Embora a Constituição Federal reze, em seu artigo 196, que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, pode o cidadão berrar, a plenos pulmões, que tem direito à saúde que, certamente, ninguém o escutará.
Curiosamente, durante a campanha eleitoral, todos os candidatos prometem mudar o quadro de penúria no qual está imerso o sistema público de saúde. Para eles, no entanto, a receita é muito simples: construir novos hospitais, comprar equipamentos modernos e pagar salários decentes aos profissionais do setor.
Em nível municipal, a publicidade oficial procura mostrar que a saúde do portovelhense vai às mil maravilhas, apontando supostas melhorias que só existem nas cabeças ensandecidas de seus idealizadores e de meia dúzia de imbecis.
Na prática, porém, a realidade é completamente diferente daquela apregoada pelos áulicos palacianos. Para comprovar essa assertiva, convido o prefeito Roberto Sobrinho (PT) e seu secretário de saúde, Williames Pimentel (aquele que foi enjaulado pela Polícia Federal e, depois, voltou ao comando da SEMUSA), a fazerem uma visita surpresa à policlínica Hamilton Gondim, numa dessas madrugadas, para verem o péssimo tratamento dispensado àqueles que, infelizmente, dependem da ação pública.
Na madrugada de terça-feira (25), acompanhei de perto o calvário de alguém que procurou atendimento de emergência naquela policlínica. Além do sofrimento imposto por terríveis dores abomináveis e uma enorme dificuldade de respiração, provocada por uma alergia, em fase aguda, a paciente ainda teve que agüentar o mau humor, a incompetência e a falta de respeito de certos profissionais.
Verdadeiramente, saúde pública só é considerada como prioridade em período eleitoral. Se ela constituísse preocupação de nossas autoridades, a situação seria bem diferente, sempre haveria recursos necessários ao custeio de sua prestação.
Enquanto predominar a visão retrógrada e prevalecer o interesse de grupos sobre os da sociedade, pessoas continuarão morrendo à míngua nos leitos dos hospitais da rede pública por falta de atendimento médico. Só eles não vêem o caos.