Mãe de Ana Catarina, de 5 anos, a médica Ana Paula Freitas, 37, teve covid-19 em janeiro, e da mesma forma, o esposo, a mãe, e os avós paternos pertencentes ao grupo de risco
Foto: Divulgação
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Mãe de Ana Catarina, de 5 anos, a médica Ana Paula Freitas, 37, teve covid-19 em janeiro, e da mesma forma, o esposo, a mãe, e os avós paternos pertencentes ao grupo de risco. Sentiu-se culpada, teve medo de perdê-los. Ela atua no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, cuidando de gestantes.
“Eu sempre sonhei ser médica, hoje trabalho todos os dias para realizar esse sonho, exercendo a medicina com ética”, ela diz.
“Ser mãe é um lindo e constante desafio, sobretudo, uma bênção de Deus, uma dádiva, uma importante missão de cuidar; é ser orgulhosa, assim como eu sou de Ana Catarina, meu presente divino que foi planejada e concebida enquanto eu ainda fazia a faculdade de medicina”, relata.
Desde bebê, Ana Catarina conhece a rotina da mãe, que procura estar sempre presente no lar, orientando-a, brincando e se esforçando para que ela possa ser feliz e saudável.
No entanto, cuidar de pessoas inicialmente lhe desafiou: “Eu me acovardei algumas vezes, tive medo de levar o vírus para minha família, medo de faltar para minha filha, o meu bem mais precioso”.
O medo maior, conforme ela explica, foi de morrer e não criar Ana Catarina. “Eu me frustrei, fiquei muito triste, porque eu escolhi essa profissão que amo e no começo da pandemia eu travei, mas hoje entendo a doença, sabemos se ele vai progredir ou não, e assim conseguimos lidar melhor com ela”.
Atualmente se sentindo encorajada e mais segura, a médica aprendeu mais a respeito da covid-19 e sai de casa com mais tranquilidade.
“Ainda tenho algum medo decorrente de tantos casos dessa doença, mas me sinto feliz em contribuir para o restabelecimento da saúde das pessoas que precisam de mim; nem sempre isso acontece, mas quando acontece é muito gratificante”, diz a médica.
Conforme a médica, o paciente de covid-19 demanda muita atenção dos profissionais de saúde, e os dramas diários comovem os profissionais da área. “A doença é muito sorrateira, traiçoeira, as coisas mudam muito de um dia para o outro, não dá muito para certeza de como a gente vai evoluir depois de pegá-la”, analisa.
Ana Paula já sentiu aumentar a carga emocional dela e dos colegas, e acredita que as pessoas não têm a dimensão do que é ver uma gestante entubada, ou daquela que teve o parto antecipado, morreu e deixou o bebê – situações por ela vivida ultimamente. Segundo Ana Paula, o clima no trabalho de cuidar do internamento de mulheres mães no HB representa muita responsabilidade. “Eu fico me questionando: onde essa mulher estava, para se contaminar?”
Reiterando a escolha profissional, ela assegura: “Apesar de tudo o que vem acontecendo na pandemia, o meu desejo é exercer da melhor maneira o que escolhi para minha vida, e estar aqui todos os dias, dando o melhor que eu posso para os semelhantes”.
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