Carmênio estava em Rondônia desde 1959 tendo exercido diversos cargos, inclusive prefeito interino da Capital
Foto: Divulgação
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Morreu hoje, 2 de setembro, aos 94 anos, Carmênio Barroso, boêmio, poeta, proprietário do antigo Taba do Cacique, que movimentou as noites de Porto Velhos nas décadas de 70 a 2010.
Quando aqui chegou foi colaborador dos jornais Alto Madeira e O Guaporé, Entre os anos de 1959 e 1963 se formou como técnico de contabilidade. Ainda em 1963 foi professor de Português e Contabilidade Pública na Escola do Comércio, Estudo e Trabalho.
Durante sua vida de estudante secundarista, fundou com amigos o Grêmio Oswaldo Souza. Fundou e dirigiu o jornal “Tribuna Estudantil” e elegeu-se duas vezes presidente da União dos Estudantes do Guaporé – UESG, que depois se transformaria na URES. Criou também com alguns amigos o clube “Bilú Tetéia” que perdurou por longos 25 anos.
Como político, participou ativamente da campanha vitoriosa do Dr. Renato Medeiros à Câmara Federal e exerceu diversos cargos na prefeitura, inclusive o de prefeito municipal. Como secretário da municipalidade respondeu interinamente por diversas vezes pelo cargo de prefeito de Porto Velho nas ausências do titular, Raphael Jayme Castiel. Foi nomeado prefeito em 24 de setembro de 1963, pelo então governador Osvaldo Távora Buarque. Foi preso na madrugada do dia 1º de abril de 1964 pela ditadura militar que se instalou no Brasil, quando exercia interinamente o cargo de prefeito. Por conta disso, foi declarado anistiado político pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça em 2012.
Mas Carmênio Barroso se notabilizou em Porto Velho, foi mesmo em razão da Taba do Cacique, o reduto histórico e tradicional dos boêmios da capital. E, por ironia do destino, a criação da Taba do Cacique está ligada ao episódio de sua prisão em consequência da Revolução de 64. Carmênio, como já foi citado, respondia interinamente pela prefeitura de Porto Velho. Nas primeiras horas da madrugada de 1º de abril daquele ano, a mando do Capitão Anacreontes, interventor do militarismo golpista, a polícia entrou em ação e lhe deu voz de prisão em sua residência, sendo posteriormente levado ao prédio do Palácio do Governo para “prestar contas com a Revolução”.
Acusado pela Ditadura de malversação de verbas públicas, ele foi preso e deposto. Afastado da política na qualidade de cassado, Carmênio, para ganhar a vida, resolveu montar um bar denominado “Caiçara”. Esse bar evoluiu para um restaurante, que veio a se chamar Taba do Cacique, em homenagem ao seu pai, Augusto Barroso, que gostava de literatura indigenista e influenciou na escolha do nome. Criada com estatus de restaurante com cozinha internacional, a Taba do Cacique era inicialmente frequentada por profissionais liberais, gente do alto escalão do governo e integrantes da nascente burguesia local, representada por sócios do Lions e Rotary Club. Ali rolava os regabofes dos endinheirados caciques do pedaço, o papo político e as fofocas da alta sociedade local. Euro Tourinho, proprietário do jornal Alto Madeira, esteve presente à festa de inauguração da casa em 31 de julho de 1966.
Durante sua trajetória de vida, vários foram os projetos culturais apresentados na Taba do Cacique, dentre eles, Canta Candelária (1990), com direção do grupo Cabeça de Negro; Coração Bandido, com Sílvio Santos (2004), Mesa de Bar, com Ernesto Melo (2000), Anjos da Madrugada nos 40 anos da Taba, Prova de Samba (2000), Rubens Parada e Convidados, Bolero, Chorinho e Bossa (2000). Em 2014, aos 84 anos de idade, Carmênio Barroso tornou-se escritor e reuniu uma coletânea de poemas produzidos durante sua caminhada pela vida.
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