Jornalista que esteve no Chile abre hoje na capital exposição de fotos sobre a tragédia – Confira entrevista e fotos

Convivendo quase que diariamente com tremores de baixo abalo sísmico, mas, não por menos assustadores, Lú conversou com autoridades da ONU, prefeito e a própria população, traçando um painel catártico da trágica situação chilena.

Jornalista que esteve no Chile abre hoje na capital exposição de fotos sobre a tragédia – Confira entrevista e fotos

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

A jornalista paulista Lú Braga que trabalhou na assessoria do Tribunal de Justiça de Rondônia, respeitada profissional, formada pela FEMA, em Assis/SP, viveu uma das grandes aventuras de sua vida há quase um mês quando viajou por conta própria, a convite de uma emissora européia, a cobrir a tragédia que assolou a cidade de Concepción, 350 quilômetros de Santiago, capital do Chile. Um terremoto que atingiu 8,8 na escala Richter destruiu praticamente a região costeira chilena e deixou um saldo de aproximadamente 350 mortes no dia 27 de fevereiro deste ano. Concepción era uma das cidades no epicentro do tremor.  
 
Acompanhada de jornalistas de outros países, como argentinos, americanos e holandeses, Lú passou vinte dias acompanhando de perto o desespero do povo chileno e a situação diária de uma cidade que ainda não está aprendendo a conviver com a tragédia e cuja reconstrução será penosa.
 
Convivendo quase que diariamente com tremores de baixo abalo sísmico, mas, não por menos assustadores, Lú conversou com autoridades da ONU, prefeito e a própria população, traçando um painel catártico da trágica situação chilena. Sem estrutura sanitária e vivendo provações com a falta de água, comida e moradias. Nesses dias em que trabalhou como jornalista, Lú lembra que aprendeu a conviver com situações dramáticas e que humanizam qualquer profissional. Famílias desesperadas por causa dos parentes desaparecidos, crianças chorando, as doenças que assolam o local.
 
O foco da jornalista nesse caso foi reportar através de imagens tudo que pode testemunhar, tentar mostrar depois o desespero de um país em reconstrução. Desses registros nasceu a idéia de publicar um livro.
 
Em entrevista ao jornalista Marcos Souza, editor-chefe do Rondoniaovivo, Lú Braga conta um pouco dessa experiência singular em sua vida, do livro que pretende lançar e mais detalhes da exposição de fotos que abre hoje (07/04) no Porto Velho Shopping e se estende até o próximo dia 14.
 
CONFIRA:
 
RONDONIAOVIVO - Como surgiu essa viagem ao Chile e ver de perto a situação trágica pós terremoto que abalou a região costeira daquele país?
 
LÚ BRAGA - Eu tinha acabado de deixar o TJ e procurava novos desafios recebi um convite de uma emissora da Europa para cobrir o Chile. Fiquei com pouco de medo, mas acabei aceitando. Aí fechei com mais uma da África e deu tudo certo. Quando cheguei lá resolvi ficar em na cidade de Concepción, a cidade mais atingida. Foram quase 20 dias por lá e cheguei a sentir muitos tremores naquela região, de baixo impacto, mas assustadores.
 
RONDONIAOVIVO – Você ficou num acampamento? Como foram esses dias no local?
 
LÚ BRAGA – É um "cenário” é de guerra. Fiquei junto com uma equipe de jornalistas da Argentina, Estados Unidos, Canadá e Holanda. Senti muito medo e foram dias cansativos e tristes, vários profissionais de lugares diferentes, línguas diferentes e tinha que se comunicar em espanhol. Vi uma cidade em ruína e testemunhei muitas situações de desespero. Foi uma experiência catártica, mas voltei uma nova Lú Braga,
como pessoa e como profissional.
 
 
RONDONIAOVIVO - Mas me diga, como foram esses dias? Dormir, acordar. Todo dia uma experiência nova?
LÚ BRAGA - Na cidade não tinha onde comprar nada, as lojas estavam fechadas. Comia na rua junto com os chilenos. Eram comidas servidas na praça. Eu via claramente que é um país lindo, mesmo com todos os problemas de assola aquele povo, porém as pessoas estão com depressão, tristes, e isso faz com que sua energia se acabe. Eu começa a trabalhar às 5h30 e terminava por volta das 23h30. Era extenuante, mas eu tinha que fazer valer a pena o sacrifício em reportar a situação em que se encontrava aquela região. Ali fazia muito frio e lembro que faltou água e energia e cheguei  a twittar uma vez quando o chão tremeu, era assustador, pois não sabíamos a que magnitude poderia ser atingido.
 
RONDONIAOVIVO - Quando você teve a idéia de fazer o livro? Foi lá mesmo?
 
LÚ BRAGA - Foi sim, com os dias e os resultados do trabalho nasceu a proposta do livro que vai relatar o que vivi e contará com depoimentos de pessoas que sofreram. Não foi nada muito profissional, na verdade foi uma jornalista que estava vivendo aquela realidade e foi registrando o que via. Não sou fotógrafa, apenas uma jornalista apaixonada pelo o que faz.
 
RONDONIAOVIVO - Que tipo de lições você aprendeu além da profissional?
 
LÚ BRAGA – Quando você olha para os lados e só consegue ver pó começa a pensar, pra que tanto orgulho se a qualquer momento tudo pode acabar? Como o que ocorreu com eles. Vi pessoas que eram ricas comendo na praça junto com pessoas pobres,
vi ricos chorando por ter que passar por aquilo e não ter como voltar as suas vidas de conforto, pois não existe mais conforto.
 
RONDONIAOVIVO - E as crianças? Como elas comportavam em um ambiente tão trágico?
 
LÚ BRAGA - Você chora com os depoimentos das vítimas, daquelas pessoas que perderam casas, família, tudo que elas possuíam de valor, não só material, mas humano também. As crianças choram quando ocorrem os pequenos tremores. Elas passam o dia ouvindo que tudo acabou. Ouvi pessoas falar constantemente que não acreditam mais em Deus. Nossa, é muito forte!
 
RONDONIAOVIVO - Você chegou a acompanhar os procedimentos emergenciais que o governo chileno está tomando diante da magnitude dessa tragédia? Como o país está sendo reconstruído?
 
LÚ BRAGA - Entrevistei o prefeito da cidade, que chorou durante toda a entrevista. Ele disse que não sabe por onde começar. Um representante da ONU me disse em entrevista que estava negociando as doações, mas a população reclama que o governo não está atendendo com deveria, pois falta água, abrigos e comida.
 
RONDONIAOVIVO - A ajuda internacional? Você chegou a ver como anda a distribuição de mantimentos. Se organismos internacionais tem ajudado a população chilena atingida pelo terremoto?
 
LÚ BRAGA - Tem chegado muita ajuda acompanhei uma equipe da Jucum - (Jovens por uma missão), eles trabalham como voluntários e distribuem remédios e também estão ajudando na reconstrução de casas. O que eu vi lá é que o mundo inteiro está enviando roupas, sapatos, comida e remédios, porém mesmo diante dessa ajuda humanitária o prefeito da cidade disse que deve levar uns 4 anos para Concepción voltar a ser feliz, como era antes da tragédia.
 
RONDONIAOVIVO – Como será a exposição no Porto Velho Shopping?
 
LÚ BRAGA - A exposição vai ser bem singela, uma maneira de compartilhar com todos vocês o que vi. São mais de 2 mil fotos, mas na exposição serão 40. Vai ser uma coisa bem simples para o pessoal entender o que realmente ocorreu por lá. Abre hoje, 07, dia do jornalista, às 19h, no primeiro piso do Porto Velho Shopping, próximo a loja Renner, fica até o dia 14 e depois segue para São Paulo e Paraná. O shopping forneceu o espaço, na antiga loja da Couro Fino, e a Uniron está decorando. O resto foi tudo eu.
 
 
RONDONIAOVIVO – Qual o tamanho das fotos?
 
LÚ BRAGA - São tamanho A3, bem simples, coloridas. Tem duas fotos de crianças comendo os produtos do Senai do Pantanal. Os produtos foram criados por jovens de classe baixa que estudam no Senai
 
RONDONIAOVIVO – Qual vai ser a estrutura do livro? Pouco texto e muitas fotos? Qual seria a sua abordagem nesse livro?
 
LÚ BRAGA - Um relato do que vivi e também depoimentos das vítimas e autoridades. São aproximadamente 200 páginas, com fotos e textos. Estou ficando doida, pois estou fazendo tudo sozinha. É uma loucura.  Deve sair edições em espanhol para o Chile e Argentina.
 
RONDONIAOVIVO – Quando começou a trabalhar como jornalista?
 

LÚ BRAGA - Nasci em São Paulo, capital, mas sou graduada pela Fema da cidade de Assis, interior do estado. Cheguei em Rondônia no final de 2004, quando achei o estado na internet e vim sozinha conhecer e voltei depois em 2005. Fiquei por quase um ano e fui morar em Londres até 2007. Depois voltei à Porto Velho para rever os amigos e fui convidada para trabalhar no Tribunal de Justiça de Rondônia, onde fiquei até o começo do ano. Trabalhei com os índios da etnia Karitiana, com o meio ambiente, e confesso que amei trabalhar com eles. O TJ-RO, através da desembargadora Zelite abraçou a causa desenvolvendo projetos de responsabilidade social e eu coordenei, foi um grande desafio trabalhar com índios dentro do judiciário, mas valeu cada minuto.

 

 
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Na sua opinião, qual companhia aérea que atende Rondônia presta o pior serviço?
Você ainda lê jornal impresso?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS