Triste do país que não respeita seus velhos. E o Brasil é especialista no assunto. Quando se trata de Porto Velho, aí, então, o descaso chega às raias do absurdo.
Embora a Lei Orgânica Municipal atribua ao município a competência para assegurar transporte coletivo gratuito às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, foi preciso o Ministério Público de Rondônia bater às portas do Judiciário para garantir o direito dos velhinhos, já que a administração Roberto Sobrinho nada fez para resolver o problema.
Durante a campanha eleitoral, o então candidato Roberto Sobrinho prometeu acabar com o monopólio do transporte coletivo. Eleito, se esqueceu, rapidamente, de tudo que dissera ao povo, nos palanques e programas eleitorais.
Porém, cansada de esperar pela boa vontade do prefeito e de ouvir as queixas que ecoam dos quatro cantos da cidade sobre os péssimos serviços prestados pelas concessionárias, a câmara municipal interveio. Uma emenda à Lei Orgânica, assinada por um terço dos vereadores, foi aprovada, em caráter terminativo, segunda-feira (23), sepultando, assim, o monopólio.
Quebrar o monopólio, entretanto, não foi tarefa difícil. Complicado, mesmo, será obrigar o prefeito Sobrinho a abrir concorrência para contratar novas empresas, algo no qual poucos acreditam. E as razões seriam muitas.
Aí vem a Secretária Municipal de Transportes e Trânsito (SEMTRAN), Fernanda Moreira, na maior cara de pau, acreditando que todo mundo é idiota, é diz que não há monopólio, mas, sim, “um contrato decorrente de uma concorrência pública”. Pois, então, que se abra concorrência pública para que outras empresas possam operar. Qual é o problema?
Mas a administração “para todos e todas” prefere deixar o usuário mofando uma, duas, três horas numa parada de ônibus, na maioria das vezes sem cobertura, debaixo de uma temperatura de 39 graus, do que contrariar os empresários, que mandam e desmandam no sistema, interferindo no horário de tráfego, na escolha de linha e na quantidade de veículos em circulação, como afirmou o vereador José Hermínio Coelho (PT).
Em vez de colocar um agente de trânsito em cada esquina, para distribuir multas, a secretária deveria pegar esse pessoal e mandar fiscalizar as empresas de ônibus. Verificar se elas estão cumprimento o que determina a Lei Orgânica, em termos de horário de tráfego, capacidade de lotação, conforto e higiene dos veículos e urbanidade com os usuários por parte de motoristas e cobradores.
É um absurdo uma capital como mais de quatrocentos mil habitantes só ter duas empresas de ônibus, com menos de cento e cinquenta veículos para atender “noventa mil passageiros por dia”, quando, na maioria das cidades brasileiras, são sete, dez, doze, quinze ou mais veículos.
Depois essa gente acha que o usuário não tem o direito de reclamar, que é obrigado a andar em ônibus velhos, caindo aos pedaços e pifando pelo meio do caminho e ainda ficar calado. Só mesmo um sádico para aguentar tanto sofrimento, sem dizer nada. Às favas seus incompetentes!