Cerca de 600 moradores do assentamento rural Projeto Joana D’arc III, fecharam na manhã desta segunda-feira (22) a avenida Migrantes, principal rota de acesso à Balsa que liga à BR-319 e ao Porto Graneleiro de Porto Velho. Diariamente, centenas de caminhões passam pelo local, além de moradores de comunidades localizadas nos estados de Rondônia e Acre.
De acordo com Edson Silva de Sousa, presidente da associação de produtores do projeto Joana D’arc III, o protesto é uma medida desesperada da comunidade que, de acordo com eles, está vivendo á míngua em um martírio que iniciou-se a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.
Os manifestantes alegam que já não existe a mínima condição de moradia na região, que está sendo consumida pela cheia do rio. Estradas, pontes e várias propriedades rurais estão virando braços do rio Madeira.
“Os animais invadiram as residências, as estradas que levam as crianças até a escola já viraram lagos, estamos ilhados”, disse Edson Silva de Souza.
A manifestação
Um grande numero de caminhões já se aglomeram no cruzamento das avenidas Migrantes e Farquar desde as 06h00. Pedaços de madeira foram colocados bloqueando a passagem, viaturas da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar realizam a segurança no local.
Não existe previsão para a liberação da pista, um churrasco já está sendo preparado para a alimentação dos manifestantes, que exigem a presença do prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif e de representantes da EMATER, INCRA e Consórcio Santo Antônio Energia.
“Queremos a indenização de nossas áreas, já não temos como morar no Joana D’arc III, já destruíram tudo. Não sairemos daqui enquanto não tivermos um posicionamento definitivo sobre como vai ficar nossa situação”, exclamou Edson Silva.
O consórcio
Segundo a assessoria do Consórcio Construtor Santo Antônio Energia, responsável pela construção da usina de Santo Antônio no Rio Madeira, já foram investidos mais de cinco milhões de reais dentro da área do projeto Joana D’arc III.
Os investimentos foram realizados na aquisição de maquinários e melhorias de estradas como medida compensatória à comunidade.
O fato é negado pelos moradores da região que realizam a manifestação. Segundo os agricultores, há mais de um ano eles vivem no total esquecimento e ficam a mercê de doenças que se alastram concomitantemente à cheia do rio.
“Não temos apoio de usina, do estado e nem do município, estamos sendo jogados para a morte”, disse um agricultor conhecido popularmente pelo apelido de Bigode, morador do Joana D’arc III há mais de três anos.