Porto Velho 96 anos: Feliz Desaniversário! - Professor Nazareno*

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Foto: Divulgação

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O jornalista norte-americano H.L.Mencken afirmava que quando se ouve um homem falar de seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isto. O mesmo acontece quando se refere a uma cidade. Ainda que aqui não houvesse coisas para os habitantes poderem se orgulhar, falar bem de Porto Velho seria uma saudável e corriqueira mania. A cidade foi emancipada em 1914, e qualquer pessoa daqui sabe a origem do nome. Uns dizem que foi em homenagem a um ancião chamado Pimentel daí o porto do velho Pimentel. Romantismo puro. Outros acham que é por causa das imundices que havia no porto da cidade: era um porto velho mesmo, ou seja, um barranco sujo, fedorento, cheio de lixo, esgoto a céu aberto e ratazanas e que atualmente os políticos conseguiram organizar. Hoje, a cidade caminha rumo a um futuro certo. Porto Velho é um canteiro de obras. Nenhuma inacabada. Maringá no Paraná com 57 anos, Londrina com 81 e Brasília com 50 ainda aprenderão muito conosco em matéria de limpeza.      
 
A estrutura desta capital é linda e aconchegante, a cidade se parece com um jardim florido se vista do alto. Com um bom planejamento urbano, a nossa capital não lembra uma currutela. Parece uma cidade da Serra Gaúcha ou dos Alpes suíços. As ruas têm retorno e como é uma cidade rica, é naturalmente horizontal. Edifícios altos quase não há por aqui. Apenas 03 podem ser vistos no skyline: um é torto e está condenado, o outro, próximo à Rua Jorge Teixeira, tinha estrutura para dez andares e só foram erguidos seis, portanto é baixo demais e o terceiro, na Rua Lauro Sodré, tinha estrutura e licença para 11 andares, mas foi construído com 12, diminuindo assim a altura dos apartamentos. O lugar tem um único hospital de pronto-socorro, o João Paulo Segundo, que é referência nacional em tratamento de qualquer patologia. Funcionários atenciosos, médicos competentes e com doutorado e estrutura de fazer inveja. Sair vivo de lá é algo banal. Os pacientes ficam com saudades e pedem até para adiar suas internações. Isto é uma proeza que nenhum cristão consegue ainda explicar. A Suíça só pode ser aqui mesmo.
 
A capital de Rondônia pode não ser uma zona, mas está dividida em várias: a Zona Sul, por exemplo, que tem na Rua Jatuarana o seu principal centro de comércio, só tem uma entrada e uma saída e por isso tem um trânsito excelente. Já a Zona Leste é considerada a mais romântica da capital. Há algo moderno na cidade que é o serviço de mototáxi. Não se sabe por que, mas os habitantes locais adoram andar neste tipo de transporte. Seria a possibilidade de pegar piolhos? Alugar uma casa ou apartamento por aqui é a coisa mais fácil do mundo. As ofertas são muitas e tudo a preço de banana. O luxo das residências para locação é de espantar. Coisa de Primeiro Mundo mesmo. Com qualquer duzentos ou trezentos reais se mora num duplex com vista para o rio ou para a floresta, o nosso Central Park tupiniquim. A fumaça das queimadas é um espetáculo à parte. Todos os anos, durante uns dois meses, aqui se respira um ar que tem cor: cinza-chumbo. E muitos adoram isto: "podemos ser comparados a São Paulo", afirmam. Quase ninguém reclama. Os órgãos públicos nem tentam, já que todos acreditam vencer o caos.
 
A Fundação Getúlio Vargas divulgou um relatório há pouco mais de três anos informando que dentre as capitais brasileiras, Porto Velho ostenta o penúltimo lugar em IDH ficando à frente apenas de Belém, a linda e arborizada capital paraense. Talvez esta informação esteja equivocada, já que localizada em plena Amazônia, a capital de Rondônia é uma das cidades mais arborizadas do país sendo por isso uma das campeãs em área verde. Igual a Belém com suas frondosas e lindas mangueiras. Água tratada e esgotos são habituais por aqui. O calor é idílico talvez por ser esta uma povoação beiradeira. O trânsito é organizado e todos cooperam. Os motoristas são super educados. A cidade, mesmo sendo de médio porte, não tem violência nenhuma. Em nossas invasões (favelas) basicamente só produzimos coisas boas. Enfim, é uma cidade que tem símbolo apropriado e muito bonito e que é adorado pelos habitantes mais velhos. Como Parintins, tem cultura definida. Aliás, neste item, aqui nada se copia. Tudo é originalíssimo.
 
Porém uma coisa bizarra de Porto Velho são os seus habitantes. Aqui, quando um monumento natural está na iminência de desaparecer sob o impacto de uma mega-construção para beneficiar outros estados, o povo faz festa de despedida em vez de protestar.  Bordéis existem e ficam ao ar livre mesmo. São vários. E não falta público. A cidade tem até uma tal de “calçada da fama”. Os porto-velhenses insistem em construir viadutos e passarelas para resolver o problema do trânsito. Ninguém jamais resolveu. Contudo, fala-se sobre a possível construção de uma ponte sobre o Madeira ligando a cidade à progressista e urbanizada margem esquerda do rio. De universidades estaduais, escolas públicas de qualidade e centros de pesquisa todo mundo fala. É uma febre municipal. Ninguém daqui é trouxa e por isso todos crêem que ponte é progresso, é futuro: "Fazer viadutos, passarelas e produzir energia para os outros nos dará riqueza". O povo de Porto Velho gosta tanto da cidade que só elege políticos que nasceram aqui para administrar este município progressista. Algo incrível jamais visto em lugar algum.
 
Quando a Revista Época esteve aqui e disse que Porto Velho é um “buraco quente” e não uma cidade organizada, os muitos que acreditam amar esta cidade, com razão, esbravejaram. O lugar continua com muitas praças, cheio de espaços públicos, com árvores e com as ruas sem poeira ou lama e sem lixo esparramado pelo chão. Toda semana o site rondoniaovivo publica lindos "cartões postais" da cidade e que encantam a todos os turistas e visitantes. Uma verdadeira aula de civilidade para quem se orgulha de ser uma capital. Deve ser por esse motivo que nunca mandaram um militar de alta patente para nos administrar. Seria um desperdício de pessoal. O primeiro prefeito foi um Major, vindo do Amazonas, depois mandaram uma penca de coronéis do centro-sul do país para governar o resto do território que mais tarde viraria estado. Nunca um general apitou nada por estas bandas. Há algo para não se comemorar? Feliz ou infeliz aniversário?
 
*É professor em Porto Velho.
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