Obra de Januário Amaral relata incoerências do Incra em Rondônia

Da Redação

17 de Abril de 2008 às 16:29

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Obra de Januário Amaral relata incoerências do Incra em Rondônia

Foto: Divulgação

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“O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), com sua política verticalizada e inconseqüente, assentou família de colonos em solos extremamente fracos, favorecendo um desmatamento contínuo para, em seguida, abandonar a terra, criando áreas degradadas e encapoeiradas que não são utilizadas nem para pastagens”. A constatação é do professor doutor José Januário de Oliveira Amaral, reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), e está entre as conclusões do seu livro “Os Latifúndios do Incra”, obra que se ocupa dos projetos de assentamento do Incra em Rondônia entre 1980 e 1990 e tem lançamento previsto para esta quarta-feira (18), em noite de autógrafos que terá início às 19h30min, no Aquarius Selva Hotel, em Porto Velho. Resultado da sua tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade de São Paulo (USP), “Os Latifúndios do Incra” será entregue ao público, conforme explica o autor, numa solenidade conjunta - que será completada com a apresentação do livro “Cultura, Leitura e Linguagem: Discursos de Letramentos”, organizado pelas professoras da Unir Neusa dos Santos Tezzari e Nair Ferreira Gurgel do Amaral - esta, por sinal, também responsável pelo texto de apresentação da obra de Januário Amaral. Produzido pela Editora da Universidade Federal de Rondônia (Edufro), o livro “Os Latifúndios do Incra” trata, conforme se poderá ler no resumo que abre a publicação, de demonstrar como a propriedade rural está sendo reconcentrada nas áreas utilizadas pelo Incra para operar a colonização da região, por intermédio de um trabalho de investigação cujo objetivo, segundo Januário Amaral, “foi interpretar o comportamento da malha fundiária nos projetos de assentamento em Rondônia de 1980 a 1990”. Nesse sentido, Januário Amaral afirma que “a tecnoburocracia do Incra sustenta e incrementa o abandono das terras – ou é seu estimulador pela absoluta falta de atuação; deixa, enfim, as coisas acontecerem como se nada tivesse a ver com os fatos, se exime de qualquer atitude, já que distribuiu os lotes, considerando, com isso, a tarefa cumprida”. Para acrescentar em seguida: “Os erros persistem, mesmo sendo conhecidos, e são muitas vezes causados pela ausência de atuação fiscalizadora do Incra”. Para a professora Nair Gurgel, segundo o texto que assina para apresentar a obra, o livro “Os Latifúndios do Incra” é instigante, crítico, direto em suas afirmações, de fácil leitura, capaz de contribuir para uma grande reflexão sobre erros e acertos, além de mostrar o que precisa ser mudado no âmbito da política de ocupação rural do Estado. “São incontestes e não há como olvidar os problemas que perduram em face do modelo executado: impactos consideráveis na natureza, a pobreza e a desassistência da população rural por falta de eficiência nas políticas de gestão pública pelos órgãos responsáveis”, acusa Nair Gurgel. Ao esboçar um perfil sucinto do autor, a professora Nair Gurgel destaca em Januário Amaral “a figura do professor e pesquisador inquieto e incansável em entender e contribuir na solução dos grandes problemas de nosso Estado, sempre colocando de forma corajosa sua visão, sem preocupação de fazer média, agradar ou desagradar, simplesmente”. Para ela, “Os Latifúndios do Incra”, além de se constituir em “mais uma fonte qualificada de informações sobre a ocupação agrária de Rondônia e as alterações ou distorções mais significativas daí decorrentes”, é também “mais uma contribuição do autor, dentre tantas que já tem dado ao Estado de Rondônia e ao meio acadêmico em especial”.

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