ARTIGO - De quem é a culpa da suposta corrupção na prefeitura de Porto Velho? - Por Paulo Andreoli

Precisamos da ajuda dos poderes públicos constituídos, que parecem anestesiados na capital de Rondônia. Os fiscais diligentes da lei parecem dormir sono profundo. Devem sonhar com viagens as urbes francesas ou italianas.

ARTIGO - De quem é a culpa da suposta corrupção na prefeitura de Porto Velho? - Por Paulo Andreoli

Foto: Divulgação

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Estou em Botucatu, interior de São Paulo. Vim acompanhar a prova do Sertões Series, etapa do Campeonato Brasileiro de Cross Country ( velocidade) prévia para o Rally Internacional dos Sertões em agosto, de Goiânia a Fortaleza.
 
O município sede da prova, também é a cidade onde reside minha família (pais e irmãos) a serrana Botucatu, encravada no alto da Cuesta e com antigo “slogan” – “Terra dos Bons Ares e Boas Escolas”. “Botuca” (para os íntimos) é bem urbanizada, limpa, com a saúde e educação modelo, com IDEB nota 6. Nem de longe lembra Porto Velho e suas mazelas.
 
Também “nem de longe” troco a quente Porto Velho pela cidade natal. Foi na cidade do norte que ganhei a vida, fiz família e fixei residência. Tenho uma dívida de gratidão com Porto Velho e seu povo.Tenho filhos e netos nascidos aqui.
 
Pois bem, aqui assisti a reportagem do Fantástico onde foi denunciado o superfaturamento na compra de remédios por parte da Semsau – Secretaria Municipal de Saúde. Confesso que não fiquei pasmo. A administração petista na capital já dura sete anos e foram inúmeras denúncias de suposta malversação de recurso público.
 
Difícil foi agüentar as brincadeiras na sala da TV. Lamentável foi ter que afirmar minha crença de que o Tribunal de Contas, a Polícia Federal e os Ministérios Público Federal e Estadual nada fazem em Porto Velho. Ou pior, fazem “ouvidos de mercador” nas denúncias da imprensa rondoniana.
 
Aqui assisto também a caça da polícia civil paulista a uma quadrilha que dilapidava o município de Campinas e me pergunto. Porque a PC de Rondônia nunca fez uma operação deste tipo, contra os marginais e vagabundos do colarinho branco?
 
Sei que falta muito que fazer. Também tenho plena convicção de que somos nós que temos que fazer. Aqueles que levam o orgulho de ser rondoniense e não tem vergonha de exigir respeito de seus governantes. Somos poucos. Precisamos da ajuda dos poderes públicos constituídos, que parecem anestesiados na capital de Rondônia. Os fiscais diligentes da lei parecem dormir sono profundo. Devem sonhar com viagens as urbes francesas ou italianas.
 
Não temos esgoto em PVH (novamente para os íntimos), ruas e avenidas esburacadas e sujas. Falta educação de qualidade e no sistema de saúde de Rondônia foi declarada calamidade, com direito a outro esculacho nacional via JN no ar.
 
Na coleta de lixo existe suspeita de “rolo” (Apesar de que o “esquema” do lixo é mundial e assassino), no paisagismo municipal sobra grama e grana pública e na conservação do patrimônio históricos assistimos impávidos a derrubada de prédios históricos e possível superfaturamento na reforma da Estrada de Ferro Madeira Mamoré com 11 milhões gastos para “calçar, jardinar e pintar”.
 
Além de um suposto roubo de peças do museu da EFMM sem investigação. No caso do patrimônio histórico, crime federal com a anuência do IPHAN Rondônia. Vergonha nacional a “24 quadros”. Uma desastrada administração de nossa história com um coitado “assina tudo” no comando. Um seboso que passa o dia escrevendo asneiras na internet.
 
Através da proximidade partidária com o presidente Lula, os petistas da administração local a partir de 2007 faturaram alto com o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Milhares de milhões de reais aportaram na capital de Rondônia para uma centena de obras. Com o dinheiro federal, alguns picaretas, também via indicação partidária  chegaram por aqui. A maioria destas obras se ainda não estão conclusas, estão paralisadas ou foram concluídas com falta de qualidade estrutural.
 
Quem em PVH não se lembra das UNI Engenharia, que deu um verdadeiro golpe na drenagem da zona leste e na duplicação da avenida Vieira Caula. Alías, a licitação da duplicação da “Caúla” também daria uma reportagem de cunho nacional, com o uso de duas atas. Numa ata a UNI era desclassificada. Na outra ata com o mesmo número, hora e local a empresa ganhava a obra de sete milhões. Na época, a prefeitura alegou erro simples de digitação, onde supostamente todos os empresários e servidores públicos municipais assinaram a referida ata que valia mais de sete milhões de reais sem ler. Acredite quem quiser. Sem ler, todas as pessoas que estavam numa sala pequena deitaram a caneta no costado do documento que tinha sido digitado errado. A denúncia está no MPF – Ministério Público Federal há dois anos e duvido que alguém dos que lascaram sua assinatura no documento tenham sido chamado para oitivas. Alías, não cobre ação do MPF, você pode receber uma resposta oficial bem mal educada., produzida por alguma assessora que parece carecer de amor humano.
 
Mas tem mais. As obras empacadas dos viadutos e das marginais da BR 364, a construção das três UPAs – Unidades de Pronto Atendimento que supostamente iriam desafogar o sistema de saúde municipal e que também se encontra parada devido ao “sumiço” da BS Engenharia, a milionária obra do Porto do Cai na água entre tantas.
 
Sem falar nas obras de compensação social das Usinas do Rio Madeira. Todas atrasadas e com suspeita de “preços altos”. Na reforma da escola Joaquim Vicente Rondon gastaram mais de dois milhões de reais. Com o dinheiro da reforma, aqui em Botucatu, dava para construir duas creches para 400 crianças cada. Poços artesianos nos distritos ribeirinhos a preço de poço de petróleo. Construção de uma ciclovia para a cachoeira de Santo Antônio que não possui nenhum fluxo de bicicletas. Poderia passar horas e encher dezenas de laudas enumerando mazelas e não chegaria a lugar nenhum.
 
Fico admirado de algumas situações portovelhenses que lembram a novela Sucupira com seu prefeito Odorico Paraguassu. O tal seminário de "Rondônia contra a Corrupção" com a palestra do prefeito Roberto Sobrinho e outros políticos é digna de um quadro do “Bem Amado” a antiga comédia global.
 
No próximo dia 30 de maio acontece um encontro de “aproximação” da Imprensa com o Ministério Público Federal. Enquete do Rondoniaovivo sobre atuação do MPF aponta para quase 80% de insatisfação popular.
 
Será a oportunidade de sabermos como andam algumas possíveis investigações no lombo da gestão petista na capital. Será que vão elencar como andam as investigações nas obras com recurso federal? Saberemos sobre a investigação da UNI? E sobre a investigação sobre os valores gastos na reforma da praça da EFMM? Será que levarão um relatório com todas as investigações em curso?
 
Ou vão dizer que se trata de “segredo de justiça” e nos entregarão um bloquinho com caneta, além de fausto café da manhã. Acredito que existam excelentes profissionais nos MPE e MPF. O que se precisa é de um choque de gestão, desatrelamento político de promotores e procuradores e a verdadeira vontade de promover a justiça social, doa a quem doer.
 
Caso contrário, o Brasil vai continuar assistindo via noticiário nacional “as vergonhas” de um povo ordeiro e trabalhador. Situações escabrosas que são denunciadas aqui na terrinha e que nossos briosos fiscais parecem compactuar.
 
Existe um culpado pela compra de remédios superfaturados? Existe um culpado pela amputação do pé de uma senhora? Existe culpado para o claro enriquecimento ilícito destes maus políticos?
 
Existe sim. E não são somente os gestores municipais. Os maiores culpados chamam-se Ministérios Públicos de Rondônia que tem a missão constitucional de fiscalizar e não fazem o “dever de casa” com zelo e determinação. Tem também culpa parte da Imprensa que vive de rapapés em gabinetes, mendigando verbas publicas. Tem televisão na capital levando quase 50 mil por mês para mostrar uma cidade que ninguém reconhece como Porto Velho. Tem culpa a Polícia Civil rondoniense que não copia o modelo paulista e leva vereadores, secretários municipais, prefeitos e vices para trás das grades. E olha que tem vereador na capital que já devia estar mofando na cadeia faz tempo.
 
Então fica assim. Ficaremos aguardando o desenrolar de mais um capitulo da novela global com o enredo, “Monte um sindicato, entre na política e fique rico. E que se ferre o povo
 
Que cada um encoste a cabeça no travesseiro e durma com sua culpa. Inclusive este escriba.
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