O indígena operador de máquinas pesadas José Correia da Silva, 57, que morava com a mulher e quatro filhos no bairro São Bento, morreu a cerca de 50 metros de sua casa, vítima de descarga elétrica ao se enroscar em um arame usado como condutor de energia clandestina. O corpo foi encontrado ontem, por volta das 7h30, por outro morador, Sid Nascimento, que foi verificar a fiação que conduz energia para sua casa.
Ele ligou para a polícia e informou sobre o corpo. A guarnição da Polícia Militar constatou que a vítima estava enrolada em um arame farpado e foi preciso cortar o arame para evitar que outras pessoas, inclusive os próprios policiais, tomassem choque.
Segundo familiares, José da Silva tinha saído de casa na noite anterior para ir ao bairro Asa Branca, onde mora sua mãe, e não o viram mais. A suspeita é que ele tenha levado o choque quando cortava o caminho próximo da lagoa de estabilização. Os familiares acreditam que o arame ficou preso a sua camisa e ao tentar seguir, acabou sendo puxado e caiu sobre os arames e fios que conduzem energia clandestina para as casas do bairro.
Um técnico a serviço da Boa Vista Energia esteve no local e, ao verificar a corrente elétrica conduzida pelo arame, informou que a vítima tomou uma descarga de 197 volts e alertou aos moradores para o perigo constante no local.
O vice-presidente da associação do bairro, Hernandes Nascimento, lamentou a morte do indígena e informou que José da Silva é a quinta pessoa que morre eletrocuta no bairro devido ao emaranhado de fios e arames. Ele responsabilizou as autoridades que até hoje não resolveram a situação energética do bairro.
Uma familiar do indígena informou que vai consultar um advogado para acionar o Município e responsabilizar pela morte dele e ainda pretende pedir uma indenização, já que José da Silva deixou órfãs quatro crianças pequenas, inclusive um recém-nascido de menos de dez dias. “A mulher dele ainda está de resguardo. Como é que essa família vai sobreviver agora? Alguém vai ter que pagar a conta”, disse a familiar.