A obra de revitalização do complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré iniciada a cerca de três anos pela Prefeitura de Porto Velho e que se encontra caminhando em “passo de tartaruga” mostra toda a falta de compromisso da atual administração com o patrimônio histórico dos rondonienses.
Em agosto de 2007, para o inicio das obras, foram interditados dois galpões que integravam as áreas de oficina da “ferrovia do diabo”. Num deles, funcionava o Museu da EFMM. Para a referida reforma todas as peças do acervo foram retiradas, sendo levadas para um depósito no porão de um prédio da delegacia fluvial da Marinha Brasileira, as margens do Rio Madeira, num ambiente inadequado e considerado insalubre para acomodação de peças históricas.
Nesta quarta-feira (28), a Marinha do Brasil, com a permissão de uso vencida há quase dois anos, encaminhou ofício a Fundação Iaripuna, dando um prazo de sete dias para retirada das peças do acervo do museu da EFMM do porão do prédio da delegacia fluvial. O ofício nº 454/delPVelho/MB é assinado pelo capitão de corveta Ubirajara Luberiaga Junior. O prazo expira na próxima quarta-feira (4/11).
ENGANANDO A MARINHA
Para a utilização do prédio da Marinha, o gabinete do prefeito de Porto Velho, psicólogo Roberto Eduardo Sobrinho, no oficio 275/2007 datado de 11/06/07 para a Marinha do Brasil, pedia a cessão para a PMPV pelo regime de “permissão de uso” por um prazo de oito meses do andar superior e inferior do Galpão 3 para acomodação do Museu da EFMM enquanto era feita a reforma dos outros galpões.
No acordo, o prefeito de Porto Velho para convencer a Marinha, argumentou que seria de sua “total responsabilidade a reforma necessária do galpão, incluindo os custos decorrentes, estimados em mais de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), bem como as medidas necessárias ao controle, vigilância e administração deste patrimônio”.
Passados quase três anos, nenhuma reforma foi realizada, nenhuma vigilância foi contratada. Cansados da procrastinação do executivo municipal, a Marinha determinou o rompimento do acordo.
Real possibilidade de peças históricas terem sido furtadas
O Jornal Rondoniaovivo denunciou um furto de peças em junho deste ano, encaminhando cópias para o MPF – Ministério Público Federal, que iniciou uma investigação judicial para apurar os fatos. Uma ocorrência policial foi registrada na 1ª delegacia de Polícia Civil. Agora, com a retirada das peças do museu do porão, poderá ser feito um confronto do que realmente existe com o inventário do museu.
O MPF – Ministério Público Federal deve acompanhar o translado das peças, ainda sem um lugar definido para aguardar a lenta reforma executada pela prefeitura de Porto Velho.
Se comprovado o furto, o gestor municipal deve ser processado por improbidade administrativa por ter mentido em convênio com órgão federal, alegando que reformaria e contrataria vigilantes, quando na verdade, tratou com descaso a história de Rondônia, nada fazendo, permitindo assim, com sua omissão, que parte da história da colonização brasileira na Amazônia se deteriorasse ou fosse roubada.
CONFIRA FAC-SIMILE DE OFICIO DA MARINHA
VEJA A FORMA COMO A PREFEITURA DE PORTO VELHO TRANSPORTOU AS PEÇAS DO MUSEU
CONFIRA RECOMENDAÇÃO DO MPF EM RELAÇÃO AS PEÇAS DO MUSEU EFMM