Realizada nas Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA, a I Jornada de Medicina de Família e comunidade trouxe para Rondônia, representantes da Sociedade Brasileira de Medicina de família e comunidade (SBMFC) dos estados do Amazonas, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Para diretora de saúde suplementar da Sociedade Brasileira de Medicina de família de e comunidade de São Paulo (SBMFC/SP), irmã Monique Bourget “a Jornada é um marco histórico para esta região. Um momento oportuno para motivar e estimular as pessoas que estão tentando sensibilizar as faculdades, municípios, secretarias da importância da especialidade dentro da estratégia que, o próprio Ministério da Saúde está desenvolvendo que é o programa Saúde da família”.
De acordo com Bourget o projeto de estratégia de saúde de família tem dado resultado. “Pesquisas demonstram que a cada 10% de cobertura de saúde da família a mortalidade infantil baixa 4,1%. Então é um incentivo para os municípios trabalharem dando prioridade de atendimento a hipertensos e diabéticos, gestantes. O médico de família é um especialista que consegue agregar todas estas atribuições com o objetivo de dar uma atenção humanizada e personalizada”.
Monique aproveitou para parabenizar a todos envolvidos na realização do encontro, o esforço dos realizadores e ainda o apoio da FIMCA que está sediando o evento, inclusive a UNIR, que não mediram esforços para que a jornada fosse realizada.
O evento contou também com a participação da presidente da Associação Mineira de Medicina de família e comunidade, Ruth Borges Dias que enfatizou sua satisfação em participar de um evento, que segundo ela é histórico. "Por meio desta jornada pudemos trabalhar a construção do conhecimento dentro da realidade da região norte".
Ruth disse ainda que a participação dos alunos é importantíssima, pois serem o futuro. "Nós o construímos o hoje em cada evento e são eles que farão as mudanças. É difícil pegar um profissional formado numa outra lógica - como a hospitalocentrica, cujo centro é o hospital, parte de atenção terciária, e querer trazê-lo para a atenção primária. Então quando o formamos com esta atenção primária, trabalhando desta forma desde o início, é mais fácil e certamente eles serão melhores médicos".
Para o professor de Medicina da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e um dos palestrantes José Carlos Coutinho, "a Jornada é um dos mais importantes eventos realizados em Rondônia. O programa de saúde da família representa o futuro da saúde no nosso país. Com atendimento primário, pretendemos em longo prazo a resolver os problemas de saúde que assolam o Brasil, principalmente aqui na região norte, uma região que possui enorme potencial de desenvolvimento, e, portanto o programa tem a chance de crescer e se solidificar aqui".
Coutinho ressaltou também a participação dos acadêmicos no evento. "Para os alunos a Jornada oportuniza uma visão global de medicina, principalmente a medicina de família e comunidade, tema do evento". O professor finalizou afirmando que "o país mudou e as pessoas também. Por isso que o ensino superior tem de mudar, principalmente o que forma profissionais para a área da saúde".
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, Gustavo Gusso, representando o Paraná, também participou do evento. Durante sua palestra afirmou que “o rei de Roma tem um médico de família. Ele sabe menos cardiologia de que o cardiologista, mas é o que sabe mais sobre o rei”. Gusso faz sempre essa declaração, quando quer justificar a importância da formação do profissional de saúde que atuará nessa área. Segundo o palestrante “não basta ter uma especialidade médica, como otorrino ou pediatria se não for habilitado em medicina da família”.
“O médico da família tem que se aprofundar nos quarenta problemas de saúde mais freqüentes, entre os quais hipertensão, diabetes e gripe”, esclareceu. Conforme observou, um especialista como no caso de um ortopedista vai se especializar numa área peculiar a sua atuação, como por exemplo, fraturas expostas.
Gustavo lamentou o insignificante número de médicos da família no Brasil com formação especifica para atuar nessa área. Conforme informou, o país conta com 29.300,00 (vinte e nove mil e trezentos) médicos de família e apenas 1.500 (mil e quinhentos) desse contingente passaram pela especialidade necessária para exercer a função. “No estado de Rondônia são apenas dois médicos da família com especialização”, concluiu.