Em Rondônia é assim mesmo... - Por Professor Nazareno

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Foto: Divulgação

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Claro que Rondônia não é o fim do mundo. Mas tem coisas que lembram. Se um turista desavisado tivesse a coragem de andar por este pedaço de Brasil necessitaria entender algumas peculiaridades locais. Qual a localidade deste imenso país que não tem a sua festa do santo padroeiro? Porto Velho tem o santo padroeiro (santa, Nossa Senhora Auxiliadora cujo dia é 24 de maio) mas não tem a festa, não é incrível? Festa mesmo só a Flor do Maracujá que é realizada em junho sem homenagear absolutamente a ninguém. Nem maracujá se produz neste solo provinciano... Mas os absurdos não param por aí. A nossa Semana Santa é comemorada no final de maio ou mesmo em junho sem maiores explicações e com direito até a espetáculos ao ar livre e gordo patrocínio do PT. Neste pedaço de Brasil, prostituta se apaixona pelo cliente, traficante de droga se vicia e professor de História tem religião. Se brincar, professor de Português não saberá escrever um texto e ainda terá problemas com a gramática normativa...

De futebol, o portovelhense gosta. Mas só torce pelos times do sul do país. Genus (sem acento mesmo) e Shallon são alguns representantes da capital no torneio estadual da modalidade. Quem não se sentiria ridículo torcendo por equipes com estes nomes esquisitos? Mas não tem problemas, o futebol de Porto Velho assim como seus “esquadrões” são totalmente descartáveis: só duram um ano aproximadamente e por isto não precisam de torcida nem de torcedores. No próximo campeonato existirão outras equipes com outros nomes não menos estranhos que representarão qualquer quitanda ou taberna da capital. E os habitantes locais, feito cururus, ainda têm o topete de torcer pelos times dos sul do país... eles próprios são os primeiros a avacalhar o falido futebol local. Coitados: vivem de um passado que nem glória tem. Moto Clube, Ferroviário, Flamengo, Botafogo, Ipiranga, etc. etc. Quanta criatividade...

No lado cultural o festival de bizarrices chega até a ser folclórico. Sem dominar uma única palavra do Inglês, grande parte dos comerciantes locais exagera no S’ (apóstrofe) e em muitos casos chegam até a nomear seus estabelecimentos no próprio idioma de Shakespeare. Há até uma linha de ônibus com o pomposo nome de Presidente Roosevelt mesmo que não exista nenhuma rua, praça ou bairro com este nome. Durma-se com um absurdo destes. A sigla do Estado é Ro. Assim consta em todos os mapas, compêndios, livros e atlas. Mas a Companhia de Água e Esgotos do estado que não consegue abastecer seus clientes com água, tem o nome Caerd. Insinuando que a sigla do estado é Rd. Com a única universidade pública local, a Unir, acontece a mesmíssima coisa. Pior é a Fundação Rio-Mar, ligada à Unir. Ou seja, Fundação Rio – Madeira. Por que “Mar”? será que os sábios desta (a) fundação acham que a sigla de Madeira é mar? Rio-Mar é um apelido do rio Amazonas e este nome poderia muito bem figurar em alguma instituição lá no nosso vizinho estado.

Políticos ladrões e corruptos é o que não falta por aqui (por isso acreditar-se que também seja parte integrante do Brasil). Quase os cem por cento dos rondonienses foram favoráveis às construções das hidrelétricas na calha do rio Madeira. Nem se preocuparam com os desastres ambientais que poderiam ser causados. Talvez seja por isto que quase não exista rondoniense nativo defensor do meio ambiente. Os poucos que defendem, são de fora. E nem ligaram para o fato de que a energia gerada não ficará por aqui, entusiasmados e ludibriados que estão pelo pseudo-desenvolvimento que lhes prometeram. Cara de um rondoniense dentro de um Shopping Center é a coisa mais fantástica do mundo, mesmo caindo forro de gesso em suas cabeças, os caipiras locais ficam rindo como hienas comendo carniça. Rondoniense parece mesmo é gostar de miçangas, espelhos e quinquilharias... E gostam também de dar os melhores empregos para os que vêm de fora.

Com apenas meia duzia de vôos para dentro do próprio Brasil, o aeroporto local tem o pomposo nome de Internacional. O módulo hora-aula nas escolas públicas é de um hora (único no país) e os deputados estaduais legislam em cima do calendário letivo do Estado como se não tivessem nada mais a fazer. E parece que não têm mesmo. Por pura incompetência e falta de projetos, devolveram nos últimos dois anos a bagatela de 60 milhões de reais para o Executivo estadual. Dinheiro que poderia ter sido empregado na área da saúde, saneamento básico ou outra área qualquer. Para grande parte dos rondonienses, desenvolvimento são passarelas que caem e matam gente, shoppings centers que desabam o forro, edifícios mal estruturados e hidrelétricas que provocam desastres ambientais e têm pesadas multas do Ministério do Trabalho em seus canteiros de obras. E o que é pior: muitos beiradeiros locais não querem que ninguém fale nada disto. Pobre Rondônia...

*É professor na escola João Bento da Costa em Porto Velho - profnazareno@hotmail.com
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