O governador Confúcio Moura mandou um recado duro aos fornecedores do governo, qual seja o de que não há dinheiro para pagar a dívida deixada pelo seu antecessor, num total de R$ 170 milhões. “Devo, não nego, pago quando puder”, disse o dirigente estadual.
Muito simples, não é? O empresário meteu a mão no bolso, investiu na modernização de sua empresa, comprou máquinas e equipamentos e contratou funcionários para prestar serviços ao estado. Agora, vem o governo e diz que não tem como pagá-lo. Nesse caso, a saída mais acertada é bater às portas do judiciário. Aí o dinheiro vai aparecer.
É, no mínimo, estranho, que a comissão de transição não tenha detectado esse rombo no caixa do governo e, conseqüentemente, levado o assunto ao conhecimento do governador.
Durante os quase oito anos em que esteve à frente do governo do estado, Ivo Cassol sempre pagou o funcionalismo dentro do mês trabalho, conquanto, reconheça-se, não tenha ele concedido reajuste compatível com a defasagem salarial verificada no período, deixando a categoria de pires na mão. Por que, então, Cassol cometeria essa burrada exatamente no final de sua administração?
Recorde-se, ainda, que as contas de Cassol foram aprovadas pelo TCE-RO. Então, o que teria dado errado? Nada que uma auditoria competente e responsável não possa resolver.
Se, realmente, quisermos sair do pântano no qual fomos lançados, faz-se necessário, dentre outras medidas urgentes e inadiáveis, expulsar as aves de rapina que povoam os mais diversos setores da máquina oficial.
Ao governador Confúcio Moura cabe abandonar o discurso eleitoral e partir, desde já, para a implantação de um plano de salvação estadual, evitando, assim, o caos social e oferecendo à população um pouco mais de tranqüilidade.
O desenvolvimento do estado não pode ficar, destarte, ao sabor de interesses menores contrariados de políticos que têm como filosofia amealhar cada vez mais dinheiro fácil, mas tem que ser resultado do trabalho de todos.
Em vez de semear a cizânia, o governo precisa unir todos os segmentos da sociedade em torno de propostas concretas e palatáveis para livrar o estado de um perigoso processo de desestabilização econômica e política.