"Nem de longe crise é nas dimensões que dizem alguns", afirma Dilma na TV
Foto: Divulgação
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Em pronunciamento em rede nacional, na noite deste domingo (8), na TV e na rádio, a presidente Dilma Rousseff assumiu que o país passa por um momento econômico delicado, mas diminuiu a gravidade do cenário: "O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns."
Dilma falou em "problemas conjunturais" e "fundamentos sólidos", mas não deu exemplos do que seriam, e disse que o momento atual é "muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país".
Enquanto o pronunciamento era transmitido, a presidente recebeu vaias em ao menos 12 capitais. Muitas pessoas registraram vídeos do 'panelaço' feito contra o governo federal, por exemplo, em São Paulo, Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO) e Vitória (ES).
De acordo com a presidente, o país desenvolve agora a segunda etapa do combate à "mais grave crise internacional desde a Grande Depressão de 1929". Nesta fase, "estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento".
Dilma afirma que é preciso "mudar a forma de enfrentar os problemas", uma vez que "o mundo mudou, o Brasil mudou e as circunstâncias mudaram", mas não explica que alterações seriam estas.
"Além de certos problemas terem se agravado, no Brasil e em grande parte do mundo, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários nos custo de energia e de alguns alimentos. (...) Você tem todo o direito de se irritar e de se preocupar, mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira", disse a presidente.
A crise financeira internacional, como anteriormente, foi usada pela presidente para apontar como se deu o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos.
"A crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento."
Na tentativa de justificar os ajustes que serão feitos na economia, Dilma afirmou que o governo federal "absorveu" até agora o pior impacto da crise mundial. "Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade."
Ainda na tentativa de amenizar os ajustes fiscais futuros, a presidente disse que esta "não é a primeira vez" que o Brasil passa por dificuldade --em uma referência à crise de 2003, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor. "Depois tudo se normalizou e o Brasil cresceu como poucas vezes na história", arrematou.
Durante a fala, a governante não abordou o recente escândalo da Petrobras na Operação Lava Jato. O pronunciamento foi gravado antes da divulgação da lista dos políticos que serão investigados por suspeita de envolvimento, que ocorreu na sexta-feira (6).
Corte de gastos e de benefícios
Sobre o processo de "socorro à economia", a governante disse que isto está sendo feito "da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível". Dilma citou cortes de gastos do governo, revisão em "distorções" em benefícios dos trabalhadores, em uma referência às mudanças no seguro-desemprego e abono salarial, e menor estímulo ao setor produtivo com subsídios e desonerações menores.
Dilma foi enfática ao dizer que o ajuste "vai durar o tempo que for necessário para reequilibrar a economia".
Ao resumir sua fala, a presidente frisou que o "esforço fiscal" é um caminho para uma situação "melhor" e "duradoura", sem prejudicar conquistas dos trabalhadores e classe média. As medidas, prosseguiu, não seriam um retrocesso, e o país "não vai parar" pela sua aplicação.
Por fim, Dilma anunciou que sancionará a Lei do Feminicídio, que torna crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou discriminação de gênero.
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