“Eles querem dividir todo o poder com o presidente Neodi de Oliveira, para poder mexer nos contratos, nas licitações, nomear e demitir ocupantes de cargos comissionados, inclusive interferir na distribuição da verba publicitária”. Estas foram palavras do deputado Alex Testoni (PTN – Ouro Preto), publicadas em jornais eletrônicos da capital, ao comentar e condenar a conduta de colegas de parlamento, que, por pouco, não redundou na renúncia do presidente daquela Casa.
Ao tomar conhecimento pela imprensa de que o governador teria mandado os parlamentares “esfriarem a cabeça”, o deputado Amauri dos Santos (PTB – Jaru) afirmou que estava envergonhado. Coitado! Não é o senhor, deputado, que está com vergonha, mas sim, a população rondoniense, pela seqüência de escândalos encenada por membros da ALE.
Teoricamente, o desempenho de um mandato deveria ser um hiato, uma interrupção passageira, na vida de uma pessoal, durante o qual ela se dedicaria, por inteiro, à causa pública.
Por seu caráter especial, essa tarefa teria de ser exercida com um elevado sentido de missão, a cargos daqueles, efetivamente, preparados para cumpri-la.
Num momento em que a população de Rondônia sobrenada em desespero, no mar revolto de dificuldades as mais variadas, afundando e emergindo, de maneira heróica, revoltante e inaceitável, sob todos os aspectos, é a apatia da classe política.
É claro que seria uma injustiça ferretear todos os detentores de mandatos eletivos com o desdouro da avidez onírica, uma vez que ainda há quem adote postura correta e até incensurável.
Mas seria, também, rematada hipocrisia, não reconhecer que, submetidos a um julgamento mais severo, à luz de rígidos padrões éticos, poucos escapariam de uma condenação inapelável.
Concordo, plenamente, com a internauta Bibi, ao comentar a coluna anterior, quando evidencia que a responsabilidade pelo que vem acontecendo, não somente no âmbito do Poder Legislativo de Rondônia, mas, também, em nível federal, é da sociedade.
Tivéssemos um eleitorado mais bem preparado e exigente, a cada eleição, certamente, haveria uma hecatombe de políticos aniquilados pela rejeição popular.
Precisamos destruir as trincheiras da politicagem, acabar com o status quo reinante, fazer com que haja não apenas a revisão de um quadro corrupto, com a abertura de comissões parlamentares de inquéritos, que vão do nada a lugar nenhum, mas uma faxina geral.
Estamos às vésperas de novos pleitos municipais. É imprescindível estabelecer que as carpideiras do servilismo, sequiosas pelo vil mental, em busca de mais e mais corrupção, sejam banidas do mapa político.
Afinal, as barganhas, as venalidades e os conchavos impudicos desintegram e subvertem o espírito da democracia.
O povo não pode ter compaixão de políticos inescrupulosos, que, diante das câmeras de televisão, abominam a corrupção, o nepotismo, o clientelismo, o fisiologismo, a demagogia e tantas outras práticas condenáveis, mas, à surdina, comportam-se de maneira semelhante. Às vezes, até pior.