Para aplacar os percalços sócio-políticos da época, os romanos davam ao povo pão e circo. Assim, com muito sangue na arena e um pedaço de pão de centeio, todos os problemas eram esquecidos, ainda que temporariamente.
Em Rondônia, porém, alguns políticos substituíram o pão e o circo romano por outras modalidades eleitoreiras, para tentar engambelar a consciência de desavisados.
Distribuição de cestas básicas, liberação de consultas, exames laboratoriais, cirurgias, medicamentos, passagens e concessão de sinecuras no serviço público, são coisas obsoletas. O mais novo engodo eleitoreiro chama-se transposição de regime.
A tática, recém-descoberta, deixou muitos servidores rondonienses desiludidos, em sua maioria, pessoas simples, que depositaram o sonho de um ócio bem remunerado nas mãos de políticos incompetentes e mentirosos.
Sair às ruas para protestar ou bater às portas dos tribunais (como sugeriu o deputado federal e candidato ao governo do estado, Eduardo Valverde, dentre outras idéias estaparfúdias), nada, absolutamente nada, conseguirá aliviar o sofrimento e apagar a decepção daqueles que acreditaram na possibilidade de um futuro melhor para si e seus familiares.
Imagino qual não foi a frustração dos servidores da CERON, CAERD e do BERON, ao saber que foram enganados pela farsa da transposição. E o que dizer dos aposentados e pensionistas, vetados pelo presidente Lula.
Recentemente, soube-se que o senador Valdir Raupp apareceu numa dessas pesquisas, encomendada sabe-se lá Deus por quem, como um dos políticos mais influentes do Congresso. Pois então, que o senador use a sua “influência” para convencer seus colegas a rejeitarem o veto de Lula e, destarte, amenizar o impacto do vexame a que se expôs e levou de roldão a esperança de milhares e milhares de servidores, aposentados e pensionistas, pais e mães de família. Quanto à senadora Fátima Cleide e ao seu companheiro de partido, Eduardo Valverde, quero ver se terão coragem de peitar Lula.
Mas nem tudo está perdido, pessoal. Estamos a menos de quatro meses das eleições para a escolha de presidente da República, governador, senadores, deputados federal e estadual. É preciso entender que, para se alcançar o futuro, não há atalhos. Ou a gente escorraça, definitivamente, dos quadros rondonienses, os políticos presepeiros, ou, então, continuaremos a assistir as mesmas e cansadas cenas de corrupção e a ouvir os velhos e surrados discursos, que nada resolvem.
A responsabilidade do eleitor rondoniense transcende à sua trivial percepção. Não vamos apenas escolher simplesmente por escolher. Vamos votar no futuro de Rondônia, com os olhos voltados para o bem-estar da sua gente, principalmente, dos segmentos mais humildes, daqueles que estão morrendo à míngua nos leitos dos hospitais públicos, por falta de médicos e medicamentos.
Não esqueçamos, também, dos que vivem na mais abjeta inanição, nas favelas e nos vilarejos, completamente abandonados por dirigentes cúpidos e incompetentes. Os nossos velhos e as nossas crianças, desde há muito, foram abandonados pelo poder público. A segurança pública virou caso de polícia. A saúde está na UTI e a educação transformou-se em piada de mau gosto em botequim de quinta categoria.
Ou escolhemos o caminho radioso da decência, da restauração da dignidade, do respeito ao próximo, da moralidade pública, ou lamentavelmente continuaremos a respirar o mesmo oxigênio dessa malta de espertalhões, de falsos profetas, que não medem esforços para se manterem na crista da onda política. A decisão cabe ao povo rondoniense.