“Fantástico” destaca devastação causada por cidade na reserva ambiental de Bom Futuro – Confira vídeo
Foto: Divulgação
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Nossos repórteres foram a Rondônia para mostrar uma reserva ambiental que deveria estar intocada. Deveria. Quando chegamos, dois caminhões carregados de toras foram abandonados às pressas na beira da estrada. Mais de três mil pessoas vivem na área. E muitas nem sabem que ali fica uma reserva.
Escola, supermercado, posto de gasolina. Rio Pardo se parece com tantos povoados do interior de Rondônia. Mas acredite: nada disso deveria existir. É que Rio Pardo, onde vivem mais de três mil pessoas, fica dentro de uma área de proteção ambiental.
“Ninguém poderia estar morando aqui dentro. Mas, hoje, a situação se consolidou de uma tal forma que a gente vai ter que buscar uma solução conjunta”, diz George Porto Amorim, coordenador do Ibama.
O povoado fica na Floresta Nacional do Bom Futuro, a maior das quatro florestas nacionais de Rondônia. Criada por lei federal em 1988, a reserva tem cerca de três mil quilômetros quadrados. Área equivalente a três vezes o município de São Paulo.
Segundo o Sipam, o sistema de proteção da Amazônia, o desmatamento já destruiu 28% de toda esta área.
O Fantástico foi até lá para apurar as graves denúncias feitas pelos internautas do portal Globo Amazônia.
“Estão derrubando as árvores e plantando capim” – escreveu um leitor.
Outro fez um pedido:
“Venham, pesquisem e vejam o que está acontecendo. É um absurdo.”
No Globo Amazônia, as denúncias virtuais se transformam em reportagens. Percorremos mais de 200 quilômetros da Floresta do Bom Futuro, junto com equipes do Instituto Chico Mendes e do Ibama. Flagramos inúmeras cenas de destruição nesta área que deveria ser intocável.
- Isso é madeira que está sendo cortada na motosserra para a construção de cercas para pastagem de gado.
A estimativa é de mais de 30 mil cabeças de gado dentro da reserva. Mais adiante, uma situação inusitada: ao suspeitar da nossa chegada, motoristas abandonaram dois caminhões carregados com toras de samaúna. Considerada a rainha da floresta, a samaúna pode alcançar mais de 40 metros de altura.
De acordo com os cálculos dos técnicos do Ibama, o prejuízo só em madeira retirada de lá nos últimos anos ultrapassa os R$ 300 milhões. E eles fazem um alerta: até 2020, pode não restar mais nada da floresta.
- Vamos fazer um controle de todos os acessos, para impedir a extração e o transporte ilegal de madeira.
No relatório do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, divulgado na sexta-feira passada, Rondônia aparece em quarto lugar entre os estados que mais destroem a Amazônia, ficando atrás apenas do Maranhão, do Mato Grosso e do Pará. Na
Floresta do Bom Futuro, onde antes havia árvores, encontramos plantações, principalmente de café e de banana.
- Não pode ter plantação. O senhor sabe disso?
- Agora eu sei. Mas na época que eu entrei aqui eu não sabia não.
Em Rio Pardo, onde se concentra a maioria dos moradores, há quem defenda a ocupação:
“Em 1992 eu entrei e nunca vi uma placa, em canto nenhum dizendo que era reserva”, afirma o agricultor José Souza.
Os agentes do Ibama explicam à comunidade que o desmatamento precisa parar. A garantia é de que, pelo menos por enquanto, não vai ocorrer uma operação policial para a retirada dos moradores.
“A estratégia agora é buscar o entendimento, é buscar propostas para solucionar o problema, este conflito sócio-ambiental que existe na região”, explica Paulo Volnei Garcia, diretor da Floresta do Bom Futuro.
VÍDEO:
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