Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – USINAS VIRTUAIS Acerca do puxa-encolhe em que se transformou o projeto de construção das hidrelétricas de Santo Antônio e do Jirau, a semana terminou com as coisas nesse pé: pelo que indicaram as mensagens oraculares nas entrelinhas das abrasivas noticias produzidas sobre o assunto neste abril rematado, às usinas do Madeira pode estar reservado o mesmo destino dado às pontes que o cruzariam rumo ao Amazonas e ao Acre: após serem exibidas em pleno funcionamento na concepção artística, terminaram por ficar aprisionadas no mundo virtual para nunca mais sair de lá. Entre as diversas mensagens que apontam nessa direção, ao menos três merecem destaque. Primeiro, o vaticínio do engenheiro Célio Bermann, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), segundo o qual o Brasil não tem necessidade de construir mais hidrelétricas para atingir a meta do PAC de aumentar a oferta de energia elétrica em 12.300 megawatts até 2012. Autor de um dos principais capítulos do “Dossiê Energia”, lançado nesta quinta-feira (26) pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, Bermann assegura que a repotenciação (troca de turbinas) das cerca de 70 usinas com mais de 20 anos existentes no país somada a providências para reduzir o desperdício bastaria para atender o PAC. Conforme Bermann, o processo de repotenciação não ocorreu até hoje no país por causa da cultura das megaobras: "Parece que o governo prefere construir grandes usinas, porque elas acabam dando mais visibilidade", disse segundo a “Folha de S. Paulo” desta sexta-feira (27). De acordo com Bermann, com a troca de turbinas, já seriam produzidos cerca de 8.000 megawatts adicionais, o que contempla 60% da meta do PAC. Segundo o governo, as perdas do setor elétrico nacional, desde a transmissão até chegar consumidor, são da ordem de 15%. Para Bermann, se houvesse um esforço para que o desperdício fosse reduzido para 10%, isso já seria suficiente para render outros 4.500 megawatts e fechar a conta. 2 – QUEDAS E ALTA Outra mensagem segundo a qual as usinas do Madeira não são tão cruciais quanto o governo apregoa partiu da jornalista Miriam Leitão, na edição do “Bom Dia Brasil” desta quarta-feira (25). Segundo informou, a decisão sobre a oferta futura de energia é tomada em um leilão. O governo diz quanto vai precisar, os fornecedores inscrevem seus projetos e ganha o melhor preço. Para o leilão deste ano, que vai contratar energia exatamente para a época em que as usinas do Madeira estariam em operação, em 2012, inscreveram-se 205 projetos. Juntos, produziriam seis vezes mais do que as duas hidrelétricas. Ou seja, haveria oferta de energia sobrando na mesma proporção do apetite dos empreiteiros da construção civil em mamar nas tetas do governo. A terceira mensagem diz respeito ao balanço do prestígio das figuras públicas envolvidas no embate que se seguiu à divulgação de que o Ibama negara o licenciamento ambiental para as usinas. De um lado, tirante o julgamento dos rondonienses, o presidente Lula da Silva e os ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) e Dilma Roussef (Casa Civil) saíram do episódio mais tisnados do que os três patetas na cena em que malogram ao tentar desarmar uma bomba. Na outra ponta, mais solitária do que cria de gambá enjeitada, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) teve sua notoriedade catapultada a alturas de que nem ela suspeitou. “Se o estofo de uma figura pública se mede pelo tamanho do Rubicão que ela precisa cruzar, Marina Silva está muito bem servida: seu Rubicão particular é um colosso de 3.352 quilômetros de extensão por 1 quilômetro de largura média, que lança a cada segundo cerca de 29 mil metros cúbicos de água barrenta no rio Amazonas. A travessia da polêmica do rio Madeira significa mais do que a sobrevivência da ministra ou a saúde dos bagres que seu chefe tanto despreza. Significa que o processo de licenciamento ambiental do país (regulamentado por lei, a propósito) não será afogado no turbilhão lamacento da pressão política”. 3 – LUZ NO TÚNEL Para ficar em apenas uma amostra, o texto aí é do editor de “Ciência” do jornal “Folha de S. Paulo”, Cláudio Ângelo, na introdução do artigo em que se alinha entre os céticos quanto à urgência reclamada pelo governo para construir as usinas. Sem falar no grosso da opinião pública, que obnubilada pela histeria coletiva global decorrente do terrorismo produzido pelo aquecimento idem, postou-se claramente ao lado de Marina (é só checar as seções de cartas dos jornais da grande imprensa). Enfim, para não dizer aos que torcem pelas usinas que não há luz no fim do túnel, informe-se que, embora tênue, é possível divisar algo. Resta torcer para que sejam verdadeiras as informações publicadas pela “Folha de S. Paulo” desta sexta-feira, de resto, atribuídas ao resultado de apurações de sua equipe pessoal. De acordo com o jornal, cobrada por Lula da Silva, Marina teria se comprometido com o próprio presidente a resolver o problema. Mas pediu que lhe desse um tempo para a construção de uma saída. Lula pediu pressa, pois considera que as usinas Jirau e Santo Antônio são fundamentais para o êxito do PAC. Segundo a FSP, a concessão de Marina começou a ser costurada em 19 de abril. Nessa data, Dilma Roussef e Silas Rondeau apresentaram ao presidente Lula um cenário sombrio em relação às usinas. Alertaram para o risco de a obra não ser autorizada, pois o parecer do Ibama não concedera licença ambiental. Na reunião da coordenação de governo, na segunda-feira (23), Lula e assessores fecharam o cerco a Marina. Ele a chamou no dia seguinte e disse que queria a licença. Caso contrário, optaria por termelétricas a carvão (muito poluentes) ou aumentaria o investimento em energia nuclear. Marina, então, teria cedido. As modificações no Ibama, que já pretendia fazer, foram aceleradas. Lula disse a Marina que Dilma e Silas lhe mostraram pareceres divergentes do Ibama. Na versão deles, os riscos apontados pelo Ibama podem ser resolvidos. Marina teria concordado. A conferir, pois.
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