O Tribunal de Contas de Rondônia quer saber onde e como o prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), e seu secretário de administração, Joelcimar Sampaio, meteram quase noventa mil reais dos cofres municipais. O dinheiro teria sido gasto na compra de materiais para obras públicas, mas o TCE farejou cheiro de preço podre no ar. Trocando em miúdo: superfaturamento. E deu o prazo de 45 dias para os dois se explicarem. Se não convenceram o TCE de que não infringiram a Lei das Licitações, Sobrinho e Joel terão que devolver a grana.
Sobrinho e Joel são velhos amigos. Ambos serviram à administração José Guedes (1993 – 1996). Sobrinho, como secretário de educação, e Joel, seu fiel escudeiro, respondia pelo NAF. Depois, Joel foi para a GRA, antiga DAMF. Com a chegada de Sobrinho à prefeitura da capital, Joel foi imediatamente alçado ao posto de secretário. Alguns dizem que mais pelo grau de amizade com o inquilino do palácio Tancredo Neves do que mesmo pela capacidade profissional.
Verdade ou não, o fato é que Joel é pessoa de inteira confiança de Sobrinho. Sua palavra é um tiro. Na SEMAD, fala-se que ele controla tudo, até o acesso de servidores aos sites de notícias que “falam mal do prefeito”. Nem o papel higiênico do banheiro da secretaria é comprado sem passar pelo crivo dele.
Mais uma vez, agiu bem o TCE, mostrando que está atento ao que é feito com o suado dinheiro do contribuinte, canalizado através de impostos, taxas e contribuições, embora muitos acreditem que isso seria apenas a ponta do iceberg no mar revolto de coisas estranhas que estariam acontecendo na administração municipal. Não basta, apenas, execrar, publicamente, os que dilapidam o patrimônio público, nem mondá-los passar uma temporada atrás das grades. É preciso ir além. Se possível, mexer na parte mais sensível dessa gente, que é o bolso. E essa é tarefa para o Ministério Público e o Tribunal de Justiça.
Houvesse, antes os fatos delituosos que conduzem a prejuízos do erário, o acionamento de providências severas, com a efetivação de punições exemplares àqueles que não souberam ou sabem dignificar a confiança dos postos que ocuparam ou ocupam, com certeza, a situação seria completamente diferente. Atos de bandalheiras e desvios de dinheiros públicos poderiam até ocorrer, mas em quantitativo bem menos volumoso, pois muitos candidatos a corruptos pensariam não somente uma, duas, três, dez vezes ou mais, antes de se deixarem enredar pela trilha da corrupção, cujas ações enchem de vergonha o que ainda resta de honradez neste País.