CONTO - O político do baralho e seus amigos de carteado - Por Paulo Andreoli

Da Redação

09 de Outubro de 2013 às 12:08

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CONTO - O político do baralho e seus amigos de carteado - Por Paulo Andreoli

Foto: Divulgação

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É alta madrugada. A capital em silêncio. Trabalhadores dormem o sono dos justos, descansando de uma terça de muita labuta. Contrapondo-se, do outro lado da cidade, uma sala esfumaçada, com homens falando alto. Cigarros repousam em cinzeiros repletos de bitucas. Um copo com whisky já sem gelo, com as bordas ensebadas por horas de uso compõe um cenário tétrico. São pessoas corroídas pelo vício em jogo. Daqueles valendo dinheiro. Muito dinheiro.

São quatro homens no ambiente insalubre. Com barba por fazer, olhos vermelhos e mãos frenéticas empunhando um baralho novo, conversam todo tipo de assunto. Entre uma rodada e outra de carteado apostado, falam de mulheres, carros e política.

As apostas são pesadas. O “tento” é de mil reais. Apostas começam na casa dos 5.000 reais. E dá-lhe jogar até clarear. Ao final da jogatina, que algumas vezes, entra pelo dia claro afora, um dos jogadores está endividado. Perdeu dinheiro, carro, terreno e a dignidade.

Para sanar sua divida, resolve “entrar” no jogo dos seus amigos de carteado.

Pelo menos dois dos seus parceiros de jogatina, fazem parte de uma quadrilha de estelionatários, que agem aplicando golpes com cartões de crédito no sistema financeiro nacional. São marginais 171, que se apresentam como empresários bem sucedidos, mas na verdade não passam de reles marginais.

O perdedor tem como pagar, sugerem os jogadores e estelionatários. Ele tem como tirar um Coelho da cartola. Tem um Ás na manga, dizem.

O viciado é presidente da Assembleia Legislativa de seu estado e pode criar uma situação, bastando nomear os marginais para cargos de confiança, pagando suas dívidas de jogo com dinheiro público. Sabe como é jogador né. São de índole fraca, venais por natureza e corruptos de profissão. Da laia daqueles que apostam a mãe e se perderem são até capazes de entregar a "velhinha".

E assim, o político/viciado em jogos fez. Nomeou boa parte da quadrilha para cargos comissionados, recebendo altos salários pagos com os impostos cobrados do “suor do povo”.

Um mais seu amigo, que fazia dupla com o político em rodas de "caxeta" foi condecorado como seu assessor especial. Até usou o CPF deste vagabundo para esquentar financiamento de campanha, com o marginal estelionatário fazendo parte do rol de seus doadores.

E fez mais. Arrumou em outros pontos estratégicos da casa de leis, empregos para mulheres destes seus comparsas. Um dinheirinho extra paras as digníssimas gastarem em salão e shopping.

Tudo caminhava bem. Em novas madrugadas esfumaçadas, regadas a "bom scotch". Até já discutiam como ganhar o Governo do Estado e sonhavam em ir jogar em 'Las Vegas'.

Até o dia em que a polícia descobriu e colocou fim na bandalheira. Foi logo cedo que soou a sirene da viatura na porta da casa dos estelionatários. Tão alto que parecia uma trombeta do Apocalipse, como narrada na Bíblia. Atualmente o político falastrão, sem amigos de baralho (que estão a pagar cadeia) tenta mostrar serviço. Até pensa em criar CPI factódie em eleição de "sindicato". Mas esta é outra "estória".

Sim caros leitores, qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Quer apostar???

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