OMISSÃO OU CONIVÊNCIA: Ocupação de golpistas no campo da 17ª Brigada do Exército completa uma semana

Desde a última quarta-feira (02), simpatizantes da extrema-direita montaram um acampamento em frente ao quartel sem serem incomodados por nenhuma autoridade

OMISSÃO OU CONIVÊNCIA: Ocupação de golpistas no campo da 17ª Brigada do Exército completa uma semana

Foto: William Homem do Tempo

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Uma semana: é o tempo que já duram as manifestações antidemocráticas no campo de futebol em frente à 17ª Brigada de Infantaria de Selva, no Centro de Porto Velho. E um silencio covarde emana do comando da instituição.
 
Os apoiadores da extrema-direita montaram um verdadeiro acampamento com direito à praça de alimentação, holofotes portáteis, dezenas de ambulantes e banheiros químicos instalados no gramado que está sob responsabilidade do Exército na Capital de Rondônia. 
 
O local utilizado parece que conta com o apoio e conivência dos militares de verde-oliva: os golpistas colocaram barracas de todos os tamanhos no local, com muito churrasco e até cerveja. Inclusive a escultura do Forte Príncipe da Beira virou uma espécie de palanque em frente ao antigo quartel. Chegam denúncias de pessoas armadas dentro do terreno oficial.
 
 
Banheiros químicos que estavam em muro de condomínio, agora foram colocados no gramado - Foto: Rondoniaovivo
 
Se em outra oportunidade, o morador portovelhense de qualquer bairro resolvesse jogar futebol naquele local, seria impedido imediatamente por algum soldado da corporação.
 
“Quando é para jogar bola, eles pedem ofício, tudo documentado com data e horário. Só aí que eles dão autorização para uso do campo da Brigada. Agora, para a baderna em nome de políticos, aí ninguém é incomodado”, alegou um morador do Bairro Caiari, que vive na região há 30 anos.
 
Há sete dias sob a alegação de “protestos pela democracia e em nome da pátria”, os manifestantes (que pedem intervenção militar) autointitulados como patriotas, não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições em 30 de outubro.
 
 
Trio elétrico é usado à toda potência em frente ao quartel para ofender autoridades e personagens da "esquerda ou comunistas" - Foto: Rondoniaovivo
 
Qualquer pessoa que for praticar algum esporte não terá o mesmo tratamento dos atuais invasores, já que soldados da corporação pedem que as pessoas mais comuns se retirem do local com urgência. Até porquê, o gramado já foi completamente destruído e ninguém vai poder usar por muito tempo.
 
Até o momento, nem o próprio comando da 17ª Brigada emitiu qualquer posicionamento oficial sobre o acampamento dos “patriotas” no espaço. 
 
Nesta quarta-feira (09), a equipe de reportagem do Rondoniaovivo foi até a sede da 17ª BIS, para tentar conversar com o comandante da corporação, general Flávio Mathias. Durante 20 minutos, aguardamos no portão do prédio, em um sol escaldante, perto das 11 da manhã.
 
 
General Mathias, atual responsável pela 17ª Brigada, ainda não se posicionou sobre a ocupação do campo de futebol do antigo quartel - Foto: Divulgação
 
Após a espera, fomos atendidos em pé e no acesso do prédio pela Rua Rogério Weber, pelo responsável pelo setor de comunicação, subtenente Clédison Júnior, que nos informou que os posicionamentos oficiais serão emitidos somente pelo alto comando do Exército em Brasília (DF). 
 
Contudo, em conversa com o repórter e o fotógrafo do jornal eletrônico, ele alertou que quando o movimento antidemocrático for encerrado, as possíveis lideranças serão responsabilizadas. 
 
“Quem sujou vai ter que limpar, quem fez buraco no campo vai ter que tapar”, afirmou ele, apesar de dizer que não foi emitida nenhuma liberação oficial e que não receberam nenhum documento de entidade ou empresa solicitando o uso. Apenas chegaram e ocuparam o terreno militar. 
 
 
Escultura do Forte Príncipe da Beira virou "palanque" de golpistas
 
Ou seja, virou bagunça, virou na expressão local: uma fuleiragem. E na verdade, não terão como responsabilizar ninguém já que não tem um responsável legal pelo ato antidemocrático.
 
Questionado pelos profissionais da imprensa, Clédison não soube informar quem são os organizadores dos atos que pedem a intervenção militar e nem quem autorizou a permanência dos apoiadores no local. 
 
No entorno do campo da brigada, temos carro de som, trio elétrico, banheiros químicos dentro do campo, além de barracas de empresas. Questionado sobre quem autorizou e quem está pagando, o oficial não soube responder.
 
 
Intervenção federal? Em diversas faixas há um pedido de "socorro" para as Forças Armadas, o que caracteriza GOLPE MILITAR
 
Desta forma, percebe-se a total falta de responsabilidade do general Flavio Mathias, que supostamente está prevaricando na função e até mesmo se acovardando frente a golpistas antidemocráticos que ocuparam parte de seu quartel. Seu silencio ecoa como musica aos golpistas, que pelo fato do comandante estar ‘cego, surdo e mudo’, acreditam que podem estar na área militar sem nenhuma sanção. 
 
 
Equipe da PM estava no local e não incomodou manifestantes antidemocráticos - Foto: Rondoniaovivo 
 
Respostas
 
O Rondoniaovivo também entrou em contato com o Ministério Público Federal (MPF), que por meio de nota, informou que não há procedimento preliminar de investigação sobre a presença dos manifestantes no campo da 17ª Brigada de Infantaria de Selva e não há no órgão representação (queixa) de pessoa ou instituição sobre a manifestação no local.
 
Todavia, uma moradora de um prédio próximo do local de farra ou algazarra (escolha o termo que achar mais adequado), informou à reportagem que já houve o registro de quatro boletins de ocorrência na Central de Flagrantes da Polícia Civil. O condomínio tem 22 apartamentos, e de acordo com ela, até agora, ninguém tomou nenhuma providência.
 
 
Mais pedidos dos manifestantes da extrema-direita, que dizem que não são bolsonaristas, mas patriotas
 
Ainda segundo a moradora, a fachada do prédio dela virou depósito de latinhas de cerveja, além de exalar um forte odor pelos manifestantes usarem o local como banheiro. 
 
“Antes de colocarem os banheiros, as pessoas usavam o muro do condomínio para urinar. Chegaram a colocaram os banheiros químicos encostados aqui. O líquido podre vazava e a situação só ficava pior. Ainda são mais porcos ainda, já que deixam as latinhas de cerveja no caminho da entrada dos moradores. Essa situação é absurda”, comenta ela. 
 
 
Barracas de todos os tamanhos mostram organização da praça de alimentação montada pelos participantes dos atos antidemocráticos
 
Além de ninguém tem sossego por conta do mau cheiro, dia e noite o barulho no local é intenso. 
 
“É música, festa e cerveja todos os dias, incluindo os dias normais de trabalho na semana. Queremos descansar, mas não conseguimos. Pedem respeito, querem protestar, contudo não respeitam nosso direito e espaço. Isso é uma baderna sem controle de ninguém. Nenhum órgão público toma providências”, desabafou a mulher.
 

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