Reunião realizada em Porto Velho define projeto Carbono Suruí que será apresentado a investidores
Foto: Divulgação
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Durante dois dias técnicos e representantes de parceiros da Associação Metareilá do povo indígena Paiter Suruí estiveram reunidos no Centro de Formação da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé em Porto Velho para concluir o projeto do Carbono Suruí.
O projeto está sendo elaborado numa parceria entre várias entidades. Cada uma tem um papel definido no processo. A Metareilá, coordenada pelo líder Almir Suruí, é proponente do projeto e responsável pela implementação ao mesmo tempo em que negocia com investidores junto com a Forest Trends. “As novas tendências de valoração econômica dos recursos naturais, com o intuito de manter a floresta em pé para a produção de serviços ambientais, são alguns dos principais motivos que levaram à criação desse Projeto Carbono Surui. Idealizado pela Associação Metareilá do Povo Indígena Surui, com apoio de organizações ambientalistas e indigenistas, o projeto pretende financiar atividades de proteção, fiscalização, produção sustentável e melhoria da capacidade local, objetivando a conservação ambiental e o fortalecimento cultural”, destaca Almir Suruí.
A Associação de Defesa Etnoambeintal Kanindé, presente desde o início do processo há 10 anos, quando começou o projeto de reflorestamento Pamine, contribui com a assessoria técnica e monitoramento, e plano de reflorestamento. Para o coordenador geral da entidade, Israel Vale,” O pagamento por serviços ambientais, especialmente a comercialização de créditos de carbono, representa uma alternativa nova e promissora para o povo Surui. Essa é na verdade a peça-chave do projeto, que desde o seu início em 2007, primou por um procedimento voltado à necessidade da comunidade Surui de se apropriar dos conceitos e técnicas utilizados no mercado de carbono. Uma opção a mais para trazer novos rumos à gestão etnoambiental das terras indígenas”.
A coordenadora de projetos da Kanindé, Ivaneide Bandeira, destaca a importância das parcerias que tem papel fundamental. “São eles que estão ajudando o povo Suruí na construção técnica do Documento de Concepção do Projeto – DCP (Project Design Document - PDD), que, além de contabilizar de forma rigorosa às reduções dos gases com efeito de estufa, descreve a riqueza da terra indígena em termos de biodiversidade e a relação das comunidades Surui com o meio ambiente, suas ameaças e como fazer para evitá-las e manter a Terra Indígena Sete de Setembro conservada. Este conjunto de informações influencia de forma significativa no valor dos créditos de carbono do projeto”.
A ACT Brasil presta assessoria técnica e também faz monitoramento. O IDESAM é responsável pela elaboração do DCP - Documento de Concepção do Projeto, o Funbio criou o fundo de gestão financeira, lançado durante a COP-16 no México. Também apóiam a implementação do Carbono Suruí o Instituto Florestal e as associações que representam os clãs da etnia Suruí e as organizações Kabaney, Gabgirey, Pamaur, Gamir.
Os presentes a reunião em Porto Velho apresentaram novas informações sobre como estão às discussões do carbono no Brasil e no Mundo e a importância de Rondônia formular uma lei de serviços ambientais própria e criar um fundo de mudanças climáticas para o Estado. Assim Rondônia poderá acessar os recursos disponíveis a nível mundial que giram em torno de 12 a 15 bilhões de dólares.
Entenda o projeto Carbono Suruí
Dentre as formas de compensação de carbono, as de maior relevância para as terras indígenas são: desmatamento evitado e conservação de estoques de carbono, medido pela Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+); e sequestro de carbono, a partir do reflorestamento. Em ambas as estratégias, o povo Surui leva vantagem para obtenção de créditos de carbono.
Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação REDD)
Afinal, qual o verdadeiro valor das árvores em pé? Responder a essa pergunta é um dos objetivos desse mecanismo que pretende contribuir para a redução de emissões do desmatamento e degradação das florestas. Na prática, o REDD+ considera a quantidade estimada de carbono, contido na biomassa das florestas, a ser lançada na atmosfera proveniente do desflorestamento, do corte de árvores e dos incêndios florestais. Iniciativas de mitigação das emissões de Gases do Efeito Estufa – GEEs por empresas, instituições ou governos podem ser feitas por créditos de carbono florestais, provenientes de um projeto de REDD+. Este mecanismo de compensação atribui um valor aos créditos de carbono, que valoram a floresta em pé e promovem a redução de emissões dos GEEs. Dessa forma, um poluidor pode compensar suas emissões pagando a quem conserva as florestas, retribuindo-o financeiramente. Para garantir a qualidade e contabilidade dos de créditos de carbono gerados, o projeto irá utilizar metodologias reconhecidas internacionalmente e certificação independente nos padrões da Aliança Clima Comunidade e Biodiversidade (CCBA) e Voluntary Carbon Standards (VCS).
Sequestro de carbono
O conceito do sequestro de carbono foi introduzido pela Conferência de Quioto, em 1997, para conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera, a fim de mitigar o aquecimento global previsto pela comunidade científica. O reflorestamento é uma das formas de seqüestro de carbono, uma vez que, no processo de crescimento e maturação das árvores, toneladas de carbono são seqüestradas da atmosfera. Para se ter idéia, um tronco de árvore com massa de
Negociações com o governo de Rondônia
Na sexta-feira (28), uma reunião relizada no gabinete da SEDAM, a secretária Nanci Rodrigues, entregou uma carta de apoio ao projeto, demonstrando que o governo apóia a iniciativa do Povo Paiter.
Contato com investidores
O projeto Carbono Suruí já tem investidores interessados, mas por um acordo de confidencialidade, os nomes ainda não podem ser divulgados.
Modelo exportação Paiter
Esse é o primeiro projeto de REDD+ e carbono em terras indígenas no Brasil. O GTA – grupo de trabalho Amazônico, que também apóia o projeto deve levar a experiência com os Suruí para outras terras indígenas brasileiras. Mas não são só os indígenas que estão interessados no projeto Carbono. No próximo dia 03 de fevereiro, o líder Paiter Almir Suruí participa do Seminário “Avanços e Desafios para a política florestal no Brasil em REDD+, na cidade do Rio de Janeiro. A mesma proposta deve ser apresentada para representantes de seis países africanos que confirmaram presença no evento.
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