JIRAU - Executivo do Consórcio se desentende com jornalistas e se recusa a falar de “temas desagradáveis” em jantar à imprensa

JIRAU - Executivo do Consórcio se desentende com jornalistas e se recusa a falar de “temas desagradáveis” em jantar à imprensa

JIRAU - Executivo do Consórcio se desentende com jornalistas e se recusa a falar de “temas desagradáveis” em jantar à imprensa

Foto: Divulgação

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Um desastre entre tantos outros desastres protagonizados até agora pelo Consórcio no Estado. Assim pode ser classificado o arremedo de  entrevista, na noite desta quarta-feira, do engenheiro, economista e estatístico Vitor Paranhos, presidente do Consórcio Energia Sustentável do Brasil, que reúne as empresas Suez Energia, Chesf, Eletrosul e Camargo Corrêa na construção da polêmica Usina Hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira.

Convocada pelo Consórcio, que ofereceu aos jornalistas de Porto Velho um jantar em cujo cardápio constavam medalhões de filé ao molho madeira com champinhons e costelinhas de tambaqui grelhadas*, tudo regado a uísque Johnnie Walker 12 anos, a entrevista de Vitor Paranhos, no restaurante do hotel Aquárius, visava esclarecer aspectos sobre o andamento da obra e denúncias que têm se avolumado contra o Consórcio - as mais recentes são sobre as condições supostamente degradantes dos operários no canteiro de obras.

TROCANDO AS BOLAS

Vitor Paranhos demonstrou não conhecer sequer o rio onde a empresa que ele preside está construindo a Usina. A certa altura da entrevista, ele trocou as bolas e chamou o Madeira  de Rio Tocantins .

O deslize, no entanto, foi apenas um prelúdio do que estava por vir, numa entrevista em que o executivo fez críticas veladas ao governador Ivo Cassol e aos ministérios públicos estadual e federal, além de bater boca com jornalistas e até ser agressivo com um deles,  o representante do site O Observador, devido "à perguntas impertinentes".

Confrontado com questionamentos sobre danos ao meio ambiente, condições de trabalho aviltantes para os “peões” da obra, discriminação da mão-de-obra local para favorecer trabalhadores de outros estados, entre tantos outros temas inconvenientes para o Consórcio, Vitor Paranhos chegou a ser grosseiro com jornalistas a ponto de mandar um deles calar a boca.

O máximo que aceitou esclarecer sobre as condições de trabalho no canteiro de obras foi que a folha de pagamento está a cargo da empresa Camargo Corrêa e que o menor salário pago aos operários seria de cerca de R$ 1.500,00 - três vezes mais, segundo ele, do que a média salarial na construção civil de Rondônia.

TEMAS PROIBIDOS

A partir daí, ficaram  estabelecidos alguns temas tabus para os construtores de Jirau, tais como: condições de trabalho dos operários e  os constantes desastres ambientais protagonizados pelo consórcio, como a mortandade de peixe e o desmatamento ilegal que levou o IBAMA a multar a empresa.

Se fosse para tratar destes temas, advertiu um irritado Vitor Paranhos, ele preferia encerrar a entrevista  ali mesmo. Assessores procuraram botar panos quentes e sugeriram que os repórteres fizessem perguntas “menos impertinentes”, tais como "o que são  ensecadeira, casa de força e  vertedouro", temas técnicos com os quais um desconfortável Vitor Paranhos estaria mais familiarizado. A partir daí a entrevista virou um enfadonho monólogo.

Antes, porém, foi possível aproveitar alguns poucos esclarecimentos sobre Jirau. O Consórcio demonstrou estar preocupado não propriamente com o meio ambiente ( já que vem cometendo uma série de ilegalidades que conduzem a sucessivos desastres ambientais na região da obra), mas sim com uma licença que ainda falta ser expedida pelo IBAMA. A expectativa é que a tal licença seja concedida até meados de abril.

O presidente chegou a admitir que a Usina de Jirau vai afetar uma reserva ambiental estadual, a Rio Vermelho, alagando uma área cuja extensão foi minimizada por ele. Prevendo o desastre, Vitor Paranhos prometeu, a título de compensação por mais esta agressão ao meio ambiente, “comprar e doar para o Estado de Rondônia uma outra área da reserva” para reflorestamento , não de apenas quatro hectares, mas de 15 hectares - isso lá para 2011.

"DESAUTORIZANDO A AUTORIZAÇÃO"

Ele também minimizou a suspensão, pela Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), da autorização ambiental que havia sido concedida ao consórcio no âmbito do Estado. “Essa suspensão não paralisa a obra e não tem qualquer efeito imediato. Até 2011 a gente resolve isso. No nosso entendimento, o Governo do Estado desautorizou o que havia autorizado anteriormente”.

Exibindo um ofício da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em que o superintendente de gestão e estudos hidroenergéticos, Jamil Abid, informa a finalização da análise do projeto básico do aproveitamento hidrelétrico de Jirau, Vitor Paranhos disse que “a ANEEL não é mais problema; falta a ANA, Agência Nacional de Águas, e o IBAMA”, deixando de fora, entre seu rol de preocupações, a Secretaria de desenvolvimento Ambiental de Rondônia.

No documento encaminhado ao Consórcio, Jamil Abid não toca num ponto que tem sido motivo de polêmicas e controvérsias na construção de Jirau: a modificação do local da obra depois que o consórcio havia vencido a licitação do Governo Federal. Especialistas denunciam que   a mudança de 9,2 quilômetros da área inicial foi feita porque o Consórcio Energia Sustentável do Brasil está  interessado somente nos ganhos econômicos e não nos prejuízos que serão causados com a nova construção (saiba mais).

Em seu ofício, o superintendente da ANEEL informa que a análise do projeto básico da Usina, com potência de 3.300 megawatts, foi finalizada nesta quarta-feira (11), “concluindo pelo atendimento às exigências técnicas e normas legais” da Agência.

MULTAS E MAIS MULTAS. E DAÍ ?

Nestas condições, o estudo foi considerado “apto para aprovação”, condicionada, porém, a obtenção de outras duas autorizações institucionais: a Licença Ambiental de Instalação, pelo IBAMA, e a outorga de uso da água, pela ANA.
Até com uma certa sinceridade, o presidente do Consórcio admitiu que questões ambientais não são bem o forte de sua empresa ao relatar algumas decisões que geraram grande  impacto ambiental na região e a conseqüente aplicação de multa, que ele não pretende pagar.

A mais recente devastação da floresta em torno da obra se deu porque, ao seu belprazer, o Consórcio resolveu modificar o local de construção da  barragem para secar parte do rio Madeira (ensecadeira), sob o argumento unilateral e bastante conveniente (para o Consórcio) de que reduziria o impacto sobre a ictiofauna (conjunto das espécies de peixes que existem numa determinada região) e a flora. “É uma solução bem menos impactante que a anterior, mas tivemos que desmatar uma outra área não prevista na licença ambiental”.

Devido a essa “solução bem menos impactante ao meio ambiente”, o Consórcio foi multado em R$ 950 mil. Multa que, segundo um nervoso Vitor Paranhos, o Consórcio não pretende pagar, pois já recorreu.

*O tambaqui servido durante o regabofe oferecido pelo Consórcio Energia Sustentável do Brasil era de criadouro, pois há muito o peixe desapareceu dos rios de Rondônia devido à pesca predatória e aos danos ambientais.
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