A Procuradoria da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) não sabe como ficarão os alunos aprovados no certame de 2004, caso a Justiça decida pelo cancelamento do processo seletivo. Se a anulação vier a acontecer, alunos que já teriam concluído o curso serão prejudicados.
A Justiça Federal citou, em edital divulgado na imprensa local no último dia 7, o reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Hidembergue Ordozgoith da Frota, o presidente da Comissão do Concurso Vestibular da Ufam (Comvest), Raimundo José Alves Braga, a filha dele, Flávia Alves Braga e os professores Marcos Frederico Krüger e Tenório Teles, além de todos os candidatos aprovados no Processo Seletivo Macro (PSM) 2004, para serem ouvidos no processo que tramita na Justiça Federal pedindo a anulação do concurso vestibular daquele ano.
A partir da ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2003, o juiz federal Antônio Francisco do Nascimento, da 4ª Vara da Seção Judiciária do Amazonas, quer que todos os arrolados no processo sejam ouvidos.
Irregularidades
O pedido foi proposto inicialmente sob a justificativa de terem havido irregularidades no processo de correção das provas de Redação do PSM 2003, no qual a filha do presidente da Comvest, Flávia Alves Braga, foi aprovada para o curso de Medicina.
Candidatos que teriam tido bom desempenho nas provas objetivas e que tiraram zero na prova de Redação recorreram ao MPF contestando o fato de não terem vistas das provas, não concedido pela Ufam. Na ação, requisitaram cópias das redações de todos os aprovados e reprovados nos cursos de Direito e Medicina, assim como dos demais candidatos. A participação da filha do presidente da Comvest teve outros desdobramentos.
Banca examinadora
Para o MPF, como presidente da comissão, Raimundo Braga era responsável pela indicação dos membros da banca examinadora, recebia as questões por eles elaboradas e as imprimia. Ainda assim, aponta o MPE, a filha dele concorreu e foi aprovada para o curso de Medicina, embora tais fatos já indicassem o impedimento dele para o exercício do referido cargo.
A relação de amizade existente entre o professor Marcos Frederico Krüger, da comissão de elaboração e correção das redações, com o coordenador editorial da Editora Valer, escritor Tenório Telles, foi outro ponto colocado sob suspeita. Segundo a denúncia, editor e professor de cursinho à época, Tenório "editava livros com comentários sobre os romances de leitura obrigatória exigidos nas provas do vestibular elaboradas por Krüger".