Reação contra Sibá passa por sua tentativa de anexar Ponta do Abunã ao Acre em 2004 - Paulo Queiroz

Reação contra Sibá passa por sua tentativa de anexar Ponta do Abunã ao Acre em 2004 - Paulo Queiroz

Reação contra Sibá passa por sua tentativa de anexar Ponta do Abunã ao Acre em 2004 - Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos
 
Por Paulo Queiroz
 
1 – FURDUNÇO SIBÁ
 
Atende pelo nome de Sibá Machado o sarrabulho que mais está dando o que falar neste início de ano nestas margens do Madeira. Conquanto a suspeita seja a de que as estimativas estarão sempre aquém da real magnitude da encrenca, uma idéia sobre as dimensões do vespeiro em que, por exemplo, o deputado federal Eduardo Valverde (PT) inventou de mexer pode ser concebida a partir da quantidade de comentários furiosos postados por internautas nos sites de notícia que divulgaram a ponta mais recente da polêmica e que oferecem essa opção a quem os acessa.
 
No endereço do jornal eletrônico “Tudorondonia”, pelo menos, no momento em que estas estavam sendo batucadas, estava chegando à meia centena a quantidade de “feedbacks” - a esmagadora maioria deles baixando o sarrafo no deputado e, por extensão, no seu protegido e na causa aí envolvida.
 
O pior é que, embora alguns tendam a relevar a questão, não é desproporcional e nem tampouco desarrazoada a reação dessa boa parcela da população rondoniense e da quase totalidade da imprensa do pedaço contra a nomeação do suplente de senador Sibá Machado (PT-AC) para o cargo de representante de Rondônia no Conselho Administrativo (Conad) do consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) – e aqui se chega à raiz da charada.
 
Fosse qualquer outro acreano o titular da indicação, a onda de reclamações – caso eclodisse – certamente não seria tão clamorosa quanto a que está sendo observada, a partir mesmo da representação política local, ora por intermédio do senador Expedito Júnior (PR), ora através do deputado estadual Jesualdo Pires (PSB).
 
O primeiro prometeu questionar o Ministro Edson Lobão, das Minas e Energia, sobre a tal contratação. “Quero saber do Ministro Edson Lobão até onde vai o compromisso dessas empresas na contratação dos membros desse conselho e se elas são responsáveis por essas indicações”, declarou o senador. “Não tenho absolutamente nada contra o Acre ou os acreanos, mas fui eleito para defender meu Estado e disso não abro mão”, acrescentou Expedito.
 
2 – FOGO CERRADO
 
Quanto ao deputado Jesualdo Pires, sua suspeita é a de que o Estado de Rondônia pode estar sendo prejudicado por manobras lobistas praticadas por Sibá Machado visando beneficiar empresas do Acre na participação de serviços nas obras das usinas de Santo Antônio e Jirau. Conforme o deputado, seu gabinete tem sido procurado por empresários rondonienses que, preocupados, denunciaram possíveis manobras de Sibá para beneficiar e fortalecer as empresas do Acre junto aos consórcios responsáveis pela construção das Usinas. A hipótese é a de que Sibá esteja procedendo como um agenciador das empresas acreanas e, com a estratégia, deixando de fora as empresas locais.
 
Não bastasse essa carga de brigadas várias, alguns repórteres de publicações eletrônicas – entre as que a coluna teve acesso, “Rondoniaovivo” e “O Combatente” (este exibindo uma reprodução da portaria) – deram de fuçar o prontuário de Sibá e nem bem a semana havia começado publicaram que, além dos R$ 11 mil que recebe para representar Rondônia no Conad do consórcio ESBR, o suplente de senador também embolsa um troco como assessor especial do Gabinete do Governo do Acre desde10 de junho de 2008, cargo que ocupa na gestão do governador Arnóbio Marques de Almeida Júnior (PT) - o Binho Almeida.

Pois bem. Em meio a esse fogo cerrado, o deputado Eduardo Valverde, conforme nota distribuída por sua assessoria e publicada pelo jornal “O Estadão” (03.02-Pág. 03) e uma pá de sites de notícias, inventou de sair numa defesa para lá de desconexa do petista acreano.
 
Argumenta, lá pelas tantas, que não é desprestígio algum para os locais serem representados por um acreano, porquanto os rondonienses já foram suficientemente prestigiados pelo simples fato de o governo federal ter escolhido o Estado para sediar as usinas. Como se o governo tivesse tomado essa decisão mesmo se as cachoeiras de Jirau e Santo Antônio estivessem em Cabrobó. Depois, como “as obras também afetarão o Acre, pertencente a mesma região, nada mais justo que os acreanos tenham uma participação” etc. e tal.
 
3 – MEMÓRIA HOSTIL
 
Teve leitor que, com base na alegação de Valverde, chegou a postular representações das províncias bolivianas no tal conselho. Nada mais justo, porquanto o país vizinho será muito mais intensa e diretamente afetado pelas usinas do que os conterrâneos de Sibá. Foi maus.
 
Tanta implicância, porém, pouco ou quase nada tem ver com o Acre ou os acreanos. Como bem lembrou o articulista Léo Ladeia, não é de hoje que RO importa técnicos do Acre para atuar no Estado. “No governo Bianco – recordou Ladeia -, o cidadão acreano, morador de Rio Branco, José de Oliveira Vasconcelos, atuou como secretário de Finanças, fez um bom trabalho e não foi hostilizado ou contestado por qualquer político” local. Nada obsta. A atual onda de recalcitrância, no entanto, diz respeito única e exclusivamente a Sibá Machado.
 
Desde que, para servir aos seus fins de subalternidade e dominação, as elites construíram fixaram no imaginário coletivo os conceitos de nação e pátria, nada mexe mais com o brio das populações do que as questões de territorialidade. Não por acaso quase todos os hinos nacionais falam em “morrer pela pátria”. Pois bem.
 
Depois de quase ter ido à guerra em 1989 por conta de uma questão dessa natureza, quando a região da Ponta do Abunã chegou a ser ocupada por forças estaduais para defendê-la da fúria expansionista acreana (a PM-RO registra o episódio como uma das suas glórias), os rondonienses voltaram a ser surpreendidos em 2004 por um Sibá Machado transtornado, vociferando da tribuna do Senado contra um suposto abandono das populações de Extrema e Nova Califórnia pelas autoridades rondonienses. Então, numa reedição do gesto protagonizado pela governadora Iolanda Fleming, pediu a anexação da região ao Acre, chegando a encaminhar um projeto postulando o território para o domínio do seu Estado.
 
Desnecessário dizer qual foi a reação da opinião pública caripuna. Não admira, pois, que a população rondoniense tenha se ouriçado tanto ante a descoberta de que está sendo representada aí por alguém que, segundo valores que lhe são caros, já tentou esbulhá-la. Não admira.
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