Cassol torce por cassação tardia de modo a fazer de Expedito Júnior o seu substituto - Por Paulo Queiroz

Cassol torce por cassação tardia de modo a fazer de Expedito Júnior o seu substituto - Por Paulo Queiroz

Cassol torce por cassação tardia de modo a fazer de Expedito Júnior o seu substituto - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos
 
 
1 – CASSOL 2014
 
É definitivo. Não há força humana capaz de tirar da cabeça do governador Ivo Cassol (PP) a idéia segundo a qual, na hipótese de que consiga fazer seu sucessor no ano que vem – e nem é preciso dizer do quanto está disposto a se empenhar nisso -, este (o sucessor) necessariamente deverá ser eleito de forma tal que não possa disputar a reeleição em 2014. E a única alternativa capaz de satisfazer essa condição implica em um candidato que dispute a eleição no cargo de governador porquanto, em caso de vitória, este já estará sendo reeleito em 2010, não podendo mais sê-lo na eleição seguinte.
 
Esta é, conforme pragmaticamente raciocina, a maneira que mais possibilidades oferece para tentar manter a unidade do seu grupo em torno de si até 2014. Nesse prazo improrrogável, Cassol planeja empreender uma nova tentativa de escalar o Palácio Presidente Vargas com a expectativa de permanecer por lá até que o ano de 2022 chegue ao seu final. Será que tomou gosto pela coisa?
 
O certo é que, por essa razão, há três peças no tabuleiro do xadrez palaciano a partir das quais, a depender das circunstâncias, Cassol pode executar o próximo lance no rumo da candidatura oficial. Tudo gira em torno do destino que será dado ao seu mandato, ameaçado de cassação na instância final da Justiça Eleitoral. E se o resultado lhe for adverso, do tempo que o incidente requerer para completar seu curso. Há três hipóteses e, para cada uma delas, uma e somente uma peça poderá ser movida de modo a satisfazer a condição de Cassol relativamente a 2014. Senão vejamos:
 
Comecemos pela conjectura mais improvável, que subsiste apenas pela inércia, já que hoje nem o próprio Cassol acredita nela – a de que tudo fique como está. Nesse caso, como vai candidatar-se ao Senado, Cassol permanece no cargo até março (quando expira o prazo de desincompatibilização) e, ao renunciar cumprindo a exigência legal, o vice João Cahulla torna-se, a um só tempo, titular do cargo e, pela razão já exposta, da candidatura oficial em 2010.
 
2 – JÚNIOR E NEODI
 
Esse - nunca é demais lembrar - é o plano idealizado pelo mandatário. Mas é preciso ter em mente que, já nesse momento, o governador poderá ter suas expectativas seriamente contrariadas. Repare o leitor que foi nessa direção (na construção de uma notoriedade a partir de João Cahulla) - e só nessa - que Cassol ficou investindo do início do atual mandato até cair na real e passar considerar a possibilidade de ser cassado. Observe também que Cahulla é o resultado de uma improvisação (chamado às pressas para substituir o ex-prefeito e ex-deputado estadual Carlos Magno – abatido pela “Operação Dominó” - no posto de vice-governador na chapa da reeleição governamental), porquanto o plano cassolista era pilotar o segundo mandato ao lado de um substituto política e eleitoralmente bastante encorpado.
 
O que significa que bem antes de começar o segundo mandato, na hipótese de que o conseguisse, Cassol já pensava em apostar no vice por ocasião da futura sucessão. Caso tudo ocorresse rigorosamente como o planejado, desnecessário enumerar as vantagens da estratégia - entre as mais óbvias, a possibilidade de azeitar a campanha eleitoral de 2014 com os fluídos subjacentes da máquina administrativa do governo.
 
No entanto, não bastasse a “Operação Dominó” tê-lo privado de um vice eleitoralmente denso – obrigando-o a realizar pesados investimentos em Cahulla -, as trapalhadas da campanha terminaram por produzir outro complicador sem tamanho – a iminência de uma cassação, hoje vista assim também por Cassol. Uma possibilidade que chegou a ser pavorosa até ser desconsiderada a hipótese de a 2ª colocada em 2006 (a senadora petista Fátima Cleide) substituir o governante eventualmente defenestrado.
 
Enfim, sabedor de que, se for cassado, o vice vai junto e a sua substituição será procedida pela Assembléia Legislativa, Cassol imediatamente considerou trabalhar por uma alternativa eleitoralmente mais realista. Com esse perfil, torce hoje pelo senador Expedito Júnior (se der tempo) e pelo presidente da ALE Neodi Carlos (se o tempo conspirar contra).
 
3 – CONTRA O TEMPO
 
Como se disse. Expedito Júnior depende de uma corrida envolvendo o tempo. Estava fora do jogo (desse jogo de Cassol) até o TSE noticiar a cassação de Marcelo Miranda (PMDB-TO). Antes disso, o entendimento era o de que na eleição operada pelo Legislativo, só os eleitores (membros da casa) é que poderiam ser votados. Ao noticiar a cassação de Miranda, porém, o site do TSE publicou que qualquer cidadão no uso plenos dos direitos políticos pode participar do pleito.
 
Como a cassação do diploma de Júnior suspende seus direitos políticos por três anos, significa que ele só estará elegível a partir de 15 dezembro, quando a diplomação completa o período. De modo que, se Cassol for cassado, só poderá participar da eleição da ALE se o processo operado pela instituição ocorrer por volta dessa data ou daí em diante.
 
Assim, se tiver de ser cassado, Cassol torce para que o seja do final de agosto em diante. O tempo que espera ganhar de modo que Júnior fique habilitado é obtido por analogia com o caso Marcelo Miranda, que foi cassado em 26 de junho e o acórdão até hoje está por ser publicado. Como só após essa publicação é que abre o prazo para recursos, até que estes sejam julgados demandam cerca de 60 dias. A partir dos quais a ALE terá mais 30 dias para eleger o substituto. Em suma, se a cassação de Cassol ocorrer depois de 15 de agosto, imagina-se que o processo todo só se completará quando dezembro chegar.
 
Nesse caso, Cassol vai tentar fazer com que a ALE eleja Júnior governador. Não é difícil adivinhar por quê. Afora o próprio Cassol, o senador Expedito Júnior é o político que exibe o patrimônio eleitoral mais robusto dentre todos os governistas. Mas, para Cassol, só serve como candidato em 2010 se já for governador. Enfim, se a ALE tiver de eleger um governador antes de Júnior reaver seus direitos, restará a Cassol tentar emplacar Neodi no Presidente Vargas e, depois, na titularidade da candidatura oficial. Mas tem um porém. Com a popularidade em ascensão galopante, Júnior vai querer jogo. Aguarde.
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