29 de janeiro dia do jornalista - por Antonio Roque Ferreira

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Foto: Divulgação

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Contador de estórias

São tantas as atribulações de cada dia que fica difícil prestarmos (ou seria recebermos?) a merecida atenção em como somos (nós, jornalistas) bombardeados por informação. São noticiários no rádio, telejornais, revistas, jornais diários e até, claro, os atuais Web sites, sempre abarrotados de novidades, conhecimentos, cultura, fatos e fotos.

- É... nem sempre paramos para pensar no profissional que está por trás daquele texto bem escrito, que sintetiza várias horas ou dias em alguns parágrafos, que nos dão a perfeita localização no tempo e no espaço, nos transferindo conhecimento suficiente para podermos compreender, opinar e debater os assuntos do nosso interesse.
Poetas do cotidiano
Como disse (e, escreveu) nosso (mestre) colega Marcello Pepe “Ah, sim. Assim (Poetas do cotidiano) deviam ser chamados estes profissionais que poupam o precioso tempo dos leitores, ofertando seus textos bem redigidos em forma de boa literatura para sua degustação.”
- “É bonito quando terminamos a leitura de uma notícia, artigo, press-release, ou entrevista, e pensamos por um instante que estávamos mesmo ao lado desse “contador de estórias”, ouvindo até suas pausas para respiração, suas expressões faciais e corporais.
- “Às vezes, me pego literalmente aplaudindo quando um comentarista como Arnaldo Jabor conclui seu raciocínio se utilizando tão somente das nossas usuais e corriqueiras palavras”, admite Marcello Pepe.
Arquiteto da ortografia
O bom jornalista é aquele que, assim como se faz na construção civil, emprega, da língua Portuguesa (brasileira), os materiais básicos que 99% das pessoas comuns podem compreender, não fazendo disso um trabalho medíocre, mas, sim, emprestando sua arte para fazer com que tijolos, vergalhões, areia, pedra e cimento lingüísticos - nas medidas e proporções corretas - tomem a forma elegante e edificada que encontramos nas informações jornalísticas.
Obediência à lei da Gramática
Como em todo ramo de atividade, nossa língua, também, é regida por leis.
Hildebrando, Aurélio, Bechara. Estes são os juristas que me vêm à mente quando penso nas leis gramaticais e ortográficas do nosso bom Português.
- Mas, como toda norma perde seu valor onde há impunidade, não haveria de ser diferente quando do descumprimento das regras de comunicação em nossa língua. Não há multas, prisão, pontos na carteira, nada. Quem quiser sair por aí, redigindo numa língua que inventou, esqueceu ou não aprendeu, dizendo que sabe ler e escrever em Português, nada de ruim vai lhe acontecer.
 Até mesmo pelo fato que outros tão ou mais ignorantes estarão lá para ler e aceitar a distorção lingüística sem nem perceber a mácula que esta displicência causa ao nosso idioma.
Sine qua non
Fiquei muito satisfeito ao saber que, apesar da grande maioria das universidades particulares ter abolido o exame vestibular para o ingresso de seu corpo discente, as faculdades, ainda, mantém uma prova de redação básica, onde, supõe-se, o candidato será avaliado pela sua capacidade de traduzir em textos seus pensamentos, sentimentos e idéias.
Última geração...de doidos
Das últimas décadas para cá, o homem veio deixando de buscar informações e conhecimentos através da língua escrita para se nutrir de sons e imagens hipnóticas através da televisão.
- É a geração MTV, que, num compreensível círculo vicioso, se tornou cada vez mais ignorante.
Retorno ao passado
Nos últimos anos, empresários, funcionários, estudantes e até donas de casa voltaram compulsoriamente ao hábito da leitura e da escrita. A popularização da comunicação por e-mail fez com que executivos, que usavam suas secretárias para redigir uma simples minuta de reunião ou um comunicado interno, passassem a fazê-lo com suas próprias capacidades.
- O resultado é um misto de sadismo ortográfico com exposição pública das suas particulares deficiências.
E, o pior:
na maioria dos casos, o “redator” (escrevinhador) nem sabe que é motivo de escárnio.
Blog... que blógue?
Ah! E, os famigerados Blogs (corrupção de WebLog – para quem usa, mas, nem sabe do que se trata) que revelam grandes talentos na arte de crucificar nossa gramática. Jovens que não aprenderam para quê servem os acentos, símbolos gráficos, vírgulas, pontos, parêntesis, letras maiúsculas em nomes próprios e no início das sentenças, publicam suas experiências e se expõem publicamente.
Cá com meus botões
Fiquei um pouco amargo neste final de texto, mas, a minha intenção é fazer lembrar do valor que tem um profissional que faz do seu dia-a-dia, uma jornada de resgate e reanimação do sistema de comunicação verbal, mesmo enfrentando a crescente depauperação de sua platéia.
- Lembre-se sempre que, se não puder vencê-los, jamais (mesmo!) junte-se a eles.
- Senhor jornalista, meus parabéns pelo dia 29 de janeiro!
Direito ao esquecimento

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