A cada dia que passa me convenço que é quase improvável que algum dia a justiça e a imprensa andem finalmente lado a lado na manutenção dos interesses da sociedade, enquanto uma confronta abertamente os problemas sociais e desnuda a realidade nua e crua a todo o momento, a justiça, cega por concepção, em vários casos, vira as costas para o papel destemido e muitas vezes até mesmo suicida da imprensa.
Seria tão mais fácil se os nossos ilustríssimos juristas de todo país bebessem da fonte dos trucidantes telefonemas, cartas e emails das fontes, e que houve um canal direto de comunicação que pudesse ajustar as duas funções em um só objetivo, impedir prováveis despautérios sociais, que quase sempre são anunciados, mas só combatidos quando já é tarde demais.
Não raro, muitas vezes, alguns promotores se omitem por confiar não nas palavras descritas nas matérias compostas com todo esmero por profissionais comprometidos com a verdade, antes preferem aguardar maiores acontecimentos para só então, sob o julgo da pressão popular arregaçar as mangas em prol do bem maior.
Não raro é, ver a credibilidade de um profissional da comunicação ser questionada até mesmo por aqueles que deveriam estar fazendo o trabalho pesado que o comunicador entregou de mãos beijadas, se possível fosse, tais profissionais seriam seriamente atirados ao desconsolo e a decepção depressiva de que a justiça não existe.
Mas, tais homens não são forjados na mesma cerne dos juristas de aluguel, mas são temperados com o escaldante sol que arde ao meio dia, quando um corrupto se encontra com seus comparsas para lesar mais uma comunidade e são resfriados com os frios olhares dos capangas que precisam apenas de um deslize para executar para chegar as vias de fato em nome da "honra" do patrão.
Eu sei que sou um sonhador, e nunca tive dúvidas disso, pois vivo a todo momento percebendo os sorrisinhos de sarcasmo, os olhares mensageiros e meias palavras soltas pelos corredores do poder, em todas as instâncias, sei também que milhares de colegas já jogaram a toalha e renderam-se aos gordos convites de uma vida sem processos, ou seja em "paz" com os poderosos.
Sei também que muitos deles tentarão me taxar com termos piegas, pois já se encontram sedados pela desmotivação, mas no fundo somos todos iguais na essência de nossa infância profissional, quando tínhamos apenas um objetivo maior, salvar vidas através da escrita.
Mas, todos os dias quando acordo, faço questão de ir ao quarto dos meus filhos, mesmo os que estão distantes (vou em pensamento), e ao assistir aquele sono de sonhos, sem consciência da vida real que lá fora corre como uma locomotiva desgovernada, me revigoro e decido mais uma vez assumir, enquanto eles existirem, o papel de guardião de suas vidas e não consigo pensar em outra forma de cumprir o meu papel sem exercer a minha profissão com a devida ética e competência que esse sacerdócio (o jornalismo) exige.
Sei lá, a vida é uma grande ilusão, mas tenho a certeza que muitos pais fazem pelos seus filhos o que eu faço pelos meus.
*(Jornalista, empresário da comunicação e presidente do MCCE/RO - Movimento de Combate a Corrupção de Rondônia).