Saudade dos “caras-pintadas” - Por Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
No dia 16 de agosto de 1991, milhares de jovens saíram às ruas das capitais vestindo roupas negras e com o rosto na mesma cor. Começava aí a luta de um povo para apear do poder um presidente da República, acusado de corrupção.
De lá para cá, porém, muita coisa aconteceu. Multiplicaram-se os escândalos. A corrupção cresceu, gerou novas crias e as espalhou pelo pasto do setor público, cada vez mais escasso, dado o apetite voraz dos parasitas que o devoram sem comiseração nem piedade.
Onde estão os “caras-pintadas” e as entidades civis (AOB, CNBB, UNE, UBES e as centrais sindicais), que nada fazem diante dos arreganhos que enxovalham a imagem do Brasil e, principalmente, a dignidade do nosso povo e da nossa gente mais humilde?
A maioria dos servidores federais do ex-Território não sabe se vai receber aumento salarial em julho, conforme promessa do governo anterior. E o que diz o sindicato da categoria? O pessoal do município de Porto Velho teve aumento de 5,91%, mas ninguém protestou. Parece que todos ficaram satisfeitos como o reajuste concedido pelo prefeito Roberto Sobrinho (PT). Os servidores estaduais tiveram que engolir, sem pestanejar, míseros 6% de reajuste. É mole?
Aí estão os escândalos do lixo, da avenida Vieira Caúla e, agora, o do remédio superfaturado. Há vários meses, as obras dos viadutos (verdadeiros monstrengos de concretos, que enfeam a cada vez mais horrenda paisagem da cidade e infernizam a vida de motoristas e pedestres) estão paralisadas.
O dinheiro que viria da contrapartida dos consórcios para ser aplicado em obras infra-estruturais, na construção e reforma de escolas, hospitais, postos de saúde e outros serviços essenciais à vida da população portovelhense, virou piada de mau gosto. E ninguém saiu às ruas, até o momento, para protestar.
A impressão primeira é a de que estamos todos anestesiados, diante de tantas bandalheiras, que não mais reagimos aos acicates da dor e do sofrimento. No fundo, há um descrédito geral em nossas instituições. Parece que, para essa regra, não há exceção. É o salve-se quem puder.
Ah que saudade que eu tenho dos “caras-pintadas”, da OAB, CNBB, UNE, UBES e CUT de antanho. Foram eles que deram o ponta pé inicial do inesquecível “Movimento pela Ética na Política”. Mas tudo isso faz parte do passado.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!