ARTIGO - Amigo é pra essas coisas – Uma homenagem ao amigo Odair Cordeiro – Por Humberto Oliveira

Odair logo que fez amizade com a turma da faculdade, convidou todos para uma feijoada em sua casa. E lá fomos nós. Garanto que quem mais aproveitou fui eu, pois enquanto os demais enchiam a cara, pude desfrutar de deliciosos momentos com o anfitrião, que

ARTIGO - Amigo é pra essas coisas – Uma homenagem ao amigo Odair Cordeiro – Por Humberto Oliveira

Foto: Divulgação

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Foi com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento do meu amigo Odair Cordeiro, pessoa impar, que tive o prazer de conhecer logo no primeiro semestre do curso de jornalismo da Faro. Parece que foi ontem, que pela primeira vez conversamos e logo ficamos amigos, pois de imediato descobrimos uma grande afinidade – O amor pela verdadeira música brasileira. Daí por diante nossas conversas sempre foram regadas a muita música. Posso afirmar que a admiração era mútua.
 
Odair logo que fez amizade com a turma da faculdade, convidou todos para uma feijoada em sua casa. E lá fomos nós. Garanto que quem mais aproveitou fui eu, pois enquanto os demais enchiam a cara, pude desfrutar de deliciosos momentos com o anfitrião, que me apresentou seus discos, CDs, livros e revistas. Eu já era admirador e então virei fã de carteirinha. Tínhamos mesmo muito em comum. Pena que o velho amigo, por falta de tempo, nos largou. E como fazia falta a sua presença. Talvez o Odair fosse o mais garoto entre todos nós. E olha que eu já estava com quase 40 quando iniciei o curso. Éramos talvez os mais velhos joviais em sala. Que saudade.
 
O que posso dizer é que todos adoravam o Odair, que mesmo com aquela cara séria, era no fundo um grande brincalhão e que adorava tirar sarro, rir e dar ótimas e espirituosas respostas. Quem em seu juízo perfeito não lamentaria a perda de um amigo como o Odair.
 
Logo depois da tal feijoada, ele me presenteou com um CD, onde escreveu – Um presente do Odair - para qual ele selecionou músicas maravilhosas do nosso cancioneiro. Pérolas como “Rosa de Hiroshima”, “Eu e a brisa”, numa interpretação impecável e insuperável da injustamente esquecida Maria Creuza. E mais – Nara Leão cantando “Cuitelinho”, Cascatinha e Inhana interpretando pérolas clássicas como “Flor do cafezal” e “Meu primeiro amor”. Claro que havia muito mais – “Cio da terra”, nas vozes de Pena Branca, Xavantinho e Milton Nascimento, “Preta, pretinha”, com Novos Baianos, “Construção”, de Chico Buarque, o antológico “Foi um rio que passou em minha vida”, na interpretação de Paulinho da Viola, a belíssima “Travessia”, na voz de seu compositor Milton Nascimento, “Saudade Matão”, com a dupla Tonico e Tinoco, entre outras jóias. Guardo este CD como se fosse um tesouro. Na verdade é isso mesmo. Um tesouro.
 
Passado mais algum tempo, eis que um dia o Odair – não lembro se telefonou ou veio direto falar comigo em casa – me presenteou mais alguns tesouros de sua coleção. Discos de vinil. Dezenas de velhos e bons LPs dos mais variados artistas como Maria Bethânia, Edu Lobo, Orlando Silva, Moreira da Silva, Geraldo Vandré, Alcione, entre outros mais. Claro, que jamais iria recusar um presente do Odair. Desde aquele dia fiquei devendo um artigo sobre os discos. Artigo que até hoje, o João Cordeiro, filho do meu amigo, sempre que me cobra. E com razão.
 
Por isso, para o meu amigo que partiu fora do combinado, escrevo estas linhas pagando tarde demais minha dívida. Espero que lá onde você esteja saiba que esta é minha sincera e sentida homenagem.
 
A última vez em que conversei com o Odair foi durante o lançamento do livro “Chico Buarque – História das canções”, do escritor e jornalista Wagner Homem, amigo do Odair. Como sempre foi um momento especial, pois meu amigo, mais uma vez reconheceu em mim um conhecedor da história e dos mestres da nossa música. Aliás, ele dizia isso para todos para quem me apresentava. Claro que isso me envaidecia e vindo dele, certamente era um valioso e sincero elogio.
 
Muitos o homenagearam como líder político, como fundador do Partido dos Trabalhadores em Rondônia. No entanto, nunca conversamos sobre política. Quando nos encontrávamos nossas conversas tinham como tema apenas a música popular brasileira. É assim que quero lembrar do Odair.  E antes de dormir vou ouvir aquele CD que ele me deu de presente.
 
Como diria Vinicius de Moraes – A benção, Odair Cordeiro, que foi para o céu onde certamente vai comemorar junto com feras como Nelson Cavaquinho, Ataulfo Alves, Assis Valente, Lupicinio Rodrigues, Herivelto Martins, Cartola, Geraldo Pereira e tantos outros, os 100 anos do genial Noel Rosa. Com certeza, o inesquecível Odair está em ótima companhia.  Um dia amigo a gente vai se encontrar. Já dizia uma canção.
 
Do amigo e admirador Humberto Oliveira
 
Direito ao esquecimento

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