IRRESPONSABILIDADE – Possibilidade de elevação da cota do reservatório de Santo Antônio gera insegurança em Jaci Paraná

“Nós estamos muito preocupados. A Usina de Santo Antônio interfere diretamente nas nossas casas. Se der uma chuva de dois dias, nós ficamos três dias inundados, porque não abaixa mais. Eu tenho medo de falar sobre isso, mas o que eu vou fazer? Já fui atrá

IRRESPONSABILIDADE – Possibilidade de elevação da cota do reservatório de Santo Antônio gera insegurança em Jaci Paraná

Foto: Divulgação

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 Aqui virou um lixão e eu estou no lixo”, desabafa Marta Silva, moradora de uma das áreas mais antigas do distrito, próxima à Ponte do Caracol.
No início deste ano, moradores do distrito de Jaci Paraná foram surpreendidos pela água do Rio Madeira adentrando suas casas e danificando seus pertences. Nesta semana, outra notícia causou mais apreensão, a de que a Usina Hidrelétrica Santo Antônio – que afeta diretamente o distrito – pode obter, em breve, o parecer favorável que falta para elevar o nível de seu reservatório da cota 70,50m para a cota 71,30m, o que aumentaria consideravelmente a área inundada na região. ( Veja aqui)
“Nós estamos muito preocupados. A Usina de Santo Antônio interfere diretamente nas nossas casas. Se der uma chuva de dois dias, nós ficamos três dias inundados, porque não abaixa mais. Eu tenho medo de falar sobre isso, mas o que eu vou fazer? Já fui atrás do pessoal da Santo Antônio e eles disseram que no momento não podem fazer nada. Está muito difícil! Antes de chover a água já está aqui em casa. É uma água preta e cheia de porcaria. Aqui virou um lixão e eu estou no lixo”, desabafa Marta Silva, moradora de uma das áreas mais antigas do distrito, próxima à Ponte do Caracol.
A elevação da cota (profundidade do reservatório) de Santo Antônio reduziria a queda d’água em Jirau, que fica antes da referida usina no curso do Rio Madeira. Essa pretendida elevação de cota, implicaria, segundo estudos técnicos encomendados pela Energia Sustentável do Brasil (ESBR – detentora da concessão da Usina Hidrelétrica Jirau), na queda da sua geração de energia e causaria um impacto socioambiental bastante significativo, com riscos de alagar, no período de chuvas, parte do distrito de Jaci Paraná, da rodovia BR-364 e da histórica Ferrovia Madeira-Mamoré, que tem ponte atravessando o rio nesta região.
A empresa também entrou com um pedido de instauração de processo administrativo na ANA para apurar as possíveis irregularidades e desvios ocorridos quanto à alteração do nível de água máximo normal à montante da UHE Santo Antônio.
Como é de conhecimento público, a empresa Santo Antônio Energia, há tempos tem pleiteado a alteração do projeto de sua Usina, a fim de alterar o espelho d’ água do seu reservatório, o que se deu, até o momento, em duas etapas distintas, a saber: da cota de 70m (setenta metros) – originalmente prevista em todos os estudos de viabilidade e nos Editais dos leilões de concessão das usinas do Rio Madeira – para 70,50m (setenta metros e meio) e, posteriormente, para a cota de 71,30m (setenta e um metros e trinta centímetros).
A Agência Nacional de Águas já havia estabelecido que o reservatório da Usina de Santo Antônio deveria ser deplecionado (perda de água) para a cota de 68,50m (sessenta e oito metros e meio) em função das vazões do Rio Madeira, com o intuito de evitar inundações no distrito de Jaci Paraná. Poucos dias depois, a própria ANA admitiu o deplecionamento para a cota de 70,50m (setenta metros e meio), sem que houvesse qualquer estudo complementar embasando a aceitação da alteração.
O nosso ganha pão era a horta que a gente tinha e que acabou" afirma a moradora Socorro Cardoso
Caso a nova solicitação realizada pela Santo Antônio Energia seja efetivada, além dos impactos ambientais e sociais que serão gerados, ainda haverá interferência direta na produção de energia da Usina Hidrelétrica Jirau, tendo em vista que a superelevação do reservatório da UHE Santo Antônio obriga a Usina Jirau a operar com níveis de água à jusante (depois do barramento) mais elevados do que o previsto em seu projeto básico, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). De acordo com a Energia Sustentável do Brasil, as turbinas e geradores da Usina Hidrelétrica Jirau foram dimensionados para a condição estabelecida pela cota de 70,0m (setenta metros), outorgada para a Usina de Santo Antônio.
A ESBR também afirma que não foi consultada, tampouco instada a se manifestar tecnicamente sobre tais questões perante a ANA. A empresa também destaca que as consequências seriam desastrosas para os moradores de Jaci Paraná, tal como aponta a moradora Socorro Cardoso, que ainda sofre as consequências da cheia do rio registrada no início do ano. Para ela, as mudanças sofridas comprovam os problemas vividos pela população de Jaci, em consequência do empreendimento da UHE Santo Antônio. “O nosso ganha pão era a horta que a gente tinha e que acabou. Hoje,não tenho mais como replantar nada, pois só ficou a terra inclinada, o que impede esta possibilidade. Eles até indenizaram a parte que alagou, mas pagaram aquilo que eles acharam justo e isso não nos mantêm até hoje. Atualmente, meu marido tem que ir para BR vender espetinho e, mesmo assim, não tira nem metade do que a gente ganhava com a nossa horta. Depois da Santo Antonio, a água subiu pra cá, cobriu a minha horta e meu poço acabou. Hoje, a gente precisa comprar água”, lamenta a moradora.
“Se essa água já chegou aqui, imagine depois que subirem a cota, como dizem que vão subir, vai alagar tudo. Eu estou muito preocupada, porque eu não tenho para onde ir, o que eu tinha foi tudo investido aqui dentro”, conclui Socorro, sem saber o futuro que a espera, com a possível alteração de cota da Usina de Santo Antônio.
 
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