Professor prefeito tenta dá aula de economia a conselheiros do TCE - Por Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
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Estivéssemos em regime autoritário, às irregularidades descobertas pelo Tribunal de Contas de Rondônia no contrato celebrado entre a prefeitura de Porto Velho e uma empresa de coleta de lixo, jamais teriam chegado às vistas da opinião pública. Eis aí, portanto, a importância de se viver num país democrático, com instituições sólidas e eficientes como o TCE, conquanto haja quem o considere desnecessário. Pura balela.
No máximo, se teriam ouvidos rumores, atribuídos logo a seguir à maledicência humana, como tem sido hábito dos patrocinadores de aberrações cometidas com o dinheiro público. Ainda bem que temos o Tribunal de Contas, apesar dos tropeços aqui e ali verificados. Erram, contudo, os que partem em tropelia contra a instituição, tentando macular a sua imagem, só porque um e outro caíram em desgraça, antes de serem alçados aos postos de membros daquele órgão.
Graças à ação proficiente de órgãos como o TCE, a população rondoniense vem tomando conhecimento da orgia praticada com o dinheiro do contribuinte por quem foi eleito para aplicar corretamente os recursos públicos. Infelizmente, o que se vê, na atual conjuntura, é exatamente o oposto, com a grana sendo desviada de suas legítimas finalidades, aqui e alhures.
Quem não sabe guardar fidelidade aos princípios insculpidos na Constituição Federal, no que se refere à administração pública, não é um bom cidadão, tampouco deve ocupar lugar de relevo na máquina oficial.
Entretanto, só a ação isolada do TCE não é o bastante para extirpar os desmandos que corroem as entranhas do serviço público. A sociedade também precisa contribuir no processo de higienização. Sem a sua participação, todo o esforço redundará em vão.
Sexta-feira, 6, o professor e prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), foi ao TCE dá uma aula de economia a conselheiros. Tentar convencê-los de que, ao contrário do que dissera o relator do processo que analisa as contas do município, relativas ao exercício do ano passado, o contrato do lixo não causou prejuízo ao erário da ordem de R$ 1,6 milhão, mas, sim, uma economia de milhões de reais.
E mais: que as barbaridades apontadas pelo TCE se devem ao fato de se tratar de uma nova modalidade administrativa, “algo novo no país”. No fundo, Sobrinho quis ensinar Pai Nosso a vigário, mostrar que o TCE está errado e que ele e seus assessores estão certos. Coitado!
Imagino quão não devem ter ficado impressionados os conselheiros com a aula de economia do professor prefeito e sua nova modalidade contratual. E quantas gargalhadas sarcásticas não devem ter disparados os alunos, depois que o professor prefeito deixou a sala de aula, ou melhor, as dependências da Corte.
Se o professor prefeito conseguirá ou não êxito em sua empreitada, o tempo encarregar-se-á de revelar. Por enquanto, convém colocar o bigode de molho. Pelo jeito, não restará lixo sobre lixo, ou melhor, pedra sobre pedra.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!