Mutum-Paraná, Distrito de Porto Velho, região onde a comunidade foi uma das mais afetadas com os abalos e impactos ambientais e sociais oriundos da construção da Hidrelétrica de Jirau. O Consórcio Energia Sustentável, empresa que comanda a obra, anunciou há alguns meses atrás a retirada da maioria dos moradores de Mutum-Paraná para uma nova área construída pela empresa como forma de compensação social, a região foi denominada de Nova-Mutum. De acordo com os releases da empresa e de várias matérias veiculadas na imprensa local, a região traz um novo aspecto de vida para a comunidade que estava saindo de Mutum-Paraná.
Entre essas melhorias estava o acordo firmado com a comunidade entre o Consórcio Energia Sustentável, e outros órgãos governamentais em proporcionar um serviço de saúde de qualidade aos moradores da região.
Porém relatos de um morador e de um empresário de Nova-Mutum denunciam uma realidade diferente daquela apresentada pela imprensa local. Atendimentos básicos de saúde e segurança não estão funcionando de forma eficaz e grande parte da comunidade está perecendo com a falta desses cuidados do poder publico.
SAÚDE
Domingo, 09 de janeiro de 2011, o empresário do ramo de madeiras Cristiano Baldi, é informado que um de seus funcionários havia sofrido um acidente. Rapidamente o empresário socorre o seu funcionário e o encaminha ao posto de saúde local. Chegando ao local, Cristiano se depara com as portas fechadas, não havia sequer uma ambulância para socorrer o trabalhador ferido e muito menos um profissional de saúde que realizasse os serviços de primeiros socorros. Sem alternativa, Cristiano leva seu funcionário em seu próprio carro para o pronto socorro da capital.
“Por sorte eu tenho como levar um funcionário meu para a capital, porém a grande maioria da população desse distrito é de pessoas carentes que não teriam como realizar
essa viajem e provavelmente em uma situação de urgência poderia até morrer”, afirmou Cristiano Baldi.
Essa é a realidade vivida diariamente pelos moradores de Nova-Mutum, o posto de saúde está na maioria das vezes fechado, e quando funciona é por algumas horas.
“Quando abre o posto encerra as atividades ás 17h00 e qualquer morador do distrito que precise de um atendimento tem que esperar até o outro dia, como isso pode acontecer? A doença não espera”, disse Erivaldo Alves de Brito, morador de Nova-Mutum.
Dentro da comunidade de Nova-Mutum, moram mais de mil famílias que vivem nessa situação denunciada por esses moradores.
Segurança
Segundo o morador de Nova-Mutum, Erivaldo Brito, a segurança deixa muito a desejar, apenas uma viatura policial realiza o procedimento padrão de segurança, sendo que a partir do inicio das obras da Usina, os índices de criminalidade na região aumentaram exponencialmente.
“Agora vivemos uma situação de medo, pois os atendimentos policiais demoram bastante para serem efetuados, tudo isso devido ao pouco efetivo policial na região”, afirma Erivaldo Brito.
Velha-Mutum
Dentro da antiga região de Mutum-Paraná, já conhecida hoje como Velha-Mutum, existe cerca de 150 pessoas que ainda não realizaram acerto com o Consórcio Energia Sustentável, segundo informações de moradores para essas pessoa não existe sequer atendimento hospitalar ou policial, a comunidade está vivendo a mercê do acaso enquanto não resolvem sua situação.
O cuidado com a saúde e segurança da comunidade de Mutum-Paraná e Nova-Mutum, já foi motivo de denuncia do MPF (Ministério Público Federal) que obrigou o Consórcio Energia Sustentável, o Governo do Estado de Rondônia e a Prefeitura Municipal de Porto Velho, a tomarem medidas que melhorassem de forma significativa esses atendimentos a população do distrito, porém pelo que foi exposto por esses moradores a situação está longe de ser resolvida.