabeça. Eram saborosas as dos tais CDS?
- Que nada amiga, todas sem recheio. Acho que não tinham nem cérebro. Cabeças ocas, sabe como é né. Um dia, quase peguei uma cabeça diferente. Não tinha cabelo, era careca. Mas me escapou entre as garras. Pense num bicho liso e astuto..
- Mas me conta. Como te pegaram?
- Menina, errei feio. Comi a mulher da copa. Magrinha por sinal. A primeira que chegava todos os dias e inundava o ambiente com aquele aroma de café quente. A pessoa mais importante e querida do palácio. Devia ter ficado merendando só os CDS, que ninguem sentia falta. Foi um escândalo. Todo mundo ficou desesperado, perguntando por ela. Se estava doente ou se o ônibus tinha quebrado de novo? Alguns até ruiam a unha de ansiedade. E desconfiaram que havia algo errado. Informaram o "chefe' que determinou atuação imediata do NDG (núcleo duro do governo). Daí pra frente, apareceram uns caras de terno preto e óculos escuros e deu no que deu. Me levaram para tomar banho num PET e aqui estou, presa!.
Foto arquivo autor : Jornalista Paulo Andreoli
A Onça da periferia, já resignada com a vida no carcere, dispara.
- O que vai ter no jantar? Não aguento mais restos de marmitex do presídio. Podia ser cabeça de humanos!
A Onça do palácio retruca
- Então que seja de jornalista. Comi desta espécie enquanto eu ainda estava por lá, pelo menos duas. Cabeça bem mais saborosa, com mais sustância. Tomara.....finaliza a Onça lambendo os beiços.
OBS. Este texto de humor é adaptação de conhecido conto nacional e qualquer semelhança com vida real é mera coincidência. O autor é jornalista e sócio fundador do Rondoniaovivo.
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