O Conselho Federal de Odontologia afirma que o profissional que insistir na execução dos serviços que são proibidos pelo colegiado pode ter a inscrição profissional suspensa ou até mesmo cassada. Veja quais os serviços que são proibidos pelo CFO.
Foto: Divulgação
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Apesar de os cirurgiões-dentistas serem proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) de realizarem procedimentos estéticos cirúrgicos de blefaroplastia, cirurgia de castanhares (ou lifting de sobrancelhas), otoplastia, rinoplastia e ritidoplastia (ou face lifting), muitos deles passam por cima dessa determinação e executam esse serviço mesmo sem terem conhecimento técnico, colocando em risco a saúde do paciente.
De acordo com a Resolução 230 do CFO, oficializada em agosto do ano passado (2020), o profissional que insistir na execução desses serviços pode ter a inscrição profissional suspensa ou até mesmo cassada.
A equipe do jornal entrou em contato também com o Conselho Regional de Odontologia (CRO) para saber qual o número de denuncias existente em relação à transgressão dos profissionais no que tange a Resolução 230, a resposta do colegiado foi a seguinte:
“Geralmente, recebemos entre 05 a 10 denúncias por mês quanto à infração ética (propaganda e publicidade irregular) onde a Resolução n. 230/2020 veda a participação do profissional cirurgião- dentista. Muitas denúncias recebidas são de antes e depois, procedimentos de orelha, entre outros”.
Relato: paciente quase perde o nariz
Recentemente, um paciente, que não quer se identificar, por isso vamos usar o nome fictício de “Renata”, revelou ao Rondoniaovivo que recorreu a um médico cirurgião plástico de Porto Velho para resolver um problema grave em seu nariz, resultado de uma “rinoplastia” realizada por uma cirurgiã-dentista, que deixou a paciente com quadro depressivo.
“Renata” fez o procedimento em 2017. Ela queria deixar o nariz com um formato mais arredondado para harmonizar com o rosto. Na época, a cirurgiã-dentista fez um “reposicionamento do nariz”. A profissional utilizou fio de náilon em várias partes da narina, fechando a asa nasal. Em seguida, afirmou que colocaria ácido hialurônico para fazer o preenchimento e dar a formato “ideal”.
Porém, a profissional não usou ácido hialurônico, substância que é absorvida pelo organismo e recomendada cientificamente. Ela aplicou o PMMA, produto não indicado pela ciência por tratar-se de um tipo de plástico que não é incorporado pelo corpo.
Situação só piorava
Com dificuldade para respirar e sentindo dor, ela retornou à odontóloga para solucionar o problema. Durante três anos, foram três novas intervenções, todas pagas, na tentativa de resolver a situação, só que o nariz da paciente ia ficando cada vez pior, inclusive evidenciou, e muito, o desvio de septo que ela tinha.
Depressão
“Mesmo após os reparos cirúrgicos executados pela cirurgiã-dentista, o local continuava avermelhado, dolorido e a dificuldade de respirar se mantinha, além do acentuado desvio do septo”, disse. Tudo isso a levou a um quadro depressivo. “Como trabalho com a minha imagem, essa situação acabou com a minha autoestima”, revelou.
Médico fala do perigo de se utilizar o PMMA
Neste ano de 2021, “Renata” decidiu recorrer a um cirurgião plástico. “O médico precisou fazer uma série de exames para saber, entre outras questões, que tipo de produto a profissional tinha utilizado, pois quando perguntei o que havia aplicado, ela falou tecnicamente que havia feito o melhor para me sentir bem, mas não citou o nome PMMA”.
O cirurgião plástico revelou que os problemas que a paciente vinha apresentando ao longo desse tempo era provocado pelo PMMA e que chegaria o momento em que o nariz iria “afundar”, uma vez que essa substância vai corroendo a cartilagem.
De acordo com o médico, esse produto pode provocar inúmeras complicações ao longo do tempo, a exemplo de necrose do tecido, alergias, infecções, nódulos, bem como dor e enrijecimento da área onde foi aplicado.
Custos
A primeira cirurgia, junto com as outras três realizadas pela cirurgiã-dentista na tentativa de corrigir o problema, custou a ‘Renata” o valor de R$ 16 mil. Se tivesse ido ao médico especialista teria investido cerca de R$ 12 mil na rinoplastia.
No entanto, como necessitou corrigir o problema, que é mais complicado, assim como gastar com uma série de exames, o valor ficou em torno de R$ 22 mil. “Como me arrependo. Fui ao dentista porque acreditava que seria mais em conta e, principalmente, por confiar muito nela por ser minha amiga”.
Para o cirurgião plástico, este é o típico caso do “barato que custou caro”. Ele recomenda que ao decidir por um procedimento cirúrgico, por mais simples que possa parecer, a pessoa se informe sobre o profissional que irá executar o serviço, se é capacitado tecnicamente, e o tipo de material que irá usar.
Repercussão nacional
Este mês, um caso semelhante ao de Renata, ocorrido no Distrito Federal, ganhou repercussão nacional. A paciente quase perdeu parte do nariz e passou por uma romaria de onze profissionais até encontrar um que resolvesse seu problema. Foram cerca de cinco horas no centro cirúrgico para “corrigir” o erro do odontólogo.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!