Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – RUINS DA CABEÇA Este Clodomir Santos de Moraes não se emenda. Deve andar lambendo os 80 anos de idade, mas, em que lhe possam pesar tantas eras – até porque marcadas por incessantes atribulações de toda ordem na quase totalidade, acentue-se -, lá está ele de novo na linha de frente de mais um gesto de desafio ao sistema, de clamor por justiça, de solidariedade às causas dos desvalidos e, no final das contas, de extremada afeição pela idéia de que a espécie humana pode ser viável. Na definição geronto-sociológica do presidente Lula da Silva, alçado à condição de “Nosso Guia” pelo chanceler Celso Amorim, deve ser ruim da cabeça, este Clodomir de Moraes. Ele e mais uma pá de gente como José Saramago, Plínio de Arruda Sampaio, Oscar Niemayer, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Gabriel Garcia Márquez, Dom Pedro Casaldáliga e por aí vai. “Cansados de esperar quase 12 anos por uma indenização do governo, os camponeses, vítimas do conflito, pretendem ir a Brasília na esperança de que seja feita Justiça pela morte de nove pessoas e pelas dezenas de feridos deixados pelos policiais e pistoleiros que, em agosto de 1995, expulsaram as 600 famílias acampadas na fazenda Santa Elina, no município rondoniense de Corumbiara. As imagens e relatos de Corumbiara percorrem o mundo, gerando indignação por onde passam.” Assim começa o texto do convite para o “Ato de Solidariedade às Vítimas de Santa Elina”, nesta segunda-feira (11), a partir das 8h30, no Auditório Paulo Freire, no campus de Porto Velho da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Subscrito pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e pelos Centros Acadêmicos de Medicina, de Pedagogia e de Geografia da Unir, o convite anuncia ainda as presenças do agricultor Wenderson Francisco dos Santos – “o Ruço, camponês liberto após anos de tortura na cadeia, onde era mantido por um crime que não cometeu”, como informa o convite - e do professor Clodomir de Moraes. 2 – TEXTO ENCICLOPÉDICO Convém reiterar que os organizadores do ato não estão exagerando nem um pouco quando informam sobre a repercussão planetária do episódio, conforme se pode avaliar a partir de um trecho extraído da Wikidésia – enciclopédia virtual que circula pelas infovias em idiomas vários -, onde se descreve o ocorrido naquele 1995. “Na madrugada do dia 09 de agosto, 194 policiais, inclusive 46 da Companhia de Operações Especiais (COE) e outro tanto de jagunços e guachebas fortemente armados, cercaram o acampamento e começou o massacre de Corumbiara. Desde a véspera o acampamento já estava sitiado mas os posseiros não tinham conhecimento disso, pois quem tentava sair ou chegar, era preso. O isolamento foi total e o cerco se fechou de madrugada. Os camponeses que viveram vinte e cinco dias na esperança da terra prometida, de repente abismaram-se num inferno dantesco, onde homens foram executados sumariamente, mulheres foram usadas como escudos por policiais e jagunços, 355 pessoas foram presas e torturadas por mais de vinte e quatro horas seguidas e o acampamento foi destruído e incendiado com todos os parcos pertences dos posseiros. O acampamento foi atacado de madrugada com bombas de gás que a todos sufocava, especialmente as crianças. O tiroteio era ensurdecedor. Naquele dia morreram onze pessoas, inclusive a pequenina Vanessa, de apenas seis anos, cujo corpinho foi trespassado por uma bala ‘perdida’. Cinqüenta e cinco posseiros foram gravemente feridos. O bispo de Guajará Mirim recolheu amostras de ossos calcinados em fogueiras do acampamento e enviou à Faculté de Médicine Paris-Oeste que confirmou a cremação de corpos humanos. Ninguém foi responsabilizado pelas torturas que aquelas pessoas sofreram, os órfãos e as viúvas estão desamparados, existe gente desaparecida até hoje, e muitos trabalhadores estão debilitados física e emocionalmente, impossibilitados de trabalhar por seqüelas causadas pelos maus tratos recebidos durante a ‘desocupação’ da fazenda Santa Elina. 3 – CLODOMIR DE MORAES O Júri Popular que aconteceu em Porto Velho no período de 14/08 a 06/09 de 2000 comprovou que a justiça brasileira, especialmente em Rondônia, está a serviço do latifúndio. A condenação dos sem terra Cícero Pereira Leite Neto e Claudemir Gilberto Ramos, mesmo sem prova nos autos, e a exaltação, pelo próprio Ministério Público, dos oficias que executaram aquela ação repressiva e criminosa coordenada e financiada por fazendeiros, foi prova evidente que a impunidade prevalece e que o crime do latifúndio contra o campesinato ainda compensa”. Quanto a Clodomir, este baiano de Santa Maria da Vitória foi jornalista dos Diários Associados antes de formar-se em Direito pela UFPE e eleger-se deputado estadual em Pernambuco, destacando-se como um dos dirigentes da Ligas Camponesas - o que lhe custou dois anos de prisão, torturas, cassação e um longo exílio imposto pelo golpe militar de 1964. Contratado pela ONU, dirigiu projetos do órgão em Honduras, Panamá, México, Portugal e Nicarágua, além de assessorar as reformas agrárias do Peru, de Costa Rica, de Angola, de Moçambique e da Guiné Bissau. Fez especialização em Antropologia Cultural na Faculdade de Direito do Chile, em Reforma Agrária, no Icira de Santiago, e doutorado em Sociologia na Universidade de Rostock, Alemanha. Foi professor residente na Universidade Autônoma de Chapingo no México e outras universidades brasileiras. Ademais foi conferencista nas Universidades de Manchester (Inglaterra), Berlim (Alemanha), Wisconsin (Estados Unidos) e em diversas universidades públicas hispano-americanas. Clodomir Santos de Morais tem 22 livros publicados, a maioria em espanhol e português, destacando-se a sua famosa cartilha “Teoria da Organização”, com mais de 300 edições em 43 países. Os seus Laboratórios Organizacionais de Capacitação Massiva para Gerar Emprego e Renda têm tido grande êxito na América Latina, Europa e África. É “Doutor Honoris Causa” pela Unir e, como se vê, não se dá descanso. Os deuses o preservem.
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