Não bastasse ter perdido a assistência médica, tendo que se submeter a longas filas para conseguir uma consulta na precária rede de saúde pública, a maioria dos servidores estaduais corre o risco, agora, de não ter o receber quando se aposentar, simplesmente porque espertalhões teriam metido suas mãos sujas no caixa da previdência do Iperon, causando um rombo de R$ bi.
Parece cômico não fosse trágico. Mas é isso mesmo. A pessoa contribuiu durante trinta e cinco anos ou mais, acreditando que desfrutaria do merecido ócio, quando não mais lhe restasse forças para produzir, e aí vem alguém e diz que seu projeto de vida está indo pelo ralo, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
E não é! Roubar dinheiro público é crime. Se bem que, no Brasil, nada disso mais parece assustar. A população até já se acostumou com a roubalheira pública, pois o que tem de ladravaz morando em mansões e desfilando pelas ruas deste país em carrões adquiridos com dinheiro pilhado dos cofres públicos, não é brincadeira.
Pior, ainda, é verificar que nada acontece a essa gente. Rouba-se, neste país, com a mesma facilidade com que se retira um pirulito das mãos de uma criança. É a certeza da impunidade alimentando a voracidade de catitas e ratazanas gulosas, acostumadas a cevarem-se nas já flácidas tetas do serviço público.
São por essas e outras que defendo a gestão compartilhada, à semelhança do que acontece na CAERD. Tivéssemos no quadro da diretora executiva do Iperon servidores estaduais, escolhidos pela categoria, provavelmente fatos dessa natureza não estariam acontecendo. Até porque ninguém rouba a si mesmo.
Por outro lado, só denunciar não é o suficiente. É preciso entregar essa malta à Justiça e fazê-la devolver aquilo que pertence, por direito, aos segurados do Iperon.
Não sei a quantas anda o caixa do IPAM, mas seria interessante que os segurados municipais começassem, desde já, a acompanhar, com lupa, a movimentação financeira do Instituto, para não serem surpreendidos no futuro.