Porto Velho - O julgamento do governador Ivo Cassol pela justiça eleitoral foi tardio e desnecessário nessa altura do campeonato. Faltando dois anos para o fim do mandato a decisão judicial apenas cria um clima de instabilidade política e social, principalmente no tocante a convocação de novas eleições.
A morosidade da Justiça Eleitoral brasileira é extremamente irritante. Essa é a típica situação que não leva a lugar nenhum, apenas a desgastes e gastos de tempo e de dinheiro, tanto para o tribunal quanto para os réus.
O TRE deveria ter julgado essa ação quando foi feita a denúncia e não dois anos depois do fato. Melhor seria se segurassem para o fim do mandato de Ivo Cassol.
Além do mais o próprio TRE sabe que seria ridículo convocar novas eleições em dezembro. Os partidos acabaram de disputar eleições municipais, estão sem recursos e o eleitorado sem paciência para enfrentar outro pleito que não tem nem candidatos. O eleitor rondoniense também já olha com desconfiança para as decisões da Corte eleitoral local, cujas decisões são sempre revistas em instâncias superiores.
Que o processo possa estar muito bem instruído ou baseado em provas contundentes não é a questão. O cerne da discussão é a confusão institucional causada pela decisão dos nobres magistrados com a decisão.
Um dos desembargadores presentes à sessão de terça-feira estava preocupadíssimo com as eleições em dezembro, porque exatamente nesse período ele vai estar de férias e não vai poder participar do pleito, caso venha a ocorrer. Ao que tudo indica o TRE atrapalhou a vida até mesmo de seus membros.
Analisando essa questão friamente, apenas quem está envolvido nesse processo é que se preocupa se Ivo vai ou não perder o mandato. Ele e Expedito Júnior foram eleitos com maioria esmagadora de votos e os que a justiça alega que foram comprados, não representam 0,1% do total. Isso é que se chama tempestade em copo d´água. Claro que a ilegalidade compromete o processo, mas se a justiça quer realmente punir quem compra votos ou comete algum tipo de irregularidade eleitoral, então que seja rápida e acabe com a montanha de recursos e chincanas jurídicas. Enquanto o processo eleitoral brasileiro continuar fazendo de conta que julga, os políticos vão continuar fazendo de conta que são honestos.
Alan Alex é jornalista