CHEIA – Desabrigados relatam período em que estão nos abrigos da Defesa Civil Estadual

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CHEIA – Desabrigados relatam período em que estão nos abrigos da Defesa Civil Estadual

Foto: Divulgação

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Instalada com a filha, o genro e um neto numa barraca no Parque de Exposições, a doméstica Adriana Correia supera a incerteza que tem em relação ao futuro esbanjando otimismo. “Melhor estar aqui. Se ficasse em casa estaria correndo risco de vida”, revela. Ela é uma das 20 famílias instaladas no abrigo montado pela Defesa Civil Estadual para desabrigados pela enchente do rio Madeira.

Adriana completou ontem duas semanas no abrigo e disse, entre um sorriso e outro, que está bem acomodada. O calor na barraca, segundo ela, não é um problema. “Não precisamos ficar aqui dentro o tempo todo. Há muito lugar para passear, há academia e os barracões. Tudo aqui é de ótima qualidade”, conta.

Moradora do bairro Nacional, Adriana pediu à Defesa Civil Estadual para ser retirada de sua moradia porque o piso cedeu e tornou o imóvel inabitável. Ela já abrigava a filha com o genro e filho, cuja casa foi praticamente coberta pelas águas.  “Aqui temos liberdade para sair a qualquer hora, recebemos visitas todos os dias, o banheiro é ótimo. Estamos muito bem”, diz em relação às acomodações.

Lutas

Também abrigado no alojamento está o catarinense Antônio Roque Schimitz, que veio com outras 18 famílias de produtores rurais do assentamento Joana D’Arc, localizado a 120 quilômetros da cidade, com entrada pela BR 319. Agricultor, ele já sabe que não poderá retornar ao sítio, cujas terras não são mais produtivas. “Estamos há apenas dois dias neste abrigo e temos recebido o melhor tratamento. Tudo é de primeira qualidade. Quando falta alguma coisa, os bombeiros providenciam logo. Nosso futuro é que não é dos melhores em relação às terras que deixamos para trás”, conta, indignado.

Antônio Shcmitz explica que sempre trabalhou na agricultura e que chegou a Rondônia há 34 anos. Pioneiro no assentamento Joana D’Arc, ele diz que perdeu tudo o que plantou, assim como os demais agricultores da região.  “Voltar para lá seria suicídio. Morreríamos com doenças ou atacados pelas cobras”, diz indignado.

Com um câncer que afeta a perna esquerda e “problemas de coluna”, Schimitz diz que, passada a enchente, ele e os outros pequenos agricultores terão outra batalha para travar que é, finalmente, serem indenizados  pelo governo federal ou serem assentados em outro local. “Mas isso será feito no devido tempo”, diz com convicção.

Modelo

O alojamento gigante montado no Parque de Exposições é como se fosse uma pequena cidade. O policiamento é feito com uma patrulha da Polícia Militar que faz rondas regulares. Há iluminação eficiente, telefones púbicos, banheiros químicos para homens e mulheres, lavanderia com máquinas novas.

Recentemente, técnicos da Coordenação Nacional da Defesa Civil vieram a Porto Velho e ficaram impressionados com a estrutura montada para receber os desabrigados. Admitiram que este modelo pode ser adotado em outros desastres no país.

O major Gilvander Gregório é o responsável pelos abrigos da capital. Nos últimos dias, tem cuidado para que o Parque dos Tanques fique pronto para acolher as famílias que ainda estão alojadas nas escolas. Conhece os abrigados e conversa descontraidamente com eles sempre que o tempo permite. Quer saber das necessidades e providencia para que tudo funcione bem.

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