RISCO - Secretaria cobra plano de evacuação de emergência das duas usinas e alerta falhas na segurança de monitoramento

Secretário da Sempedec disse que ainda falta instalar câmeras filmadoras na barragem, gerando um monitoramento obrigatório e defensivo, além de um sistema de alarme na cidade em vista desse procedimento de segurança.

RISCO - Secretaria cobra plano de evacuação de emergência das duas usinas e alerta falhas na segurança de monitoramento

Foto: Divulgação

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Na última sexta-feira, dia 10, um alerta de transbordamento do rio Madeira ocorrido na Usina de Jirau, em uma área ao lado do rio, denominada “ensecadeira”, acabou causando pânico entre os operários e viralizou nas redes sociais e mídia devido aos vídeos postados pelos próprios funcionários do consórcio construtor. As cenas chocaram pela correria, todos buscando os acessos mais altos da barragem para fugir de uma suposta invasão das águas. A imagem das águas descendo por sobre o muro foi registrado e com aflição e mostrada por alguns operários.

Essa situação crítica acabou gerando ainda mais especulações e acirrou discussões sobre a segurança que a usina de Jirau tem em relação aos procedimentos quanto a possíveis situações de risco.
 
Em vista desse fato, coincidentemente, a Prefeitura de Porto Velho, através da Secretaria Municipal de Projetos Especiais e Defesa Civil (Sempedec) reiterou essa semana cobrança das Usinas de Jirau e Santo Antônio a apresentação obrigatória de um “Plano de Evacuação de Emergência”.
 
Justo este plano que deve dar respaldo as ações de proteção a serem deflagradas pela Defesa Civil caso ocorra qualquer acidente das duas usinas de grande proporção.
 
Esse plano é uma obrigação regida por lei e que deve ser entregue a Prefeitura. Consta na Sempedec que o próprio Ministério Público já instaurou inquérito civil a respeito e o Ibama solicitou com urgência o documento.
 
Em matéria divulgada ontem (13) pela coordenação de comunicação da Prefeitura de Porto Velho, o secretário da Sempedec, Vicente Bessa, disse já ter alertado as duas usinas da obrigação da entrega desse plano, que deve ser elaborado em conjunto entre as usinas de Jirau e Santo Antônio.
 
Sobre esse documento, Bessa ressaltou que um dos itens primordiais é a quantificação do tempo do trajeto das águas, em caso de acidentes, o que dá margem à Defesa Civil de programar a retirada de pessoas das áreas consideradas de risco.
 
FALHA NO MONITORAMENTO
 
Um dos detalhes notados no alerta ocorrido na Usina de Jirau na semana passada foi observar que toda a ação de retirada dos operários foi feita em cima do “olhômetro”, ou seja, não havia um sensor ou mesmo um sistema de alarme que colocasse todos a par de uma possível situação de risco.
 
Vicente Bessa disse que ainda falta instalar câmeras filmadoras na barragem, gerando um monitoramento obrigatório e defensivo, além de um sistema de alarme na cidade em vista desse procedimento de segurança.
 
“São medidas obrigatórias para que em caso de algum acidente a população seja comunicada com a antecedência necessária. Precisaríamos fechar ruas para facilitar a evacuação e translado das pessoas para áreas seguras. Para todos esses procedimentos precisamos de instruções técnicas, que devem constar nesse plano”, disse Vicente Bessa.
 
O secretário, no entanto, disse que considera baixa a possibilidade de riscos com as usinas do rio Madeira, porém é enfático em alertar que se tratam de obras de engenharia e devem sempre ser vistas como “possibilidades reais” em caso de acidentes de grande proporção.
 
Ele lembrou bem que este ano houve um rompimento de barragem no Estado do Amapá e alagou uma cidade com trinta mil habitantes e em 2013, na Rússia, ocorreu o estouro de uma barragem de hidrelétrica que acabou matando trinta mil pessoas.
 
“Riscos sempre existem. É preciso que a Defesa Civil esteja preparada”, ressaltou Vicente Bessa.
 
 
EXPLICAÇÃO DE “TRANSBORDAMENTO”
 
Sobre o alerta de sexta-feira (10) na Usina de Jirau, o chefe do núcleo de segurança e saúde do MTE/RO, Juscelino Durgo, disse que após visita de fiscais no local, ficou constatado que não houve vazamento de água através da estrutura, mas o transbordamento do manancial por sobre o muro. Dizendo ele que ocorreu um descompasso entre as comportas e o fechamento das turbinas, gerando uma onda que acabou transbordando a ensecadeira que passa ao lado do muro, o que resultou na água transbordando.
O Consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) se comprometeu junto à fiscalização do MTE-RO a resolver a situação até essa sexta-feira, terminar de subir a altura do muro da ensecadeira.
 
Na ocasião esse problema em Jirau a Defesa Civil Municipal foi informada pela usina e uma equipe designada acompanhou todos os procedimentos, como observar a subida de água nos vertedouros e permanecer de plantão no final de semana no distrito de Jaci Paraná. Até mesmo um helicóptero foi disponibilizado pelo Corpo de Bombeiros para vistoriar a situação. Porém Bessa achou desnecessário para não causar pânico na população após a divulgação das imagens do ocorrido nas redes sociais.
 
JOGO DE “EMPURRA EMPURRA”
 
Sobre o Plano de Evacuação de Emergência existe um jogo de empurra empurra entre as duas usinas, pois cada uma alega que depende da outra para desenvolver o documento.
“Ocorre que as duas (usinas) preciam montar em conjunto, pois no caso de um acidente em Jirau, Santo Antônio deveria ter capacidade de suportar o volume de água descido. Não podemos aceitar planos separados, pois ele deve ser um plano conjunto”, disse o secretário.
 
Por fim a Sempedec, através do secretário, estuda uma forma para agir de maneira mais incisiva na apresentação desse plano, extremamente necessário para a segurança da população de Porto Velho.
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