13 de reflexões - Por Hamilton de Lima e Souza

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Foto: Divulgação

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Isabel, a Redentora, esposa do Conde D’Eu, foi escolhida para assinar a Lei Áurea, uma das que pretendia acelerar o processo de revolução industrial que já havia pipocado na Europa e EUA, mas que teimava em acontecer no território brasileiro. Os mentores intelectuais da revolução industrial e do novo sistema liberal de administração pública e privada sabiam que a escravidão não permitia uma circulação de capitais suficiente para garantir as instituições. Conseguiram seu intento nos EUA com a guerra da secessão, espalharam os ventos libertários pelos países latinos. Mas o intento liberal não foi suficiente para acabar com os múltiplos anos em que a diferença de cor, o etnocentrismo pasteurizado dos europeus principalmente, liberasse as mentes, criando condições sócio-econômicas para que descendentes de indígenas e negros pudessem obter o status de cidadãos numa terra transformada pela colonização predatória, que pouco tinha a ver com identificação de propósitos, gênese patriótica. A assinatura de um documento foi apenas a oficialização de propósitos mercantis, mas tanto os senhores quanto os libertados permaneceram acorrentados a uma cultura de diferenciação, de conflitos não resolvidos. O 13 de maio festivo pouco tem de comemorativo na verdade. Descendentes de negros africanos e indígenas continuam perambulando pela tangência da pobreza do Brasil, cercados pelas forças místicas do neoliberalismo, da globalização incipiente da riqueza e mega-estratificada da miséria. Ainda não conseguiram conquistar os mesmos índices de desenvolvimento dos descendentes de europeus, embora já tenham conquistado algum espaço na sociedade e vencido poucas barreiras do preconceito. As religiões de origem africana ainda são consideradas demoníacas por parte dos cristãos que dominam o cenário político, os negros ainda são apontados como hábeis para o esporte e para a música. O preconceito e a discriminação continuam. A festa da assinatura é apenas mais uma festa. Os costumes da sociedade discriminadora continuam. As cotas da pobreza favorecem todas as cores do Brasil. Bolsa família, bolsa velhice, cotas afro-indígenas, cotas de miséria. Cotas e bolsas que empacotam a miséria maior, a miséria humana, origem de todas as mazelas sociais. Enquanto parte da sociedade discute cotas outra parte continua escrava, dentro ou fora da CLT, atada aos grilhões da economia liberal, que gerou consumistas de todas as cores, escravos de todas as grifes. Não sei bem o que comemorar num dia 13 de maio. Talvez se deva comemorar a estupidez humana, capaz de escravizar, vender corpos e almas. Não existem escravos negros ou brancos. Só existem senhores estúpidos de um sistema que vai gerar destruição em massa. Viva Isabel, viva o PAC, viva o sistema judiciário do Pará.
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