O avanço da cidadania tem reclamado da ação policial, freqüentemente marcada pela violência. Não raro, policiais aproveitam do fato de que andam armados, para exibir toda sua agressividade, quando necessária sua intervenção.
Por causa do destempero presente em muitas ações policiais, a população muita vezes enfrenta terrível contradição: chamar os agentes públicos, que veriam guardá-la, ou os marginais, que a ameaçam?
Esforços estariam sendo feitos para reduzir essa situação, cujas origens (há quem diga) se estendem além das dificuldades produzidas por problemas financeiros, a que só insignificante parcela da sociedade consegue escapar.
O pior é que não se percebe nenhuma manifestação concreta das autoridades responsáveis pela segurança pública, no sentido de, senão resolver, mas, pelo menos, amenizar o problema.
As propaladas medidas anunciadas, contudo, acabam somando-se as decorrentes da conduta de certos cidadãos, que nem sempre se conduzem de modo a facilitar a intervenção policial, mesmo quando esteja evidente o propósito de propiciar a superação de desavenças ou conflitos ocasionais.
Exemplo recente e lamentável ocorreu na noite do último domingo, no estádio Aluizio Ferreira, durante partida válida pelo campeonato estadual rondoniense, quando jogadores e o técnico da equipe do Genus (que perdeu por 3 X 0 para o Moto Clube) teriam sido agredidos por policiais, após a expulsão de um atleta, com direito a spray de pimenta e outros instrumento de violência. O imbróglio ocupou o espaço da mídia nacional.
Enquanto não for perfeitamente assimilado o conceito de cidadania, será muito difícil reclamar dos agentes públicos, inclusive os responsáveis pela segurança dos indivíduos, conduta reverente diante dos cidadãos.
Se, por um lado, é inaceitável a ação policial fundada no abuso da força, de igual modo não se pode admitir que haja desrespeito para com os agentes da lei.
Quer o homem comum, sujeito a desavenças, inclusive familiares, quer os policiais, todos somos cidadãos, aos quais devem ser garantidos direitos consagrados em todas as legislações, principalmente o de exercer proficientemente as funções pelas quais os contribuintes pagam.
Não é justo, porém, ferretear todos os policiais com o desdouro da violência, mas não se pode negar que muitos deles não foram devidamente preparados para a difícil missão de preservar a vida e manter a ordem social.