Estamos às vésperas da eleição na Seccional rondoniense da Ordem dos Advogados do Brasil.
Confesso que fiquei surpreso com artigo publicado em site, onde o Ilustre advogado Ivan Machiavelli, pessoa a quem tenho muito apreço, defende a idéia de que o atual presidente da OAB/RO Hélio Vieira “deveria disputar a reeleição em virtude do importante trabalho que está desempenhando.”
Primeiramente não discuto que há um importante trabalho sendo desempenhado frente a Instituição, no entanto, esse trabalho é de todos, não apenas do Presidente, mas também dos Diretores, Conselheiros, membros da comissões e etc. E, no mais, não iniciou agora.
Trabalhei na campanha e apoiei tanto o então candidato Orestes Muniz que veio a ser Presidente, quanto o então candidato Hélio Vieira, atual Presidente e uma das promessas dos então candidatos era exatamente não serem candidatos a reeleição.
Essa promessa, não era idéia apenas dos então candidatos, mas também dos demais advogados que apoiavam e simpatizavam com o grupo que pleiteava a direção da Instituição.
Lembro-me, quanto emocionante eram os discurso do então Presidente Orestes Muniz que se colocou totalmente contra a reeleição e propagava pelos quatro canto do Estado que “a Administração da Ordem deveria ser como um revezamento, caberia ao Presidente exercer seu mandato com dignidade e após o termino passar o bastão para frente, permitindo que outro advogado viesse a exercê-lo.”
O fato do atual Presidente Hélio Vieira ter “relutado em aceitar” ser candidato a reeleição, engrandece o mesmo, pois uma das primeiras promessas feita pelo então candidato Helio Vieira era exatamente não se candidatar a reeleição, promessa que teve apoio maciço dos advogados e deve ser cumprida.
A alternância no poder deve ser constante, pois somente dessa maneira conseguiremos aperfeiçoar nossa Democracia que ainda engatinha.
Não tenho dúvida de que “a gestão de Hélio Vieira à frente da OAB Rondônia foi importante”, assim como a gestão de todos os ex-presidentes da Instituição e por essa razão entendo que outros advogados, com a mesma vontade, devem submeter seus nomes à apreciação da classe, de forma altaneira e propositiva, evitando a perpetuação de uma só pessoa no Poder.
Inaceitável, em qualquer circunstância, é a tentativa de perpetuação no Poder por quem quer que seja.
Em Rondônia somos hoje mais de 4.500 (quatro mil e quinhentos) advogados, dentre os quais certamente existe outro colega em condições de ocupar tão honroso cargo.
Três anos de mandato no exercício da Presidência é tempo mais do que suficiente para cumprir as propostas e compromissos assumidos.
A reeleição na OAB é descabida e fora de propósito, principalmente pelo fato da Instituição repudiar e criticar veementemente a reeleição dos Chefes dos Executivos Federal, Estaduais e Municipais.
Não tenho dúvida que os advogados Gilberto Piselo, Romilton Marinho, Carlos Alberto Mesquita, Rochilmer Filho, Juraci Jorge, Lerí Silva, Raul Fonseca, Douglacir Sant’Ana, Ney Leal, Clayton Zanoti e o próprio Ivan Machiavelli, dentre outros são credenciados a pleitear a Presidência da casa.
Não podemos frustrar e muito menos obstruir o surgimento de novas lideranças. A defesa da alternância no Poder é a forja de novas lideranças e o repúdio reeleição é a correta postura de um líder.
Candidatar-se à reeleição é típico dos lideres autoritários e centralizadores que não encontram alternativas viáveis à própria sucessão, fazendo existir um vácuo e por isso aceitam a missão de ser reconduzido para a permanência do grupo político interno.
Então, conclamo todos os advogados, JOVENS e ANTIGOS, a dizerem NÃO À REELEIÇÃO.
*Pedro Origa é advogado ex-membro da OAB jovem.