Um suposto caso de negligência médica ocorrido nas dependências do Hospital de Pronto Socorro João Paulo II foi denunciado na Promotoria de Defesa e Proteção da Saúde, no Ministério Público do Estado de Rondônia...
Foto: Divulgação
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Um suposto caso de negligência médica ocorrido nas dependências do Hospital de Pronto Socorro João Paulo II foi denunciado na Promotoria de Defesa e Proteção da Saúde, no Ministério Público do Estado de Rondônia, no último dia 07 de julho, mas somente agora foi revelado pela família da vítima, Thaysla Taveira Martins, de 20 anos, morta no último dia 30 de junho.
De acordo com o Termo de Declarações nº 619/14, a denúncia feita pela senhora Maria da Silva Taveira, a sua filha, Thaysla, sofreu um acidente de trânsito no dia 27 de junho, quando retornava da faculdade que estudava, na zona Leste de Porto Velho. Acidente esse registrado no Boletim de Ocorrência nº 14E1018003765, da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito. Na mesma noite do acidente ela foi internada no Hospital de Pronto Socorro João Paulo II. Logo foi feito um Raio-X da perna, pois apresentava algumas escoriações e havia suspeita de fratura, que acabou não se confirmando.
Jovem Thaysla Taveira Martins
Porém, de acordo a mãe, a filha apresentava dores por todo o corpo e que mesmo assim nenhum outro exame foi solicitado ou feito. No período que ficou internada Thaysla recebeu apenas as medicações Dipirona, Dramim e Dramal.
Outra situação que dona Maria considerou grave foi o fato de que mesmo a sua filha internada ela não teve direito a um acompanhante, pois de acordo com o Hospital a paciente não enquadrava na relação das prioridades.
Na denúncia oferecida ao Ministério Público ainda discorre sobre uma situação dramática e agravante, pois segundo a família, Thaysla deu entrada no hospital na noite de sexta-feira, por voltas das 20h30, porém os seus ferimentos só foram lavados a meia-noite, após muita insistência da mãe, que contou com a ajuda de um enfermeiro – que a ajudou a despir a paciente – e deu um banho.
Ainda no sábado a jovem estudante apresentou uma crise de vômitos e os médicos falaram que era normal, pois ela estava desidratada. Essa crise permaneceu no domingo também. Uma tala que havia sido colocada no pé de Thaysla ainda na sexta-feira, só foi retirada no domingo, após a jovem reclamar de muitas dores. Nesse dia por volta das 22h a mãe de Thaysla saiu do hospital e ela aparentava estar bem.
Na madrugada de segunda-feira (30) por volta das 01h Maria da Silva recebeu uma ligação da direção do hospital, solicitando urgentemente a sua presença, pois o estado de saúde da sua filha havia agravado. Quando chegou por volta das 02h30 uma médica que lhe atendeu informou que a paciente havia desmaiado quando retornava do banheiro e que provavelmente sofreu uma queda no local. Minutos depois outro médico lhe disse que a sua filha estava com diversas fraturas pelo corpo e por isso estava sendo levado ao centro cirúrgico.
No relato da mãe junto a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde ela conta que uma servidora da portaria do hospital lhe falou que viu o momento em que sua filha desmaiou e que as informações do primeiro médico estavam incorretas, pois, de acordo com a servidora, a paciente levantou da maca, deu apenas alguns passos e logo depois desmaiou.
Thaysla sofreu cinco paradas cardíacas antes de falecer. A mãe desconfiou desde o início do tratamento que a sua filha recebeu e disse que havia suspeita de negligência médica. Somente um laudo médico pericial poderia comprovar sua suspeita – a sua filha deveria ter muitos mais ferimentos e que não foram encontrados no início o que agravou o seu quadro clínico. A resposta acabou vinda do Instituto Médico Legal (IML) e o resultado a deixou perplexa, assim como todos os familiares.
IML, FRATURAS E HEMORRAGIA
O choque de dona Maria ao saber do resultado pericial do legista no Instituto Médico Legal acabou lhe provocando a dor da revolta, da indignação. No IML ela foi informada que a sua filha estava com 06 (seis) costelas quebradas e uma fratura no peito. Ela disse que o hospital informou que a causa da morte foi hemorragia interna, mas não disseram a existência das fraturas.
De acordo com Laudo de Exame Tanatoscópico, nº 287/2014 – (OC. Nº 14E1018003810. Guia nº 026/2014 – DEDT Data: 30/06/2014), o corpo de Thaysla deu entrada no IML às 17h do dia 30/06/2014, acompanhada do Guia de Remoção de Cadáver nº 026/2014-DEDT.
Das quatro perguntas feitas pelo laudo junto ao perito, três são essenciais para compreender a denúncia da família contra o Hospital de Pronto Socorro João Paulo II, os questionamentos foram: “Se houve morte?”, “Qual a causa da morte?” e “Qual o instrumento ou meio que produziu a morte?”.
Em um trecho do laudo consta a seguinte descrição: “(...) Observa-se fratura do osso esterno no seu terço médio, fratura do 2º, 3º, 4º e 5º arcos costais direitos na sua porção posterior, luxação da articulação acrômioclavicular direita e vísceras tópicas na cavidade torácica”.
No que o relatório conclui da seguinte forma: “Trata-se de cadáver humano do gênero feminino, adulto jovem, vítima de traumatismo toracoabdominal grave causado por acidente de trânsito (colisão carro x moto) com grande HEMORRAGIA INTRATORÁCICA E INTRABDOMINAL que feio a falecer, mesmo diante dos esforços médico-hospitalares, tal a gravidade das lesões. Dessa forma, o choque hipovolêmico causado pela hemorragia interna, foi à causa direta do óbito”.
Sobre as questões em aberto, as respostas foram: “Sim”, “Choque hipovolêmico (hemorragia interna) por traumatismo trocacoabdominal” e “Ação mecânica de alta energia vulnerante produzido pelo acidente automobilístico (colisão carro x moto)”.
APURANDO DENÚNCIA
A família de Thaysla Taveira enfatizou juntou a Promotoria de Justiça de Defesa de Saúde, no Ministério Público do Estado de Rondônia, que diante das denúncias e comprovações que foram levadas em anexo que sejam tomadas as providências necessárias para apurar o tratamento médico que recebeu a jovem no período em que ficou internada no Hospital de Pronto Socorro João Paulo II.
DIREÇÃO DO JP II RESPONDE
A reportagem do Rondoniaovivo entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital de Pronto Socorro João Paulo II que emitiu a seguinte nota em relação a denúncia:
“A direção do Pronto Socorro João Paulo II esclarece em relação ao caso da paciente Thaisla Tavares Martins que deu entrada no dia 27 de junho deste ano, vítima de acidente de trânsito, e que veio a óbito no dia 29, tem conhecimento extraoficial sobre a denúncia, e que aguarda oficialmente documentos do Ministério Publico, mas, esta direção tem todo interesse em ajudar a todos os interessados nesse caso. O diretor da Unidade Carlos Alberto Caieiro, ressalta que nesta unidade de saúde trabalham as mais eficientes equipes médicas do Estado. E que se for confirmado negligência por parte de algum profissional, todas as providências serão tomadas.”
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