A greve, constitucionalmente, é um recurso legítimo do trabalhador, quando outros canais de negociações deixam de ser utilizados, seja pela radicalização dos empregados, seja pela falta de compreensão da autoridade pública.
A greve, porém, jamais, deve ser um mecanismo de oposição política. Antes, é essencial que se constitua num objeto apartidário de reivindicação lúcida e justa da categoria.
A população rondoniense, em especial, a da capital, vem sofrendo, pacientemente, os transtornos de um movimento paredista no setor educacional, que se arrasta há cinco dias.
Não se pretende, aqui, como pensam certos desavisados, colocar em dúvida a legitimidade do movimento, embora se reconheça que ele peque pelo envolvimento político-partidário, com a participação, cada vez mais freqüente, de politiqueiros de plantão, aproveitadores da boa-fé e do espírito de luta de muita gente.
Ignorando a existência de um caminho mediano, que conduz à solução dos conflitos, os políticos pés de barro acabam deturpando as relações entre o capital e o trabalho.
A greve dos trabalhadores em educação exige das partes em conflito aprofundada reflexão. Não é possível, em sã consciência, que a sociedade, que paga seus impostos, para garantir os meios básicos necessários à própria sobrevivência, com dignidade, seja penalizada de forma cruel e implacável nas contendas salariais.
É claro que o estado tem suas responsabilidades constitucionais nesse contexto. De igual modo, não se pode retirar a responsabilidade, no mínimo, por imaturidade política, da categoria profissional que desencadeou o movimento.
É sabido, e jamais contestado, que não há negociação nem diálogo construtivo se não houver renúncia de ambas os lados.
Os servidores da educação conseguiram, pela intermediação de deputados estaduais, um canal de negociação com o governo.
Isso, evidentemente, revela uma postura mútua de entendimento preliminar, indispensável a quem se propõe ao diálogo.
Acredita-se que, na atual conjuntura, ninguém aposta nem quer o caos. Pelo contrário, todos pretendem a justiça e a dignidade na conclusão e na harmonia do conflito.
A população, que mais sofre, diante dessa pendência trabalhista, merece enxergar a luz no final do túnel. Luz essa, que, certamente, servirá para clarificar as incompreensões e mostrar o horizonte ensolarado da dignidade humana.
A propósito da nota divulgada no site o OBSERVADOR, esclareço, para que se não pairem dúvidas, que minha filha mais velha estuda na escola pública estadual Maria Carmosina Pinheiro.