Região fechou o ano com 5,86 milhões de consumidores negativados, a maior proporção do País
Foto: ilustrativa
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A melhora gradual da conjuntura econômica somada a algumas ações pontuais, como campanhas de renegociação de dívidas e a liberação dos recursos do FGTS não foram suficientes para aliviar o bolso da população nortista neste início de ano. A região fechou o último ano de 2019 com 5,86 milhões de consumidores com contas em atraso e registrados em lista de devedores, o que representa 47,3% da população com 18 anos ou mais. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número reflete o quadro de dificuldade que ainda pesa sobre as famílias da região.
Segundo o levantamento, as famílias nortistas são as que mais enfrentam dificuldades que impactam diretamente sua capacidade de pagamento. O desemprego caiu na região, mas ainda atinge um contingente de 437 mil pessoas; a renda começou a recuperar-se, mas ainda permanece em níveis próximos daqueles de antes da crise. Proporcionalmente, os estados nortistas concentram a população mais negativada.
Na sequência surge o Centro-Oeste, com 42,5% dos habitantes (5,14 milhões) nesta situação; o Nordeste, com 40,2% da população (16,59 milhões); o Sudeste, com 37,4% (25,21 milhões); e o Sul, com 8,20% (8,20 milhões). Em todo o País, o número de consumidores registrados nos cadastros de proteção ao crédito alcançou a marca dos 61 milhões em dezembro, o que corresponde a 39,02% da população brasileira adulta.
A pesquisa mostra que o volume de negativados aumentou 4,85% na região Norte em 2019 em relação a dezembro 2018, quando foram anotados 5,64 milhões de consumidores nesta situação (46,5% da população). Também foram observadas altas nas regiões Centro-Oeste (3,76%), Sul (0,71%) e Sudeste (0,70%). Já nos estados nordestinos foi verificada uma redução de 3,25%. Em todo o País, o montante de pessoas com contas em atraso caiu pelo segundo mês seguido e encerrou o ano de 2019 com uma pequena queda de -0,2% na comparação com o ano anterior. A título de comparação, em 2018 o indicador havia encerrado o ano com uma alta expressiva de 4,4% no número de inadimplentes.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a inadimplência no País mais bem comportada neste início de ano reflete um cenário de recuperação de crédito, impulsionado pelas campanhas de renegociação promovidas no fim do ano passado. "A expectativa é de que a inadimplência siga em queda pelos próximos meses, mas a passos lentos. A aceleração desse quadro passa pela continuidade da melhora econômica e, em especial, daquilo que toca diretamente o bolso do consumidor: emprego e renda. Mesmo com a inadimplência caindo aos poucos, as famílias ainda enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos em dia, tanto é que há um estoque elevado de pessoas com contas sem pagar", explica Pellizzaro Junior.
Em 2019, o número de devedores da região Norte avançou 1,84%, em relação ao ano anterior. Na comparação mensal, isto é, novembro e dezembro, houve queda de 1,30%. Em todo o País, ambas as análises foram negativas: -3,30% e -1,02%, respectivamente. Em relação ao ano anterior, este foi o terceiro ano de queda, uma vez que foram registrados recuos também em 2016 e 2017.
Em dezembro de 2019, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.257,91 na soma de todas as dívidas. Em termos reais, o valor total das dívidas em atraso se mantém estável desde 2017. Os dados ainda mostram que quase quatro em cada dez consumidores (36,7%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 52,8% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Inadimplência cresce 3,7% entre idosos, mas cai na faixa entre 18 e 39 anos
O indicador ainda mostra que a inadimplência tem apresentado comportamentos distintos, conforme a faixa etária. No último mês de dezembro, houve queda expressiva na parcela mais jovem da população, enquanto observou-se uma alta entre os mais velhos na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve queda de 21% na quantidade de inadimplentes. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, a alta foi de 3,7%.
O número de devedores também caiu entre os que têm de 25 a 29 anos (-11,2%) e de 30 a 39 anos (-3,2%). Considerando as pessoas de 50 a 64 anos, houve uma alta de 1,8% na inadimplência, ao passo que ela ficou em apenas 0,8% entre os de 40 a 49 anos. “A permanência maior dos idosos no mercado de trabalho e, portanto, mais ativos no mercado de consumo, assim como a renda menor este estágio da vida, são fatores relevantes que impulsionam a inadimplência neste público. Há ainda o hábito que alguns idosos possuem de emprestar o nome a terceiros, geralmente familiares, principalmente diante da facilidade de acesso ao crédito consignado. Com o desemprego alto, em muitas famílias o idoso que recebe a aposentadoria é a única fonte de renda”, analisa a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
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