Reeducandos expõem produtos artesanais na Casa de Cultura Ivan Marrocos
Foto: Divulgação
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A Cooperativa de Trabalho Multidisciplinar da Amazônia, Cootama, está expondo na Casa de Cultura Ivan Marrocos, em Porto Velho, os trabalhos produzidos por
reeducandos do sistema prisional. Entre os produtos, confecção em crochê, quadros, sofás e pufes de reaproveitamento de madeira, pneus e garrafas PET, além de cerâmica e madeiras.
A presidente da cooperativa, Dulce Gonçalves Braga, diz que o trabalho é desenvolvido nas penitenciárias Vale do Guaporé, Aruana, Urso Branco e Presídio Feminino, tendo a parceria da Secretaria de Estado do Planejamento (Sepog), que “cede um carro para transporte das peças, além de ter conseguido, recentemente, a aquisição de cinco máquinas para confecção de bolsas e sacolas com reaproveitamento da reciclagem de banners”.
Do que é produzido e vendido – como por exemplo na Rondônia Rural Show do ano passado, em que um caminhão lotado fez o transporte dos materiais – parte fica com a cooperativa para repor o material (50%), outra parte (15%) vai para a unidade prisional e o restante (35%) para a família do reeducando.
Para o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), João Bosco Costa, o trabalho desenvolvido é muito importante, pois ajuda a ocupar o tempo dos reeducandos que estão no regime fechado, “proporcionando uma qualificação, cujo objetivo é a reinserção social, buscando sempre o sistema progressivo”, ou seja, “do sistema fechado para o aberto”.
Segundo ele, esta é uma preocupação do atual governo que, por meio destas atividades artesanais, busca desafogar o sistema prisional, propiciando ao apenado uma oportunidade de trabalho ao sair. Com todas as ações desenvolvidas, disse, “Rondônia em breve será referência para o país, pois este é um projeto de governo e veio para ficar”.
Passando pela casa de cultura, a professora aposentada Neuza das Graças Bento da Silva, 65 anos, ficou maravilhada ao saber que o trabalho era de reeducandos. “Fiquei impressionada. Se fizerem mais trabalhos iguais a este, o Brasil melhora. Eles (reeducandos) vão ter uma profissão e trabalhar com amor e numa coisa que gostam”, declarou.
EXEMPLOS
A técnica em enfermagem e funcionária pública atuante no Cemetron, Gricel Gicela Quinonez, por alguns tropeços na vida, acabou sendo condenada a 5 anos e 6 meses no regime semiaberto e conseguiu ajuda para “limpar a mente e melhorar a autoestima”, com o trabalho da Cootama e da dona Dulce.
Para ela, “toda pessoa é ressocializável, desde que tenha uma oportunidade, pois a ociosidade traz coisas ruins em nossa vida. O trabalho pode melhorar uma pessoa e dar uma formação”, desabafa a técnica que sofreu o preconceito dos amigos e familiares por ter se deixado levar pelas más companhias. “Mas agora estou super bem, trabalho e tenho muito orgulho do que sou e do que produzo”.
Já Sandro Monteiro de Oliveira cumpre pena no semiaberto, passando o dia na cidade e indo dormir na colônia agrícola penal. Ele diz que começou a frequentar as aulas de pintura no Urso Branco para passar o tempo, “mas aí descobri que tinha sensibilidade para o trabalho e me dediquei cada vez mais”.
Hoje, ele pinta seus quadros e também é instrutor de pintura, o que o ajuda a ganhar um dinheiro para seu sustento e ajudando a outros reeducandos a descobrir o talento dentro de si, pois “todos tem coisas boas para passar”.
Gleidson Pedraza também foi parar no sistema. “Puxei cinco anos entre o Urso Branco e o Panda”. Mas quando foi para o Panda sua vida começou a tomar um outro rumo, pois já trabalhava com tapeçaria. E ao ver madeiras sendo desperdiçadas e junto com um outro detento, “conseguimos montar a oficina, comprar material e iniciar o trabalho dentro da unidade”.
“Me tornei instrutor de tapeçaria e aproveitamos sobras de madeiras e garrafas PET para confeccionar pufes, reforma de sofás e só não consertamos bancos de carro pois fica complicado dentro da prisão”, explica Geidson que, junto com Dulce, foram os precursores da reciclagem de pneus para confeccionar cadeiras e poltronas dentro das unidades.
Quando ele começou o trabalho, foi realizada uma seleção de apenados. Hoje são em torno de 10 a 15 alunos e os que trabalham fixo na oficina, ganham remissão de pena e também trabalham como instrutores. Com o trabalho já ganhou condicional e hoje sobrevive com o trabalho em sua residência. “Estou tentando um projeto para abrir uma oficina mais ampla para poder aproveitar a mão-de-obra do pessoal do semiaberto. Vamos conseguir”.
OUTRAS AÇÕES
João Bosco Costa cita outro exemplo de trabalho com os reeducandos – a Fazenda Futuro. Este Complexo Agrícola Penitenciário possui 300 hectares, onde foi realizado o trabalho de correção e tratamento de solo para o plantio de abacaxi, banana, macaxeira. Esta produção servirá para ajudar a abastecer os refeitórios dos presídios, que serão montados por intermédio de uma parceria público privado. com produção de parte dos alimentos dos próprios reeducandos.
Também está em execução a construção de galpões em unidades prisionais para a produção de bloquetes de concreto que servirão para o próprio governo do estado calçar ruas, praças e calçadas bem como realizar parcerias com os municípios. Em todos os trabalhos executados pelos reeducandos, eles gozarão da remissão de pena, ou seja, para cada três dias trabalhado, haverá a redução de um dia de pena, além de aprender uma nova profissão.
COOTAMA
Quem não puder participar da mostra na Casa de Cultura Ivan Marrocos, a COOTAMA fica na avenida Calama, 6253, ao lado do Instituto Federal de Rondônia, Ifro, e possui as peças para venda ao público. O telefone para contato é 9224.5463. As peças variam de preços, sendo as de tapeçaria custando de R$ 5,00 a R$ 50,00 e os pufes e conjuntos de sofás de R$ 30,00 a R$ 250,00.
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