100 ANOS DE SOLIDÃO: A série mais fiel já realizada de uma obra prima da literatura mundial

100 ANOS DE SOLIDÃO: A série mais fiel já realizada de uma obra prima da literatura mundial

Foto: Divulgação

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Já está disponível na Netflix a série mais aguardada em 2024 desde que a poderosa do Streaming anunciou em 2019 que havia comprado os direitos do livro do genial escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, “100 Anos de Solidão”, um romance sólido e, para mim, inadaptável para a linguagem audiovisual, mas que aqui se mostra pura, insanamente bela e dando estrutura física, visual, emocional, política e social da utópica cidade de Macondo e seus inesquecíveis personagens, que giram em torno da família Buendía, marcada pela visão científica e espalhafatosa do patriarca José Arcadio Buendía, sua esposa e dona de tudo e a maior consciência desse relacionamento, Úrsula Iguarán. 
 
A produção e direção, assim com a responsabilidade criativa são da cineasta colombiana Laura Mora, junto com o argentino Alex Garcia Lopez, que dividem a responsabilidade pela direção dos 16 episódios.  
 
Neste primeiro momento, a Netflix lançou os primeiro 8 episódios, como primeira parte. A segunda parte vai ser lançada agora em 2025 em data ainda a ser confirmada. 
 
O que é ótimo essa divisão de episódios e o fato dos diretores nesse formato de série poder utilizar com esmero a gigante história multigeracional da família Buendía, que na essência do livro de Gabriel, eclode em uma narrativa detalhada, com descrição de pessoas, fatos e o realismo mágico que marca a imprevisibilidade, mas também o lirismo dessa história tão fantástica, universal para o povo latino, como um retrato humano entre a família, os dramas, traumas, traições e alegrias. 
 
 
A série traduz com pompa uma frase célebre do autor colombiano, que diz: "A vida não é o que se viveu, mas o que se lembra e como se lembra para contar". 
 
E aqui é muito bem contada e realizada. Desde o capricho técnico de cenários naturais, com uma fotografia linda, que retrata bem o ardor da saga dessa família desde o princípio, quando busca o caminho ao mar e cruzam um pântano quase infinito até achar um local que lhes permita criar uma vila, Macondo, que ao passar do tempo se transforma em uma cidade, com famílias, vidas em segredo e transformações. 
 
Qual o segredo da série “100 Anos de Solidão” ser uma adaptação tão fiel e, ao mesmo tempo, se sobressair por sua beleza plástica tão bem conduzida nessa saga dramática? 
 
Respeito pela obra.  
 
Quando os direitos da obra foram vendidas a Netflix, a família de Garcia Márquez exigiu que a série fosse feita na Colômbia e falada em espanhol. Para tanto, os criadores da série queriam dar autenticidade a proposta de se criar a idílica cidade de Macondo de forma natural e não em estúdio. Os produtores providenciaram que fosse construída uma réplica da cidade em uma área livre, próximo a Bogotá, seguindo a descrição narrativa do livro. Com isso as casas eram reais, principalmente a da família Buendía, a casa maior e mais bonita. Tudo é minucioso, desde a direção de arte e cenografia, até o figurino que representa o fim do século 19 e início do século 20.  
 
Outro ponto crucial para a adaptação foi manter uma narrativa em off com trechos da obra de Márquez, como no início, a descrição de abertura do livro, que diz o narrador:  
 
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”.   
 
 
E tá lá, a prosa e na tela a imagem correspondente, que antes ficava no nosso imaginário de leitura, aqui ganha vida com uma propriedade autêntica num close impactante. 
 
O fato do elenco da série ser de atores e “não atores” da Colômbia, promove a identificação imediata dos personagens míticos do livro, uma parte dos que integram a série não eram de profissionais. Mas a direção é tão bem realizada, que extrai intepretações naturais muito bem conduzidas, como é o caso dos atores Eduardo de Los Reyes, no papel do coronel Aureliano Buendía, ou de Gino Montesinos, que faz de forma surpreendente o cigano e alquimista Melquíades – quem leu a obra sabe da sua suma importância na vida do patriarca José Arcadio Buendía. 
 
E o realismo mágico, seria adaptável como tão bem integra a história dessa família? Sim. 
 
A peste do esquecimento que assola os habitantes da cidade, até a chegada salvadora de Melquíades. O rastreio de sangue que cruza a cidade anunciando a morte de um importante personagem. A levitação do padre ou mesmo a chuva de flores amarelas que marca a virada da história de gerações com outra morte importante e avassaladora.  
 
“100 Anos de Solidão” é uma série feita com esmero, paixão e assim como o livro propõe, coloca a política, as questões sociais dentro do parâmetro na formação das ditaduras e a corrupção do poder perante a ignóbil humanidade. Onde os lados políticos são falhos em seu cerne, e Macondo passa por esse processo divisório com massacres, conflitos e dramas familiares que são passados de geração a geração, repetindo erros ou reparando acertos.  
 
 
A série permite na primeira parte acompanharmos a parte essencial do embrião que vai nos mostrar as complexidades de relações das seis gerações de uma família, que deve concluir na segunda parte, ainda ser lançada este ano.Com uma hora por episódio, a narrativa audiovisual é assimétrica conforme a história propõe nas intenções intensas de seus personagens.  
 
Permita assistir a série, mesmo conhecendo a obra de Gabriel Garcia Márquez, como uma realização em dar personificação sólida de seus personagens, motivações, localização e sonhos que permeiam uma utopia que é perseguida, mas nunca concretizada. A idas e vindas das gerações da família Buendía e seus filhos, bastardos e agregados, nos permite vislumbrar uma história universal representativa da América Latina, e até o momento, nessa primeira parte, “100 Anos de Solidão”, a série, cumpre muito bem o seu papel. Uma ótima diversão.  
Direito ao esquecimento

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