Não é possível minimizar, nem ignorar a gravidade da denúncia feita pela vereadora Ellis Regina (PC do B), ontem (26), à noite, da tribuna da Câmara Municipal de Porto Velho, segundo a qual dinheiro do Fundo da Assistência Médica do Ipam teria sido usado para pagar a conta do celular de um dos diretores do órgão, cuja mixaria superou à casa dos mil e trezentos reais. Isso mesmo! Mais de mil e trezentos reais foi quanto o cidadão teria torrado com ligações, durante um mês.
Embora se esteja pretendendo, desde já, reduzir a acusação da vereadora comunista como sendo mera “obra da oposição”, a conduta da denunciante deveria obrigar o presidente do Ipam, João Herbert Peixoto (cunhado do prefeito Roberto Sobrinho), a manifestar inequívoco interesse em ver esclarecido o fato denunciado.
Ao contrário, o que se observa, não somente da parte do presidente do Ipam, mas, principalmente, da do ocupante do palácio Tancredo Neves, é um silencio sepulcral, uma cumplicidade inaceitável, sobretudo quando se sabe que, recentemente, uma segurada procurou atendimento de emergencial para seu filho e foi surpreendida com a informação de que o convênio do Ipam com o hospital teria sido cancelado. Por quê?
A situação do Ipam, sem nenhum exagero, deixou de ser crítica para se tornar explosiva. Ou o prefeito Sobrinho cria coragem e apaga o incêndio, agora, ou será inapelavelmente consumido pelo fogaréu. E, como ensina a sabedoria popular, não convém brincar com fogo, especialmente num momento tão delicado por que passa a administração petista.
Não se diga, porém, que a Câmara Municipal não tem ajudado o prefeito. Não foi uma nem duas vezes que a vereadora Ellis Regina colocou o dedo na ferida do Ipam, admoestando Sobrinho sobre eventuais irregularidades envolvendo o instituto, mas, infelizmente, o dirigente comunal insiste em fazer ouvido de mercador. Depois, não vai poder dizer que não foi alertado.
É claro que se não quer condenar ninguém, tampouco advogar a impunidade de quem quer que seja. O que se não pode admitir, aceitar, sem protestos, é que episódios dessa natureza continuem acontecendo no Ipam sem que sejam devidamente esclarecidos à sociedade e, principalmente, aos segurados da instituição.
Ainda segunda a vereadora, os contratos com prestadores de serviços precisam ser analisados. Coisas estranhas, capazes de fazer o diabo se benzer, estariam acontecendo. Nesse caso, é preciso sarjar o tumor, o mais rápido possível, antes que a metástase tome conta do corpo inteiro do paciente chamado Ipam.
Mas que se aja com responsabilidade e equilíbrio, longe das promessas levianas, poses quixotescas e do sensacionalismo fugaz, tendo sempre em vista os interesses maiores dos segurados. Eis aí uma tarefa das mais difíceis para a qual a Câmara Municipal e os segurados precisam voltar suas atenções, antes que o Ipam soçobre, definitivamente, levado de roldão pela incompetência reinante que o sufoca.
O dinheiro da assistência médica do Ipam tem finalidade precípua: custear as despesas médico-hospitalares, laboratoriais e odontológicas. Agora, se estão usado a grana do segurado para pagar conta de celular de diretor, são outros quinhentos. Ou melhor, mil trezentos e tantos reais.